“Agradeço ao senhor que chamou o 112”

“Agradeço ao senhor que chamou o 112”


Recém-nascido encontrado no lixo poderá ter alta nos próximos dias. Aguarda-se decisão sobre para onde irá. Luís Pedro Nunes foi o primeiro técnico do INEM a chegar ao local.


Luís Pedro Nunes, de 47 anos, foi o primeiro técnico do INEM a assistir, na tarde de terça-feira, o bebé encontrado num caixote do lixo junto a Santa Apolónia. Ao i, o técnico de emergência pré-hospitalar, com 15 anos de experiência e que conduz uma mota de emergência, explica que o bebé estava numa situação crítica. “Mal ouvi o pedido da central desloquei-me o mais rapidamente possível. Estávamos em hora de ponta, com algum trânsito, mas correu tudo pelo melhor. O meu primeiro agradecimento é para o senhor que ligou para o 112”, diz Luís, sublinhando a importância do gesto perante a fragilidade do recém-nascido.

Esta quinta-feira, a equipa do Hospital Dona Estefânia garantiu que a criança está fora de perigo. “É um bebé saudável”, disse Daniel Virella, da unidade de cuidados intensivos neonatais. Poderá ter alta em 48 horas e foi transferido para a Maternidade Alfredo da Costa, aguardando-se a decisão da Comissão de Proteção de Crianças e Jovens. Na Estefânia precisou de “cuidados quase mínimos”, disse o médico, referindo o trabalho da equipa de emergência que “aqueceu, estabilizou e hidratou a criança”.

Luís Pedro Nunes recordou ao i que o foco foi estabilizar o bebé. Quando chegou ao local, o menino tinha sido embrulhado em peças de roupa por populares. Além do estado de hipotermia, tinha dificuldades respiratórias e uma hemorragia no cordão umbilical, situações que foi possível estabilizar na entrada da discoteca. O bebé nunca perdeu os sentidos. Chegaria depois a viatura médica de emergência e reanimação (VMER) e uma ambulância. Luís fala de um momento intenso em que o trabalho de equipa permitiu um desfecho feliz, num caso especialmente emotivo.

Tanto que, no final do turno, passou pelo hospital. “É o nosso trabalho, mas fiquei preocupado. Queria saber se estava bem. Estava fardado e deixaram-me entrar. Acabaram por me perguntar que nome gostava que lhe fosse dado e respondi Salvador – tenho uma filha, mas gostava de ter tido um rapaz e seria esse o nome. As enfermeiras disseram-me que talvez ficasse, não sei se assim será ou não”.