Em jeito de comparação, pode dizer-se que é o Famalicão do futebol espanhol. Cumpridas dez jornadas da Liga vizinha, o Granada, recém-promovido à primeira divisão do futebol em Espanha, chegou à liderança isolada da prova. Há 46 anos que os nazaríes não conseguiam atingir este feito, que tem contornos ainda mais espetaculares tendo em conta a atual situação do clube da Andaluzia.
Apesar de ter um jogo a mais que Real Madrid e Barcelona, o arranque do clube tem já vários dados dignos de registo, com destaque imediato para Diego Martínez que, aos 38 anos, é o treinador mais jovem da competição.
O técnico espanhol tem estado debaixo dos holofotes pela forma como tem construído a equipa, um plantel que mistura jogadores experientes com novas apostas – e no qual podem ser encontrados dois portugueses, o guarda-redes Rui Silva, indiscutível na baliza do conjunto andaluz, e o defesa central Domingos Duarte.
Martínez tem feito, de resto, um trabalho notável, uma vez que já tinha sido ele o responsável pela promoção do clube ao principal escalão logo no primeiro ano de trabalho.
Antes de chegar ao Granada, no verão de 2018, o espanhol foi adjunto de Unai Emery no Sevilha, em 2014, quando o clube conquistou a Liga Europa, passando depois para o cargo de treinador do Sevilha B, onde esteve durante três épocas. Durante este período, ainda viu o seu nome ser falado como um dos possíveis sucessores de Jorge Sampaoli na equipa principal, em 2017. Contudo, este cenário não se verificou e o espanhol acabou por assumir o comando técnico do Osasuna.
Certo é que a sua liderança não deixa ninguém indiferente, uma vez que o Granada é ainda a equipa mais barata do campeonato vizinho, com um plantel avaliado em 33,5 milhões de euros.
Olhando para o percurso já feito, o clube andaluz soma seis vitórias, duas derrotas e dois empates. Dos dez encontros já disputados destaca-se o triunfo sobre o Barcelona, por 2-0, na quinta jornada, e o empate (4-4) com o Villarreal na prima ronda. As duas derrotas foram diante do Real Madrid, no Bernabéu (4-2), e do Sevilha (0-1).
final perdida como melhor resultado Fundado em 1931, o clube conta com cerca de 11 mil sócios e um estádio, o Nuevo Los Cármenes, com quase 20 mil lugares. Apesar da caminhada incrível feita até agora, o maior feito da história do Granada continua a ser a chegada à final da Copa do Rei de 1959, que perdeu, à data, para o Barcelona, por 4-1. No que diz respeito ao campeonato espanhol, no qual o Granada marca esta época presença pela sexta vez na história do clube, a melhor classificação foi a sexta posição, conseguida por duas vezes, em 1971/72 e 1973/74.
Desde 2016 que o Granada passou a ser controlado pelos chineses da Desports Group, do milionário Jiang Lizhang, que comprou o clube num negócio avaliado em 37 milhões de euros. Além do emblema espanhol, o grupo detém também 5% das ações dos Minnesota Timberwolves (NBA), 60% do capital social dos italianos do Parma, 90% do Chongqing Lifan, da SuperLiga chinesa, e 80% do capital da SAD do Tondela, que adquiriu mais recentemente, em janeiro de 2018.
Apesar do investimento realizado, o clube está longe de ser um daqueles casos de ascensão meteórica à imagem do que se verifica, por exemplo, com as equipas de futebol que são adquiridas pela Red Bull. Neste caso em concreto, a política de contratações é até bastante moderada.
Prova disso foram os menos de 10 milhões de euros dispensados para reforços no último mercado de transferências. Aliás, grande fatia deste bolo serviu mesmo para assegurar o defesa central luso Domingos Duarte, ex-Sporting, que custou três milhões de euros.
Para se ter uma ideia, o jogador mais caro do plantel andaluz é o médio Maxime Gonalons (emprestado pela AS Roma), atualmente avaliado em quatro milhões de euros.
O lema dos nazaríes parece, por isso, ser simples: trabalhar no duro e valorizar sempre o coletivo. “Somos o Granada, uma equipa que acabou de subir para a primeira divisão e que tem de trabalhar muito em cada partida para alcançar uma vitória”, defendeu Martínez.
O treinador promete continuar a todo o gás na prova – tem novo teste agendado já esta quinta-feira, em casa do Getafe, referente à 11.a jornada do campeonato.
Leicester de regresso ao pódio Já por Inglaterra, o Leicester parece que está a reaprender a sorrir. Os foxes seguem na terceira posição na Premier League, com 20 pontos, a dois do City, segundo classificado, e a oito do líder Liverpool.
Ao fim de dez jornadas, regista seis vitórias, dois empates e duas derrotas e ocupa um lugar no pódio, posto que não conhecia desde que conquistou o campeonato inglês pela primeira vez na História.
Campeão de Inglaterra em 2015/16, após ter sido promovido à primeira divisão inglesa em 2013/14, os foxes de Claudio Ranieri continuam a ser a melhor versão da história do clube. À data do feito inédito, o Leicester conseguiu a marca impressionante de terminar a dez pontos do segundo classificado, o Arsenal, e a 11 do terceiro, o Tottenham.
Agora orientado por Brendan Rodgers, o clube sonha levar novo troféu até ao King Power Stadium. Além do único campeonato, o Leicester regista ainda no currículo três Taças da Liga e uma Supertaça de Inglaterra.
Por cá, e como foi referido a abrir este texto, o Famalicão continua como a equipa-surpresa da Liga portuguesa 2019/20.
Liderados por João Pedro Sousa, os famalicenses, que subiram esta época à primeira divisão, seguravam a liderança da prova à passagem da sétima jornada. Perderam, de resto, o primeiro posto na tabela no último fim de semana, com a derrota, por 3-0, no Estádio do Dragão, diante do FC Porto, que passou a liderar, com os mesmos 21 pontos que o Benfica.
Hoje há nova ronda no campeonato, a nona, com o dragão a deslocar-se até à Madeira, onde vai defrontar o Marítimo, e a águia a receber, já à noite, o Portimomense. Em Vila Nova de Famalicão proporciona-se, também durante a noite desta quarta-feira, um duelo entre os dois recém-promovidos à Liga portuguesa, com o terceiro classificado a receber o Gil Vicente. Já na quinta-feira será a vez de o Sporting, quarto classificado, fazer uma viagem até à Capital do Móvel para medir forças com o Paços de Ferreira.