PS. “É inadmissível  que se tenha rasgado um compromisso eleitoral”

PS. “É inadmissível que se tenha rasgado um compromisso eleitoral”


Daniel Adrião critica Costa por deixar cair reforma do sistema eleitoral. Programa de Governo vai ser discutido amanhã e quinta-feira.


O socialista Daniel Adrião considera “incompreensível” e “inadmissível” que o programa de Governo não contemple a reforma do sistema eleitoral para a Assembleia da República. “É inadmissível que se tenha rasgado um compromisso eleitoral que acabou de ser sufragado. É incompreensível que isso possa acontecer”, afirma ao i Daniel Adrião.

O programa eleitoral do PS previa a reforma do sistema eleitoral para a Assembleia da República, introduzindo círculos uninominais. Os socialistas pretendiam promover “o reforço da personalização dos mandatos e da responsabilização dos eleitos, sem qualquer prejuízo do pluralismo”.

A proposta ficou pelo caminho e não consta do programa de Governo. António Costa deixou cair essa parte do programa eleitoral para agradar ao Bloco de Esquerda e ao PCP.

Daniel Adrião, que pertence à comissão política nacional, criticou a decisão de António Costa na última reunião da comissão nacional do PS, no domingo, em Santarém. Ao i, o dirigente socialista considera que não há razões para o PS abandonar esta proposta, porque não fez acordos com nenhum partido e “está livre para implementar o seu programa” eleitoral.

O socialista lembra que Rui Rio está disponível para discutir a reforma do sistema eleitoral e os socialistas deviam aproveitar. “Não houve nenhuma vontade de chegar a acordo. António Costa não está disponível para fazer esta reforma porque o atual sistema permite um controlo muito maior dos diretórios partidários. Os aparelhos partidários perderiam [o poder]”, afirma Daniel Adrião.

A proposta para mexer nas leis eleitorais já tinha sido abandonada em 2015 na sequência dos acordos com os bloquistas e o PCP. António Costa explicou, na reunião da comissão nacional, que teve em conta “as conversas com o Bloco de Esquerda, com o PCP, com o PEV, Livre e PAN” na elaboração do programa do Governo.

Debate no parlamento O programa de Governo vai ser discutido na quarta e quinta-feira. A data foi criticada pelo PSD, com Rui Rio a contestar que os deputados só tenham dois dias úteis para analisar o programa de Governo.

A conferência de líderes do Parlamento decidiu, ontem, que os novos partidos vão ter dez minutos para intervir no debate. O Livre, o Chega e o Iniciativa Liberal vão ter dois minutos e meio na abertura no debate e cinco minutos ao longo do mesmo. No encerramento da discussão, os pequenos partidos contam com dois minutos e meio cada um.

Maria da Luz Rosinha explicou ainda que nenhum dos grupos parlamentares presentes comunicou à conferência de líderes a apresentação de uma moção de rejeição ao programa de Governo do PS.

Gaguez de Joacine A deputada socialista garantiu também que o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, tem “mostrado muito bom senso sempre” em relação à gaguez de Joacine Katar Moreira.

O Livre pediu uma “tolerância de tempo” relativamente às intervenções de Joacine. “Consideramos que para haver um tratamento igualitário e igualdade de oportunidades tem de haver uma tolerância de tempo e tem de ser atribuído o tempo para que a deputada possa expor as suas ideias”, disse, no início deste mês, Paulo Muacho, da direção do Livre.