António Pires de Lima tem o dever político, histórico e moral de se candidatar à liderança do CDS/PP


Vamos directos ao assunto, sem rodeios, nem ambiguidades: o CDS/PP parece hoje uma loja em liquidação total.


1.Nós temos chamado a atenção para as ironias trágicas da vida. Para os crentes que julgam que Deus tem uma predilecção especial para se envolver nestas matérias tão terrenas (não é o nosso caso: Deus tem mais que fazer, no seu tempo intemporal), trata-se de sinais da providência divina: competirá, pois, ao receptores (os Seus seguidores) da mensagem utilizar a sábia inteligência e justa prudência para proceder à correcta interpretação da vontade divina aplicada à política. Esta é a premissa essencial – em termos deveras simplicistas e dispensando o rigor teorético exigível noutras ocasiões – em que se baseia a democracia cristã. Em Portugal, porém, parece que o partido da democracia-cristã ignora tão elementar realidade – ou, pelo menos, não se está mostrando capaz de agir em conformidade com as aspirações divinas. De facto, há que afirmar que a providência divina politicamente empenhada mostra um sentido de humor a roçar a maldade – ou uma maldade a roçar o humor (pelo menos, para alguns). No dia 4 de Outubro, faleceu o Professor Diogo Freitas do Amaral, fundador do CDS/PP; volvidos dois dias, o CDS/PP entrou em coma profundo, parecendo, com muita pena nossa, a caminhar para a sua extinção. Reiteramos: a vida tem coincidências tétricas – e, por muito que custe aos militantes do CDS/PP reconhecê-lo – o Professor Diogo Freitas do Amaral ainda era a alma mater do partido. E sempre o será. Basta contactar com os eleitores tradicionais do partido para se perceber que a primeira figura a que associam o partido é ao Professor de Direito, que marcará a política, a Ciência e o ensino jurídicos para a posteridade. Aliás, Paulo Portas e António Pires de Lima – os quais têm um verdadeiro instinto político matador – já o perceberam: daí ensaiarem agora uma aproximação ao PS, ressuscitando a teoria original do centrismo de Freitas do Amaral.

2.Vamos directos ao assunto, sem rodeios, nem ambiguidades: o CDS/PP parece hoje uma loja em liquidação total. O CDS reúne produtos em stock (ideias soltas e desgarradas) que está tentando vender a preço de saldo a quem quer que esteja interessado – e a Iniciativa Liberal e o Chega agradecem, adquirindo, de forma barata, os artigos mais valiosos do CDS. Veja-se a actualidade político-mediático dos últimos largos dias: o CDS/PP desapareceu dos espaços noticiosos, sendo substituído pela obesidade mórbida do tratamento jornalístico dado ao “Chega” e pelas tentativas (meritórias) de aparecimento da Iniciativa Liberal (em particular, de João Cotrim Figueiredo). Ora, é, no mínimo, triste que um partido histórico, que lutou pela consolidação da liberdade, que permitiu ao espaço declaradamente não socialista integrar e participar plenamente na democracia – esteja remetido hoje a uma situação de descrédito total. E não são os opositores do CDS/PP que têm trabalhado afincadamente para o abaixamento da credibilidade do partido: a sucessão de militantes com experiência política e notoriedade que vieram declarar a sua indisponibilidade para assumir a liderança do partido mostra que ninguém acredita na regeneração do partido. Como é possível que volvidas duas semanas da demissão de Cristas, ainda não haja candidaturas declaradas?

3.Ou seja: num período tão difícil para  a história do partido, os notáveis fugiram ou esconderam-se, sinalizando que a liderança do CDS/PP seria sempre mais um activo tóxico do que um cargo sonhado. Isto só sinaliza descrença no futuro do partido – se nem os militantes e os vultos (seja lá o que isso for) do CDS/PP acreditam no seu sucesso, por que razão haverão os portugueses de acreditar? Pior: para um observador externo, parece que o CDS/PP  não tem passado, nem tem futuro. Não tem passado: as figuras históricas do partido ora já não estão entre nós, ora abandonaram o partido, ora evitam associar-se excessivamente com esta formação partidária. Não tem futuro – porque não aparece ninguém a puxar pelos galões do partido, a mostrar esperança e confiança nos tempos difíceis que e avizinham. Mais: a forma como têm recusado o desafio da liderança do CDS/PP dá a sensação que esta queima…Fala-se muito bem do “Chicão”; ouvimos amiúde acerca das suas qualidades de liderança, tendo até ganho um prémio da Forbes. A verdade é que o Chicão teve um apagão, nos momentos cruciais da campanha eleitoral passada,

4.Dito isto –  e porque o autor das presentes linhas é militante de partido diversa, embora tenha uma enorme admiração pelo CDS/PP -, deixemo-nos de efabulações: tempos difíceis exigem medidas e decisões ousadas, arrojadas e vencedoras. Não se pode ir para uma guerra sem quartel, que será dificílima (como será a próxima temporada para os democratas-cristãos), com um soldado raso; exige-se a liderança de um general de alta patente. Donde, António Pires de Lima tem a obrigação histórica e moral de dizer presente perante os militantes do CDS/PP. É que, com o mesmo desassombro com que Pires de Lima feriu de morte Assunção Cristas, o economista tem o dever de se revelar como uma alternativa construtiva para o futuro do partido – caso contrário, dará a sensação que só aparece para puxar o partido para baixo…Não podemos olvidar que foi António Pires de Lima quem praticamente ditou o futuro de Assunção Cristas quando publicamente minou a sua autoridade na questão dos professores…Ora, quem destrói, tem de mostrar depois que também sabe construir; é, assim,  a vez de António Pires de Lima – que, no nosso entendimento, é o herdeiro mais fiel do portismo, na sua versão actual mais sofisticada – dar o passo em frente e não defraudar o povo centrista…Seria positivo – para o CDS e para a democracia portuguesa – que António Pires de Lima não ficasse conotado com a imagem de alguém que fala muito, manobra muito e bem nos bastidores do partido, mas que, depois, é incapaz de protagonizar um projecto político construtivo para o CDS /PP e para Portugal.

5.Este é o momento em que se saberá quem gosta verdadeiramente do CDS e quem gosta verdadeiramente apenas de si – oxalá António Pires de Lima mostre que gosta muito do CDS /PP e de Portugal. Quem sabe destruir líderes (como fez com Cristas) – todavia, sabe ainda melhor ser líder, formar quadros líderes e afirmar o CDS/PP como partido líder de uma certa direita portuguesa. Se António Pires de Lima disser não à liderança e defraudar, desta forma, as bases centristas – os militantes do CDS poderão virar-se contra o portismo sofisticado…O que não será bom para a candidatura presidencial de Paulo Portas em 2026.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

António Pires de Lima tem o dever político, histórico e moral de se candidatar à liderança do CDS/PP


Vamos directos ao assunto, sem rodeios, nem ambiguidades: o CDS/PP parece hoje uma loja em liquidação total.


1.Nós temos chamado a atenção para as ironias trágicas da vida. Para os crentes que julgam que Deus tem uma predilecção especial para se envolver nestas matérias tão terrenas (não é o nosso caso: Deus tem mais que fazer, no seu tempo intemporal), trata-se de sinais da providência divina: competirá, pois, ao receptores (os Seus seguidores) da mensagem utilizar a sábia inteligência e justa prudência para proceder à correcta interpretação da vontade divina aplicada à política. Esta é a premissa essencial – em termos deveras simplicistas e dispensando o rigor teorético exigível noutras ocasiões – em que se baseia a democracia cristã. Em Portugal, porém, parece que o partido da democracia-cristã ignora tão elementar realidade – ou, pelo menos, não se está mostrando capaz de agir em conformidade com as aspirações divinas. De facto, há que afirmar que a providência divina politicamente empenhada mostra um sentido de humor a roçar a maldade – ou uma maldade a roçar o humor (pelo menos, para alguns). No dia 4 de Outubro, faleceu o Professor Diogo Freitas do Amaral, fundador do CDS/PP; volvidos dois dias, o CDS/PP entrou em coma profundo, parecendo, com muita pena nossa, a caminhar para a sua extinção. Reiteramos: a vida tem coincidências tétricas – e, por muito que custe aos militantes do CDS/PP reconhecê-lo – o Professor Diogo Freitas do Amaral ainda era a alma mater do partido. E sempre o será. Basta contactar com os eleitores tradicionais do partido para se perceber que a primeira figura a que associam o partido é ao Professor de Direito, que marcará a política, a Ciência e o ensino jurídicos para a posteridade. Aliás, Paulo Portas e António Pires de Lima – os quais têm um verdadeiro instinto político matador – já o perceberam: daí ensaiarem agora uma aproximação ao PS, ressuscitando a teoria original do centrismo de Freitas do Amaral.

2.Vamos directos ao assunto, sem rodeios, nem ambiguidades: o CDS/PP parece hoje uma loja em liquidação total. O CDS reúne produtos em stock (ideias soltas e desgarradas) que está tentando vender a preço de saldo a quem quer que esteja interessado – e a Iniciativa Liberal e o Chega agradecem, adquirindo, de forma barata, os artigos mais valiosos do CDS. Veja-se a actualidade político-mediático dos últimos largos dias: o CDS/PP desapareceu dos espaços noticiosos, sendo substituído pela obesidade mórbida do tratamento jornalístico dado ao “Chega” e pelas tentativas (meritórias) de aparecimento da Iniciativa Liberal (em particular, de João Cotrim Figueiredo). Ora, é, no mínimo, triste que um partido histórico, que lutou pela consolidação da liberdade, que permitiu ao espaço declaradamente não socialista integrar e participar plenamente na democracia – esteja remetido hoje a uma situação de descrédito total. E não são os opositores do CDS/PP que têm trabalhado afincadamente para o abaixamento da credibilidade do partido: a sucessão de militantes com experiência política e notoriedade que vieram declarar a sua indisponibilidade para assumir a liderança do partido mostra que ninguém acredita na regeneração do partido. Como é possível que volvidas duas semanas da demissão de Cristas, ainda não haja candidaturas declaradas?

3.Ou seja: num período tão difícil para  a história do partido, os notáveis fugiram ou esconderam-se, sinalizando que a liderança do CDS/PP seria sempre mais um activo tóxico do que um cargo sonhado. Isto só sinaliza descrença no futuro do partido – se nem os militantes e os vultos (seja lá o que isso for) do CDS/PP acreditam no seu sucesso, por que razão haverão os portugueses de acreditar? Pior: para um observador externo, parece que o CDS/PP  não tem passado, nem tem futuro. Não tem passado: as figuras históricas do partido ora já não estão entre nós, ora abandonaram o partido, ora evitam associar-se excessivamente com esta formação partidária. Não tem futuro – porque não aparece ninguém a puxar pelos galões do partido, a mostrar esperança e confiança nos tempos difíceis que e avizinham. Mais: a forma como têm recusado o desafio da liderança do CDS/PP dá a sensação que esta queima…Fala-se muito bem do “Chicão”; ouvimos amiúde acerca das suas qualidades de liderança, tendo até ganho um prémio da Forbes. A verdade é que o Chicão teve um apagão, nos momentos cruciais da campanha eleitoral passada,

4.Dito isto –  e porque o autor das presentes linhas é militante de partido diversa, embora tenha uma enorme admiração pelo CDS/PP -, deixemo-nos de efabulações: tempos difíceis exigem medidas e decisões ousadas, arrojadas e vencedoras. Não se pode ir para uma guerra sem quartel, que será dificílima (como será a próxima temporada para os democratas-cristãos), com um soldado raso; exige-se a liderança de um general de alta patente. Donde, António Pires de Lima tem a obrigação histórica e moral de dizer presente perante os militantes do CDS/PP. É que, com o mesmo desassombro com que Pires de Lima feriu de morte Assunção Cristas, o economista tem o dever de se revelar como uma alternativa construtiva para o futuro do partido – caso contrário, dará a sensação que só aparece para puxar o partido para baixo…Não podemos olvidar que foi António Pires de Lima quem praticamente ditou o futuro de Assunção Cristas quando publicamente minou a sua autoridade na questão dos professores…Ora, quem destrói, tem de mostrar depois que também sabe construir; é, assim,  a vez de António Pires de Lima – que, no nosso entendimento, é o herdeiro mais fiel do portismo, na sua versão actual mais sofisticada – dar o passo em frente e não defraudar o povo centrista…Seria positivo – para o CDS e para a democracia portuguesa – que António Pires de Lima não ficasse conotado com a imagem de alguém que fala muito, manobra muito e bem nos bastidores do partido, mas que, depois, é incapaz de protagonizar um projecto político construtivo para o CDS /PP e para Portugal.

5.Este é o momento em que se saberá quem gosta verdadeiramente do CDS e quem gosta verdadeiramente apenas de si – oxalá António Pires de Lima mostre que gosta muito do CDS /PP e de Portugal. Quem sabe destruir líderes (como fez com Cristas) – todavia, sabe ainda melhor ser líder, formar quadros líderes e afirmar o CDS/PP como partido líder de uma certa direita portuguesa. Se António Pires de Lima disser não à liderança e defraudar, desta forma, as bases centristas – os militantes do CDS poderão virar-se contra o portismo sofisticado…O que não será bom para a candidatura presidencial de Paulo Portas em 2026.