Não está a ser fácil para o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, justificar a retirada das tropas norte-americanas do norte da Síria com que deu luz verde à ofensiva turca. Entretanto – para mitigar as consequências da retirada -, os EUA anunciaram um acordo de cessar-fogo com a Turquia, esta quinta-feira.
Todas as operações militares serão suspensas durante cinco dias, anunciou o vice-Presidente dos EUA, Mike Pence, em Ancara, de forma a permitir “a retirada ordeira” das milícias curdas.
A Câmara dos Representantes votou, esta quarta-feira, uma resolução a condenar o abandono, por parte de Trump, dos aliados curdos, fulcrais na luta contra o Estado Islâmico. E os republicanos aliaram-se aos democratas nesse sentido. Resultado: 354 votos a favor da resolução e apenas 60 contra.
“Acho que o voto – o seu tamanho, mais do dobro dos republicanos votaram contra o Presidente – provavelmente afetou o Presidente. Porque ele estava afetado”, especulou Nancy Pelosi, líder democrata da Câmara dos Representantes, depois de uma reunião com Trump, na sequência do voto.
Trump entrou na guerra de palavras e contou uma versão diferente da de Pelosi, publicando uma fotografia no Twitter onde a líder democrata da câmara baixa aparecia de pé apontando para o Presidente. “ Nancy a ter um colapso nervoso”, escreveu na rede social.
Trump está cada vez mais isolado no Congresso no que toca ao abandono dos aliados curdos. Na quarta-feira, o chefe da Casa Branca reiterou que os curdos “não eram anjos” e que tinham “recebido dinheiro” para combater ao lado dos EUA.
Um tipo de argumento que Trump tem repetido, mas que parece não sensibilizar ninguém. Até um dos seus mais ferozes defensores, o líder republicano do Senado, Mitch McConnell, pronunciou-se contra a decisão do Presidente dos EUA. “Eu certamente que lhe disse pessoalmente, e publicamente, que não concordo com a decisão”, disse McConnell na quarta-feira, antes do voto da Câmara dos Representantes.
Outro desenvolvimento deste episódio foi a divulgação da carta, esta quarta-feira, enviada por Trump ao Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, para mostrar que o chefe da Casa Branca não tinha dado luz verde à ofensiva turca. O documento foi muito criticado pelo seu tom pouco diplomático. Datada de 9 de outubro, a carta apelava a Erdogan para “fazer a coisa certa e humana”: Não seja idiota!”. Segundo fontes da BBC, Erdogan atirou a carta de Trump para o lixo.