Para os honestos e honestamente: Sobre o seu PSD, Cavaco conquistou direito de ter sempre palavra


O mundo mudou, o país mudou e a política mudou. Mas um voto será sempre um voto. Aqui, sobre esta matéria, nem Cristiano Ronaldo conseguiria fintar estas comparações. Inultrapassável.


Não escrevo para analisar resultados eleitorais. Nem sobre os números de mandatos à Assembleia da República ou para ressalvar a melhor ou pior estratégia eleitoral do partido A ou B face à escolha dos portugueses.

Poderia escrever e sobretudo devíamos todos fazer algo palpável – até mais que escrever – sobre os desastrosos mais de 51% de abstenção referentes à recente eleição nacional. Sim, uma nota preocupante e de hoje, fechada a votação nos círculos da emigração, a abstenção em todo o território nacional ascendeu a 51,43%. É um valor recorde em eleições legislativas.

Mas sem abstenções de opinião, há um assunto premente sobre honestidade. Assunto esse que, embora pareça, não é só referente ao PSD, mas é decorrente desta eleição: Aníbal Cavaco Silva.

O ex-líder do PSD, precisamente entre 17 de maio de 1985 e 17 de fevereiro de 1995, falou ao país sobre o que pensa da prestação do Partido Político a que aderiu logo em 1974 por admiração, dizia o próprio, a Francisco Sá Carneiro.

Nestes recentes dias de outubro, após esta declaração do economista algarvio e professor universitário natural de Boliqueime, foram muitos os que se insurgiram contra as palavras de quem foi Presidente da República (2006-2016), Primeiro-ministro (1985-1995) e Ministro das Finanças e do Plano do VI Governo Constitucional, da célebre AD, entre 1980 e 1981.

Realço propositadamente os três maiores cargos públicos para reavivar memórias. Felizmente nem todos precisam deste auxiliar.

Há algo na vida, e que principalmente deveria coexistir de forma simples nas instituições em virtude da sua dinâmica de entrega pessoal em prol de um grupo, que é essencial: A gratidão e reconhecimento.

Aníbal Cavaco Silva deu ao PSD as suas maiores vitórias eleitorais de sempre. Cinco vitórias. Cinco vezes o preferido do povo português e de forma clara.

A primeira em 1985, seguida de duas maiorias absolutas em 1987 (a primeira maioria absoluta a uma força política não coligada, logo com 50,2% dos votos) e outra em 1991. Seguem-se duas vitórias em eleições Presidenciais à primeira volta (portanto, com mais de 50% dos votos) em 2006 e 2011.

São factos. Foi Portugal que escolheu.

Partindo de comparações simples, para termos noção do mérito destas vitórias de Cavaco Silva e do PSD, vejamos números: A 6 de outubro de 2019, o partido mais votado pelos portugueses – o PS liderado por António Costa – teve 1.908.036 votos expressos em urna com 10.810.240 portugueses inscritos para votar.

Aníbal Cavaco Silva liderou um PSD que em 1987, com menos 3 milhões de portugueses aptos a votar (!), alcançou 2.850.784 votos. Já em 1991, com menos 2.5 milhões de portugueses inscritos nos cadernos eleitorais (face a 2019), alcançou ainda um número maior de escolhas no seu projeto: 2.902.351 portugueses do seu lado.

É mais 1 milhão de votos comparativamente a quem votou em António Costa (2.9 milhões versus 1.9 milhões de votos)… e são menos 3 milhões de pessoas a poder votar.

Sobre estes números, é fazermos como dizia o ex-primeiro-ministro socialista António Guterres: “É fazer as contas.”

O mundo mudou, o país mudou e a política mudou. Mas um voto será sempre um voto. Aqui, sobre esta matéria, nem Cristiano Ronaldo conseguiria fintar estas comparações. Inultrapassável.

Dito isto, pelo percurso, que nem sempre foi de vitórias – em 1996 Jorge Sampaio venceu Cavaco Silva nas presidenciais desse ano – há que se ter reconhecimento pela escolha de um país em torno do PSD graças a Aníbal Cavaco Silva.

Mas será obrigatório concordar-se sempre? Não, não é isso. É natural defender-se outras posturas. Mas com razoabilidade e sem limitar a liberdade de opinião de alguém tão influente na história do próprio partido.

Para vermos que o caso do “ex-Presidente que fala sobre o seu Partido” não é virgem com Cavaco Silva (como alguns tentam fazer crer por capricho pessoal ou tática política), recordemos outro ex-Presidente da República e ex-Primeiro-ministro oriundo de um outro partido político: Mário Soares.

Em julho de 2010, já afastado de cargos, o histórico ex-Secretário-Geral do PS e português a quem o povo conferiu várias vitórias também, falava a público do seu partido de sempre. Escrevia e dizia Mário Soares que o PS não tinha debate interno, estava “sem ideologia” e sem “princípios éticos”. Mais tarde, poucos dias depois, voltou a dizê-lo em plenas jornadas parlamentares do PS. Disse. Partilhou. Deu a sua opinião.

Tal como Cavaco, Soares era “apenas” um ex-líder. Tal como Cavaco, Soares manifestava a sua tristeza pela prestação do seu partido de sempre. Tal como Cavaco, Soares também levantou hostes de desagrado por partilhar uma opinião que conquistou por direito, em urna, junto dos portugueses, durante três décadas.

Mas se quisermos mais histórias que confinam à incoerência os atuais críticos de Cavaco Silva, podemos recuperar as declarações de ainda outro ex-Presidente da República, Jorge Sampaio, ao falar em 2014 da “falta de unidade” no seu PS de sempre. Também na altura, infelizmente, muitos foram os que apregoaram que mais valia “estar calado”. Discordo.

São vencedores, que os portugueses escolheram (não são os partidos que mandam, é o povo português), que conquistaram o seu direito de opinião eterno.

Mas hoje, após a declaração de 7 de outubro de Cavaco Silva, falamos diretamente da esfera de militância do PSD.

Para os mais esquecidos, nesta esfera militante deste Partido Político, quem se esquece da discordância que houve sobre a opinião do mesmo Cavaco Silva, a 20 de Fevereiro de 2005, sobre a “boa e má moeda”? Seguramente há alguns que se recordam melhor.

A prova do não esquecimento, e do que marcou tal opinião, foi feita 5 anos depois, em 2010, quando Pedro Santana Lopes referiu no seu discurso no XXXII Congresso Nacional do PSD que "Senhor Presidente da República não levará a mal que eu lhe pergunte daqui: Era esta [Sócrates] a boa moeda?"

Concordou todo o Partido? Não. Mas tanto Cavaco Silva foi livre de se expressar como a seguir Pedro Santana Lopes teve direito de proferir a sua opinião junto das bases do Partido.

Que sempre assim fosse. Sem limitações ou tacticismos. Com verdade e sentimento de opinião.

A história está marcada de opiniões de quem conquistou esse direito: Aníbal Cavaco Silva, Mário Soares, Álvaro Cunhal, Carlos Carvalhas, Paulo Portas, Manuel Monteiro ou Francisco Louçã são exemplos de ex-líderes que nunca deixaram de ter intervenção sobre a vida dos seus partidos.

Então, qual é o espanto com uma nova opinião do ex-líder do PSD? Só por desonestidade intelectual.

Não há comparativos de opinião válida. Não há uma escala para uma opinião mais ou menos válida. Mas há detentores de opinião que viram, no passado, as suas opiniões liderarem a vontade dos portugueses. Essas opiniões, neste caso de Cavaco Silva, merecem respeito.

Haverá sempre o direito ao contraditório. Obviamente.

Consequentemente, haverá sempre uma falange de críticos que se julgam detentores da total razão. Aqueles que hoje referem que o “cimento” eleitoral de uma qualquer geringonça era Pedro Passos Coelho (mas sem ele ganhou António Costa), que uma geringonça nunca duraria mais que dois anos (durou toda a legislatura) ou, agora, que a união das esquerdas é quando Cavaco fala (o mesmo que venceu sempre toda a esquerda com mais de 50% dos votos em quatro atos eleitorais)…

Respeitemos. São opiniões. Como Aníbal Cavaco Silva teve a sua. E fez bem, como Soares fazia sobre o seu PS, em falar do que ajudou a construir.

Aníbal Cavaco Silva é conhecido, e reconhecido, por falar poucas vezes mas ter sempre impacto pelo que diz. Este é mais um caso que vaticina isso mesmo.

Talvez, por ambos serem Algarvios, pense da mesma forma que escrevia o poeta António Aleixo:

“Mesmo que te julguem mouco,

Esses que são teus iguais,

Ouve muito e fala pouco:

Nunca darás troco a mais!”


Para os honestos e honestamente: Sobre o seu PSD, Cavaco conquistou direito de ter sempre palavra


O mundo mudou, o país mudou e a política mudou. Mas um voto será sempre um voto. Aqui, sobre esta matéria, nem Cristiano Ronaldo conseguiria fintar estas comparações. Inultrapassável.


Não escrevo para analisar resultados eleitorais. Nem sobre os números de mandatos à Assembleia da República ou para ressalvar a melhor ou pior estratégia eleitoral do partido A ou B face à escolha dos portugueses.

Poderia escrever e sobretudo devíamos todos fazer algo palpável – até mais que escrever – sobre os desastrosos mais de 51% de abstenção referentes à recente eleição nacional. Sim, uma nota preocupante e de hoje, fechada a votação nos círculos da emigração, a abstenção em todo o território nacional ascendeu a 51,43%. É um valor recorde em eleições legislativas.

Mas sem abstenções de opinião, há um assunto premente sobre honestidade. Assunto esse que, embora pareça, não é só referente ao PSD, mas é decorrente desta eleição: Aníbal Cavaco Silva.

O ex-líder do PSD, precisamente entre 17 de maio de 1985 e 17 de fevereiro de 1995, falou ao país sobre o que pensa da prestação do Partido Político a que aderiu logo em 1974 por admiração, dizia o próprio, a Francisco Sá Carneiro.

Nestes recentes dias de outubro, após esta declaração do economista algarvio e professor universitário natural de Boliqueime, foram muitos os que se insurgiram contra as palavras de quem foi Presidente da República (2006-2016), Primeiro-ministro (1985-1995) e Ministro das Finanças e do Plano do VI Governo Constitucional, da célebre AD, entre 1980 e 1981.

Realço propositadamente os três maiores cargos públicos para reavivar memórias. Felizmente nem todos precisam deste auxiliar.

Há algo na vida, e que principalmente deveria coexistir de forma simples nas instituições em virtude da sua dinâmica de entrega pessoal em prol de um grupo, que é essencial: A gratidão e reconhecimento.

Aníbal Cavaco Silva deu ao PSD as suas maiores vitórias eleitorais de sempre. Cinco vitórias. Cinco vezes o preferido do povo português e de forma clara.

A primeira em 1985, seguida de duas maiorias absolutas em 1987 (a primeira maioria absoluta a uma força política não coligada, logo com 50,2% dos votos) e outra em 1991. Seguem-se duas vitórias em eleições Presidenciais à primeira volta (portanto, com mais de 50% dos votos) em 2006 e 2011.

São factos. Foi Portugal que escolheu.

Partindo de comparações simples, para termos noção do mérito destas vitórias de Cavaco Silva e do PSD, vejamos números: A 6 de outubro de 2019, o partido mais votado pelos portugueses – o PS liderado por António Costa – teve 1.908.036 votos expressos em urna com 10.810.240 portugueses inscritos para votar.

Aníbal Cavaco Silva liderou um PSD que em 1987, com menos 3 milhões de portugueses aptos a votar (!), alcançou 2.850.784 votos. Já em 1991, com menos 2.5 milhões de portugueses inscritos nos cadernos eleitorais (face a 2019), alcançou ainda um número maior de escolhas no seu projeto: 2.902.351 portugueses do seu lado.

É mais 1 milhão de votos comparativamente a quem votou em António Costa (2.9 milhões versus 1.9 milhões de votos)… e são menos 3 milhões de pessoas a poder votar.

Sobre estes números, é fazermos como dizia o ex-primeiro-ministro socialista António Guterres: “É fazer as contas.”

O mundo mudou, o país mudou e a política mudou. Mas um voto será sempre um voto. Aqui, sobre esta matéria, nem Cristiano Ronaldo conseguiria fintar estas comparações. Inultrapassável.

Dito isto, pelo percurso, que nem sempre foi de vitórias – em 1996 Jorge Sampaio venceu Cavaco Silva nas presidenciais desse ano – há que se ter reconhecimento pela escolha de um país em torno do PSD graças a Aníbal Cavaco Silva.

Mas será obrigatório concordar-se sempre? Não, não é isso. É natural defender-se outras posturas. Mas com razoabilidade e sem limitar a liberdade de opinião de alguém tão influente na história do próprio partido.

Para vermos que o caso do “ex-Presidente que fala sobre o seu Partido” não é virgem com Cavaco Silva (como alguns tentam fazer crer por capricho pessoal ou tática política), recordemos outro ex-Presidente da República e ex-Primeiro-ministro oriundo de um outro partido político: Mário Soares.

Em julho de 2010, já afastado de cargos, o histórico ex-Secretário-Geral do PS e português a quem o povo conferiu várias vitórias também, falava a público do seu partido de sempre. Escrevia e dizia Mário Soares que o PS não tinha debate interno, estava “sem ideologia” e sem “princípios éticos”. Mais tarde, poucos dias depois, voltou a dizê-lo em plenas jornadas parlamentares do PS. Disse. Partilhou. Deu a sua opinião.

Tal como Cavaco, Soares era “apenas” um ex-líder. Tal como Cavaco, Soares manifestava a sua tristeza pela prestação do seu partido de sempre. Tal como Cavaco, Soares também levantou hostes de desagrado por partilhar uma opinião que conquistou por direito, em urna, junto dos portugueses, durante três décadas.

Mas se quisermos mais histórias que confinam à incoerência os atuais críticos de Cavaco Silva, podemos recuperar as declarações de ainda outro ex-Presidente da República, Jorge Sampaio, ao falar em 2014 da “falta de unidade” no seu PS de sempre. Também na altura, infelizmente, muitos foram os que apregoaram que mais valia “estar calado”. Discordo.

São vencedores, que os portugueses escolheram (não são os partidos que mandam, é o povo português), que conquistaram o seu direito de opinião eterno.

Mas hoje, após a declaração de 7 de outubro de Cavaco Silva, falamos diretamente da esfera de militância do PSD.

Para os mais esquecidos, nesta esfera militante deste Partido Político, quem se esquece da discordância que houve sobre a opinião do mesmo Cavaco Silva, a 20 de Fevereiro de 2005, sobre a “boa e má moeda”? Seguramente há alguns que se recordam melhor.

A prova do não esquecimento, e do que marcou tal opinião, foi feita 5 anos depois, em 2010, quando Pedro Santana Lopes referiu no seu discurso no XXXII Congresso Nacional do PSD que "Senhor Presidente da República não levará a mal que eu lhe pergunte daqui: Era esta [Sócrates] a boa moeda?"

Concordou todo o Partido? Não. Mas tanto Cavaco Silva foi livre de se expressar como a seguir Pedro Santana Lopes teve direito de proferir a sua opinião junto das bases do Partido.

Que sempre assim fosse. Sem limitações ou tacticismos. Com verdade e sentimento de opinião.

A história está marcada de opiniões de quem conquistou esse direito: Aníbal Cavaco Silva, Mário Soares, Álvaro Cunhal, Carlos Carvalhas, Paulo Portas, Manuel Monteiro ou Francisco Louçã são exemplos de ex-líderes que nunca deixaram de ter intervenção sobre a vida dos seus partidos.

Então, qual é o espanto com uma nova opinião do ex-líder do PSD? Só por desonestidade intelectual.

Não há comparativos de opinião válida. Não há uma escala para uma opinião mais ou menos válida. Mas há detentores de opinião que viram, no passado, as suas opiniões liderarem a vontade dos portugueses. Essas opiniões, neste caso de Cavaco Silva, merecem respeito.

Haverá sempre o direito ao contraditório. Obviamente.

Consequentemente, haverá sempre uma falange de críticos que se julgam detentores da total razão. Aqueles que hoje referem que o “cimento” eleitoral de uma qualquer geringonça era Pedro Passos Coelho (mas sem ele ganhou António Costa), que uma geringonça nunca duraria mais que dois anos (durou toda a legislatura) ou, agora, que a união das esquerdas é quando Cavaco fala (o mesmo que venceu sempre toda a esquerda com mais de 50% dos votos em quatro atos eleitorais)…

Respeitemos. São opiniões. Como Aníbal Cavaco Silva teve a sua. E fez bem, como Soares fazia sobre o seu PS, em falar do que ajudou a construir.

Aníbal Cavaco Silva é conhecido, e reconhecido, por falar poucas vezes mas ter sempre impacto pelo que diz. Este é mais um caso que vaticina isso mesmo.

Talvez, por ambos serem Algarvios, pense da mesma forma que escrevia o poeta António Aleixo:

“Mesmo que te julguem mouco,

Esses que são teus iguais,

Ouve muito e fala pouco:

Nunca darás troco a mais!”