CDS. Dez dias depois  das eleições só há  um candidato à sucessão

CDS. Dez dias depois das eleições só há um candidato à sucessão


Centristas tiveram um dos piores resultados de sempre, mas só Abel Matos Santos assumiu a candidatura. Partido ficou reduzido a 5 deputados.


O CDS reúne-se amanhã em conselho nacional, 11 dias depois das eleições legislativas que se tornaram um pesadelo para o partido. Os centristas passaram de 18 mandatos para cinco, cerca de um terço da equipa, e os números levaram à demissão da presidente democrata-cristã, Assunção Cristas. No encontro de amanhã não é expetável que todos os potenciais candidatos digam que vão a congresso para disputar o cargo, ou seja, João Almeida, Filipe Lobo d’Ávila e Francisco Rodrigues dos Santos, líder da JP.

Oficialmente, só há um candidato à sucessão de Cristas: Abel Matos Santos, porta-voz da Tendência Esperança e Movimento do CDS.

Nos últimos dias tem havido contactos internos, avaliação, ponderação, e somam-se as declarações de interesse, mas só a assinalar quem está fora da corrida. O processo inverso será mais longo, quer pelo tempo até ao congresso – cerca de três meses – quer pelo debate interno geracional e de posicionamento do partido mais à direita para o futuro. O congresso deverá ser na segunda semana de janeiro.

Quem se colocou fora da corrida de imediato foi Pedro Mota Soares, um dos nomes desejados por vários dirigentes para sucederem a Assunção Cristas caso tudo corresse mal. O também antigo ministro da Solidariedade, Trabalho e Segurança Social tem outros planos que não passam pela política neste momento. Pelo menos, até 2022. Mota Soares assume agora a liderança da Associação dos Operadores de Comunicações Eletrónicas (Apritel) para o triénio 2019-2022. O anúncio da escolha foi ontem oficializado em comunicado. “Assumo este cargo com grande entusiasmo, dedicação e sentido de compromisso, com o objetivo de contribuir para destacar a importância social e económica do setor das comunicações eletrónicas em Portugal”, escreveu Mota Soares no referido comunicado.

Adolfo Mesquita Nunes, um dos rostos da ala mais liberal do CDS, também se colocou fora de qualquer corrida interna. Desde o passado mês de março ficou claro que Mesquita Nunes tinha um projeto de vida que não passava por ambições políticas. Pelo menos, para já. Aceitou o cargo de administrador não executivo na Galp e tinha explicado a Assunção Cristas que não pretendia integrar as listas de deputados. Contudo, Mesquita Nunes ainda ajudou Cristas a preparar o programa eleitoral, sendo o coordenador do projeto. Este fim de semana, o também ex-governante foi desafiado por Pires de Lima a avançar para a liderança. Nesse momento, percebeu que era preciso esclarecer que não era candidato a líder do CDS. E fê-lo na rede social Facebook.

Antes, também o eurodeputado Nuno Melo esclareceu que não era concorrente, alertando o CDS para a necessidade não só de se levantar, mas também de sobreviver. E sugeriu que o próximo líder seja deputado.

Entretanto, um dos cinco eleitos do CDS, Telmo Correia, veio esclarecer que não só não era candidato (foi em 2005 e perdeu) como olhava para o partido como “uma espécie de montra de esquina”. Assim, ganha força a candidatura de João Almeida, outro dos cinco deputados eleitos, ainda que o próprio só tenha admitido a ponderação de tal possibilidade. C. R.