Cerca de 20 angolanos protestaram, esta terça-feira, junto à Assembleia Nacional, em Luanda, contra o desemprego em Angola. Apesar de no início da semana já terem sido registadas manifestações pelo mesmo motivo, o dia de hoje marca a abertura do ano legislativo. O presidente angolano, João Lourenço, vai ainda discursar hoje na Assembleia.
Os manifestantes reivindicam os 500 mil empregos prometidos por João Lourenço durante a campanha eleitoral nas eleições de agosto de 2017, que deram a vitória ao cabeça de lista do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA).
Os manifestantes levavam ainda cartazes onde se podia ler ‘A voz do povo é a voz de Deus, exigimos os nossos 500 mil empregos’, ‘A revolta está preparada’ ou ‘Nos veremos em 2022’, ano das próximas eleições gerais em Angola.
Inicialmente, o grupo manteve-se à beira da estrada, a cerca de 100 metros do edifício, onde foi montado um cordão de segurança da polícia. Depois de as autoridades pedirem para os manifestantes saírem do local, os dois grupos envolveram-se numa troca de palavras e, os polícias – que existiam num número superior aos manifestantes – dispersaram os ativistas à força, tendo alguns sido levados em viaturas.
Num comunicado emitido, esta segunda-feira, a Polícia Nacional assegurou que iria empregar “toda a legitimidade para garantir que não haja perturbação da ordem” e “responsabilizar criminalmente os infratores”. No documento assinado pelo Comissário Orlando Bernardo, é ainda relembrado que os cortejos e desfiles só podem acontecer após as 19h, em dias úteis e que as manifestações têm que ser comunicadas previamente, como também realizadas a cem metros dos órgãos de soberania.
Geraldo Dala, um dos organizadores do protesto, disse, esta segunda-feira, em declarações à agência Lusa, não perceber por que razão as manifestações se têm que fazer à noite “num país democrático”. No mesmo dia, contou, à Radio Angola, que foi, juntamente com outros quatro ativistas, chamado ao Comando Provincial de Luanda da Polícia.
O porta-voz acusa as autoridades angolanas de “consumar” um ato “intimidatório”. “Fomos interrogados, proibidos de nos manifestarmos e ameaçados de detenções, caso insistirmos sair à rua”, contou o porta-voz das manifestações.