Salvar a honra do convento


Dez anos passados, porém, Jesus brilha no Brasil a grande altura e Mourinho está desempregado, depois de falhanços sucessivos.


Há dez anos se eu escrevesse que Jorge Jesus era melhor do que José Mourinho, ninguém me levaria a sério. Mourinho era por muitos considerado o melhor treinador do mundo e Jesus dava os primeiros passos no Benfica perante o ceticismo de muitos benfiquistas – para os quais a contratação de Jesus só se justificava pela cumplicidade antiga com Luís Filipe Vieira.
Dez anos passados, porém, Jesus brilha no Brasil a grande altura e Mourinho está desempregado, depois de falhanços sucessivos.

É certo que o início de Jorge Jesus no Rio de Janeiro não foi chegar, ver e vencer. No anterior artigo que aqui escrevi sobre ele, interrogava-me: “Quando voltaremos a ter o verdadeiro JJ?” E sublinhava o seu começo titubeante no Flamengo, com resultados pouco convincentes e um futebol arrastado.
Ora, Jesus parece que me ouviu. E, desde aí, a sua equipa tem vindo num crescendo, estando a um passo de se tornar campeã do Brasileirão e podendo levantar a Taça dos Libertadores, a Champions da América do Sul. É obra!

Jesus tem uma qualidade rara: é capaz de dar a volta às equipas que treina. Quando foi para o Benfica, este arrastava-se há vários anos, ficava em terceiro lugar nos campeonatos e parecia condenado a não voltar às grandes jornadas do passado. Mas logo no primeiro ano, Jesus foi campeão. 
E no Sporting aconteceu quase o mesmo. É certo que não foi campeão, mas apenas por uma unha negra. Bastava o Benfica ter empatado um jogo para Jesus ganhar o título.
Rui Vitória, que lhe sucedeu na Luz, até tem um registo de resultados superior, mas sente-se que não teria tido capacidade para dar a volta à equipa. É mais um homem de continuidade do que de ruturas ou de saltos para a frente.

O sucesso de Jorge Jesus no Brasil acontece numa altura em que os treinadores portugueses no estrangeiro estão na mó de baixo. Depois de um tempo em que surgiam como os melhores do mundo e eram requisitados por clubes de todos os continentes, veio o refluxo.
Mourinho, como se disse, está desempregado; Espírito Santo, depois dos fogachos da época passada, começou esta pessimamente – e só a vitória contra o campeão na jornada passada, ainda por cima em casa deste, lhe terá salvo a pele; Marco Silva, que também já brilhou no campeonato inglês, não sai da cepa torta; e de Leonardo Jardim nem vale a pena falar: tendo chegado a ser campeão no Mónaco, soma agora derrotas atrás de derrotas e está na cauda da classificação. Isto também mostra que os regressos a clubes onde se brilhou não são muito recomendáveis.

Perante este panorama, Jorge Jesus é quem salva nos dias de hoje a honra do convento. Com os treinadores portugueses em baixa, os seus sucessos num país difícil aguentam ainda um pouco a aura de que os técnicos portugueses gozam no mundo do futebol.

Salvar a honra do convento


Dez anos passados, porém, Jesus brilha no Brasil a grande altura e Mourinho está desempregado, depois de falhanços sucessivos.


Há dez anos se eu escrevesse que Jorge Jesus era melhor do que José Mourinho, ninguém me levaria a sério. Mourinho era por muitos considerado o melhor treinador do mundo e Jesus dava os primeiros passos no Benfica perante o ceticismo de muitos benfiquistas – para os quais a contratação de Jesus só se justificava pela cumplicidade antiga com Luís Filipe Vieira.
Dez anos passados, porém, Jesus brilha no Brasil a grande altura e Mourinho está desempregado, depois de falhanços sucessivos.

É certo que o início de Jorge Jesus no Rio de Janeiro não foi chegar, ver e vencer. No anterior artigo que aqui escrevi sobre ele, interrogava-me: “Quando voltaremos a ter o verdadeiro JJ?” E sublinhava o seu começo titubeante no Flamengo, com resultados pouco convincentes e um futebol arrastado.
Ora, Jesus parece que me ouviu. E, desde aí, a sua equipa tem vindo num crescendo, estando a um passo de se tornar campeã do Brasileirão e podendo levantar a Taça dos Libertadores, a Champions da América do Sul. É obra!

Jesus tem uma qualidade rara: é capaz de dar a volta às equipas que treina. Quando foi para o Benfica, este arrastava-se há vários anos, ficava em terceiro lugar nos campeonatos e parecia condenado a não voltar às grandes jornadas do passado. Mas logo no primeiro ano, Jesus foi campeão. 
E no Sporting aconteceu quase o mesmo. É certo que não foi campeão, mas apenas por uma unha negra. Bastava o Benfica ter empatado um jogo para Jesus ganhar o título.
Rui Vitória, que lhe sucedeu na Luz, até tem um registo de resultados superior, mas sente-se que não teria tido capacidade para dar a volta à equipa. É mais um homem de continuidade do que de ruturas ou de saltos para a frente.

O sucesso de Jorge Jesus no Brasil acontece numa altura em que os treinadores portugueses no estrangeiro estão na mó de baixo. Depois de um tempo em que surgiam como os melhores do mundo e eram requisitados por clubes de todos os continentes, veio o refluxo.
Mourinho, como se disse, está desempregado; Espírito Santo, depois dos fogachos da época passada, começou esta pessimamente – e só a vitória contra o campeão na jornada passada, ainda por cima em casa deste, lhe terá salvo a pele; Marco Silva, que também já brilhou no campeonato inglês, não sai da cepa torta; e de Leonardo Jardim nem vale a pena falar: tendo chegado a ser campeão no Mónaco, soma agora derrotas atrás de derrotas e está na cauda da classificação. Isto também mostra que os regressos a clubes onde se brilhou não são muito recomendáveis.

Perante este panorama, Jorge Jesus é quem salva nos dias de hoje a honra do convento. Com os treinadores portugueses em baixa, os seus sucessos num país difícil aguentam ainda um pouco a aura de que os técnicos portugueses gozam no mundo do futebol.