Biotecnologia marinha, um futuro promissor


O presente e o futuro do mar português podem atingir uma maior evolução se as ações de apoio forem centradas no desenvolvimento de projetos multidisciplinares.


A biotecnologia marinha, ainda que presentemente seja uma atividade emergente, tem certamente um futuro promissor, pois é capaz de oferecer respostas inovadoras e sustentáveis para uma sociedade mais responsável.

De facto, a biotecnologia marinha pode oferecer – inclusivamente já vem oferecendo algumas – novas soluções, produtos e serviços para as atividades de saúde e bem-estar (farmacêutica, médicas e cosmética), da energia (biocombustíveis), da indústria (biomateriais industriais), da indústria agroalimentar (novos produtos, suplementos alimentares) e no plano da preservação ambiental (reciclagem, biodegradáveis, exploração controlada e ambientalmente sustentável), entre muitas mais.

A capacidade de resposta que a biotecnologia marinha pode dar à exploração sustentável dos biorrecursos existentes no mar português é infindável, e algo que deve levar-nos a estabelecer ações de política pública do mar estratégicas e estruturantes, assertivas, cooperantes, multidisciplinares, e com a duração certa e o financiamento necessário para o seu sucesso.

Como sabemos, o país tem o território adequado, os recursos vivos e não vivos necessários, recursos humanos altamente qualificados e instituições (centros de I&D e laboratórios) de excelente reputação, com infraestruturas adequadas e amplo conhecimento e saber.

Torna-se, pois, essencial criar as condições para o seu aproveitamento através de uma contínua transferência de conhecimento para a atividade económica, concebendo assim uma indústria mais inovadora, menos poluente, responsável e ambientalmente sustentável.

Mas para tal é necessário estabelecer contratos-programa, parcerias que envolvam centros e laboratórios, investigadores, startups, empresas e organismos públicos, de forma a obter as condições para um processo de inovação constante e de especialização da nossa atividade económica.

Deste modo poderemos gerar novas soluções, produtos e biomateriais, e estaremos a quebrar constrangimentos existentes e resistentes à sua evolução permanente, bem como a aumentar o grau de confiança nestas atividades, e a assegurar um desenvolvimento constante e confiável.

Há estimativas que apontam para que a biotecnologia marítima venha a representar brevemente seis mil milhões de euros a nível global.

Assim, boas ações de política pública do mar português podem ser determinantes para que, no país e na Europa, a biotecnologia marinha assuma um papel determinante na criação de empregos altamente qualificados e seja uma atividade económica geradora de novas oportunidades, de elevado valor de riqueza, diferenciadora quer para o desenvolvimento, quer para o crescimento e consolidação de uma economia azul circular e sustentável.

 

Gestor e analista de políticas públicas

Escreve quinzenalmente à sexta-feira