O CDS/PP, no capítulo intitulado “Um Estado justo e eficiente”, assinala no número 9, sob o rótulo “A Segurança é uma Responsabilidade”, que estamos perante “uma política tributária da coesão e da necessária pacificação das Forças e Serviços de Segurança”. Alerta para as consequências da “banalização da falta de segurança” e considera “incompreensível que os criminosos detidos por crimes graves e em flagrante delito não sejam punidos” – sem tibiezas, concordamos com estas posições.
Ao contrário do que havia feito no passado recente, prossegue apresentando um conjunto de propostas ajustadas e que abordam diversas questões, centradas em três objetivos estratégicos bem construídos e que sintetizamos assim: conceder a prioridade à prevenção e combate ao terrorismo; reforçar efetivos; prevenir, dissuadir e combater com firmeza o crime e adequar as leis ao “país real”.
Na área da segurança interna, consideramos, assim, que o programa eleitoral do CDS/PP é um excelente contributo que consideramos adequado a um partido com ambições de integrar o “arco da governação”.
O mesmo rigor e aprofundamento não é, contudo, tão acentuado na área da defesa nacional onde, sob o título “Não há Estado sem Defesa Nacional”, para além da tradicional e bem construída base doutrinária, explana a necessidade da “consagração constitucional do conceito de Segurança e Defesa” (já por nós várias vezes mencionada), a necessidade de “uma nova atratividade no recrutamento militar” e de se acentuar a “valorização da condição militar”, mas também que o “abandono dos Antigos Combatentes, da proteção dos Militares Deficientes e da sua ligação aos cidadãos” não se pode verificar.
Parabéns ao CDS/PP, pois o seu programa eleitoral é claro, preciso e (principalmente) coerente com o seu passado e responsabilidades, facto que outros – infelizmente – não foram capazes de assumir.
O BE, na senda da sua linha de “coerência” doutrinária (Portugal fora da NATO), exige a retirada das tropas portuguesas do Afeganistão, rejeita todos os cenários de formação do exército europeu e defende a conversão da Base das Lajes num aeroporto plenamente civil, exigindo (!!!) aos Estados Unidos da América indemnizações pelos danos (ambientais e sociais) causados.
O problema deste “bloco” é mesmo… a realidade; se não fosse esta, tudo seria tão fácil…
Na mesma linha, Os Verdes exigem a saída de Portugal da NATO e prometem tudo fazer para a promoção da paz!
Estamos, pois, mais descansados, tal a vitalidade desta força partidária…
O PAN, assumindo-se como partido pacifista, quer a prática de um pacifismo assertivo (!) e rejeita totalmente um exército europeu.
Que conceções tão profundas desta força partidária (aparentemente) em ascensão!
O PCP, no prosseguimento das suas conhecidas posições, assume a necessidade de se “promover a desgovernamentalização das Forças Armadas”, seja lá isso o que for, mas apresentando como novidade que “os políticos não devem interferir nas nomeações de subordinados dos chefes militares” – concordamos com esta última ideia.
Quanto ao resto… mais do mesmo e do habitual.
Relativamente aos “novos atores” que, também aparentemente, podem eleger deputados pela primeira vez: lamentamos que ainda não se conheçam, quando estamos a escrever, as propostas da Iniciativa Liberal para as áreas da governação que temos vindo a analisar.
Quanto ao designado Chega… só aludimos à canção popular: “Ora chega, chega, chega… ora arreda lá para trás”.
Constatamos que o Aliança começa por afirmar que Portugal está livre de ameaças “existenciais”, tecendo depois determinadas considerações que não são admissíveis num Portugal do séc. xxi, tal a sua ingenuidade ou simplicidade de raciocínio.
Avança com propostas “inovadoras” mas polémicas e não sustentadas quanto ao “novo modelo organizacional” que anuncia, afirmando convictamente a constituição de uma “Guarda Marítima” (será costeira?) não militar, a profissionalização (!) do salvamento marítimo, atribuindo essa missão à Proteção Civil, e a intenção de vigiar o espaço marítimo com drones – isto é, muita água e pouca substância.
Com este artigo terminamos a análise, numa “visão a 360o”, das propostas que foram apresentadas nos programas eleitorais das diferentes forças partidárias e que podem sustentar o sentido de voto de cada um dos estimados leitores.
Nestas eleições legislativas, o voto de cada um, para além de ajustado, deve também ser útil.
Atrevemo-nos a relembrar que o voto “é um ato solitário”, efetuado por cada um dos eleitores em absoluto recato, logo liberto de pressões, de compromissos, de paixões e de sondagens.
Em todos os casos deve prevalecer a convicção de cada um, pois tudo o mais são divagações e manipulações.
Vamos refletir e decidir com objetividade e razoabilidade e sem ferir aquilo em que firmemente acreditamos.
O importante são, como sempre, os valores, as referências e a nossas convicções.
Em nome da verdade… desejamos que os resultados eleitorais correspondam às necessidades (atuais e futuras) de Portugal e dos portugueses.
Major-general (reformado)