Falta uma semana para terminar a campanha eleitoral e as sondagens diárias dão uma descida do PS e uma subida do PSD, embora este ainda a uma distância considerável dos socialistas.
Se acreditarmos nas sondagens, o PS ganhará as eleições, mas sem maioria absoluta, o que significa que António Costa terá de construir uma nova ‘geringonça’. Resta saber se com os mesmos partidos da anterior, ou misturando um novo, o PAN.
Tudo depende, como é óbvio, da aritmética eleitoral, isto é, das necessárias contas de somar para construir uma maioria parlamentar que sustente um futuro Governo.
Parece, portanto, claro que uma coligação PSD/CDS está afastada e que a esquerda continuará a dominar a vida política por mais quatro anos.
Por isso, é de considerar uma hipótese que, embora talvez um pouco rebuscada, não deve ser posta de parte.
O eleitorado do centro, que tradicionalmente decide as eleições, preferirá um Governo só do PS, ou a continuação do Bloco e do PCP na esfera do poder?
Uma faixa do eleitorado que tradicionalmente vota PSD, acreditando que o partido não vai ganhar as eleições, pode optar pelo voto útil no PS, para tentar afastar os bloquistas e os comunistas?
É muito significativo também o apoio, ora explícito ora mais discreto, de uma boa parte do patronato ao Governo de António Costa.
Ou, por outro lado, uma faixa de eleitores do PS, mais identificados com a esquerda socialista, pode optar por votar BE ou PCP, para deliberadamente impedir que António Costa tenha o poder absoluto?
Na verdade, apesar de Rui Rio parecer ter ressuscitado nesta reta final, não terá capacidade para conquistar a vitória. Um resultado melhor do que se augurava, já será, para ele, uma pequena vitória e talvez até uma garantia de vida política para mais quatro anos.
Quanto a António Costa, governará com as condições que as eleições ditarem, como já afirmou.
Mas a pergunta fica no ar: entre a esquerda e a direita, quem mais deseja uma maioria absoluta para António Costa?
Jornalista