Costa vs. Rio.  ‘O meu Centeno é melhor que o teu’

Costa vs. Rio. ‘O meu Centeno é melhor que o teu’


No último duelo, Rui Rio acusou o PS de se comportar como se fosse “dono disto tudo”. Costa rejeitou “lições de ética”.


O caso do familygate e as condições dos professores foram alguns dos temas que aqueceram o segundo frente-a-frente, desta vez nas rádios, entre o secretário-geral do PS e o presidente do PSD. Ainda assim, foi a discussão sobre quem é que tem “o melhor Centeno” que marcou o duelo transmitido na manhã desta segunda-feira pela Antena 1, TSF e Renascença.  

O ministro das Finanças surgiu no debate num ataque arriscado de Rui Rio a António Costa com o objetivo de desmontar as “contas certas” do Governo socialista. “O senhor tem o seu Mário Centeno, mas eu também tenho o meu”, começou por puxar o líder social-democrata. Costa não se deixou ficar e, mais tarde, respondeu à provocação: “Mas eu não troco o meu [Centeno] pelo seu, nem os portugueses o trocam”, afirmou, acusando Rio de não ter o seu “Centeno” na lista de candidatos a deputados do PSD para dia 6 de outubro. “Aquele dr. Sarmento que o dr. Rui Rio chama o seu Centeno, nem sequer nas listas de deputado está. E pior, escreveu um livro onde se propunha a eliminar as 35 horas e repor as 40 horas de trabalho na Administração Pública”, destacou. Costa atacou ainda o cenário macroeconómico apresentado no programa eleitoral do PSD, reforçando, em contrapartida, que Centeno era um executivo “de contas certas”. 

Rio contra-atacou tocando na ferida: o ministro “está a prazo”. O líder social-democrata foi mais longe e afirmou ser incerta a permanência de Mário Centeno num futuro Governo. “O seu Centeno está farto do Ministério das Finanças e diz que se o PS ganhar as eleições fica até ser presidente do Eurogrupo, mas depois vai-se embora”, atirou Rio. O dirigente do PS assegurou que “Mário Centeno está plenamente em funções, é candidato a deputado e participou na elaboração do programa do governo”.   

No final do debate, o ex-autarca da Câmara do Porto confirmou aos jornalistas que o seu “Centeno” é Joaquim Sarmento, porta-voz do Conselho Estratégico Nacional do PSD para a área das Finanças Públicas e mandatário nacional da estrutura partidária. 

“lições de ética” Logo nos primeiros minutos o debate aqueceu com a polémica do familygate, com os jornalistas a questionarem ambos os dirigentes sobre a demissão do secretário de Estado da Proteção Civil, Artur Neves, que foi constituído arguido na investigação ao negócio das golas antifumo. Rio não quis fazer uma apreciação em particular sobre o caso, mas não se coibiu de fazer uma uma apreciação global. “O PS desde sempre tem um tique: quando está no poder olha para o Estado como se fosse dono disto tudo”, apontou, acrescentado que o atual Governo não só tem casos de “nomeações de militantes e simpatizantes para altos cargos públicos” como “também dos próprios familiares”. 

O secretário-geral do PS garantiu que a acusação era “absolutamente infundada, defendeu que o familygate era uma “grande confusão” e recusou-se a receber “lições de ética” do social-democrata. “Há uma coisa que no PS não existe: proclamações de banho de ética que depois é à medida do freguês”, frisou recordando que, apesar de não ter “nada a apontar” a Rio, quando este era autarca nomeou para a administração do Rivoli uma irmã do seu vice-presidente, “seguramente porque entendeu que era competente”.Cortando o assunto, o líder do PSD apenas notou que nunca disse que ia dar “lições de ética, mas ia praticar a ética”. 

Concretamente sobre Artur Neves, o primeiro-ministro esclareceu que nunca demitiria alguém  por ser constituído arguido, tendo em conta o “princípio da presunção de inocência”. 

professores A propósito da Educação, Rio voltou a acusar os socialistas de má gestão: “António Costa diz que os professores não podem ganhar mais e que se demite se isso acontecer. Mas se está a meter mais professores com menos alunos, então está a dificultar que os docentes ganhem mais”, acusou. 

O primeiro-ministro discordou notando que Rio chama “má gestão” ao que “é uma questão de justiça”. “Disse que descongelava as carreiras e descongelei as carreiras, mas não digo numa noite que lhes vou dar tudo e Mário Nogueira [líder da Fenprof] sai da Assembleia da República a festejar. Porém, na manhã seguinte, vem dizer que não foi isso o acordado”, declarou Costa. O secretário-geral do PS ainda atacou o PSD, dizendo que as propostas do partido nestas eleições só apresentam “verbas para pagar as progressões automáticas” e não têm “um único tostão a mais para a atualização salarial de nenhum funcionário do Estado”.