Bruno Fernandes, de seu nome completo Bruno Miguel Borges Fernandes, além de ter sido considerado o melhor jogador do campeonato passado, tem sido um jogador sempre em foco desde o início da época. Seja pelo que joga, seja pelo que diz, seja pelos golos que marca, seja pelas faltas que sofre, seja pelas expulsões.
O Sporting admitiu vendê-lo este verão, por precisar de dinheiro, mas ninguém deu o que o clube queria: 70 milhões de euros. Convenhamos que era muito – mas, olhando para outras transferências, nem parecia demasiado.
Até porque, além de ser um ótimo jogador, Bruno Fernandes não regateia esforços em campo. Vem atrás, vai à frente, surge no meio-campo. Tanto defende como remata. Empurra a equipa para diante, quando ela esmorece. Motiva os companheiros. Faz passes de morte que só pedem um encosto.
Não tem tiques de estrela. Não espera que os outros joguem para ele; pelo contrário, é ele que puxa pelos outros.
Mas, por isso mesmo, às vezes exaspera-se. Como eu o compreendo! Terá ficado triste com o facto de não ter sido transferido para Inglaterra, como desejava. Mas sente-se frustrado pelo facto de a equipa onde joga não conseguir acompanhá-lo.
Ter ficado em Alvalade não foi uma boa notícia para ele.
Mas isso não o impediu de continuar a dar o seu melhor, a correr, a esfarrapar-se. Só que está sozinho, a equipa não está ao seu nível. Ele joga muito, mas o Sporting não ganha. Ele faz uma boa jogada, mas vê um companheiro falhar escandalosamente o remate… e a jogada perder-se. Ou vê a defesa cometer erros infantis.
Ora, tudo isso gera insatisfação.
Esta semana, depois de mais uma derrota – desta vez na Liga Europa –, dizia que uma equipa não pode sofrer certos golos que a sua sofreu. A paciência de Bruno para os erros dos colegas começa a esgotar-se.
E depois sofre muitas faltas. Os adversários não o poupam. Está sempre no chão. Mas, quando protesta, leva um amarelo. E quando se revolta e entra mais duro, leva segundo amarelo e é expulso.
Esta pressão começa a ser demais para um homem só.
Primeiro, não ter dado o salto que queria; depois, ter de carregar às costas uma equipa que não ganha; a seguir, ser fustigado pelos adversários; finalmente, sentir-se pouco protegido pelos árbitros…
Na semana passada, após uma expulsão, partiu duas portas do balneário a pontapé. Foi um acesso de raiva – mas revelador, pois mostrou o seu estado de espírito.
Bruno Fernandes sente o tempo a fugir-lhe. De uma forma ou de outra, o Sporting tem de o libertar em janeiro. Caso contrário, torna-se um revoltado. E isso será péssimo para ele e para o clube.