Banalizar os debates é matar as eleições


Em todas as eleições, os debates são um tema. Ou melhor, em todas as eleições, os temas discutidos nos debates têm repercussão mediática e, muitas vezes, as performances dos intervenientes traduzem-se, para o bem e para o mal, em resultados eleitorais. Isto é assim – ou melhor, já foi assim


Nestas eleições, os astros alinharam-se de forma estranha e decidiram que seria uma ótima ideia restringir os debates das legislativas, pelo menos os televisionados, a um frente-a-frente de pouco mais de 30 minutos em que todos debateram com todos. O resultado está à nossa vista: banalizaram os debates e ninguém ligou nenhuma ao que foi dito.

Este modelo tem três problemas graves. Antes do mais, retira a oportunidade aos novos partidos de debaterem olhos nos olhos com o sistema, o que, para além de pateta, roça o inconstitucional. Depois, pela limitação temporal, faz com que nada seja debatido de forma profunda, tornando os debates uma espécie de repositório de sound bites. Por fim, não menos importante, torna-se absolutamente chato para o eleitor comum, que tem mais o que fazer do que passar as noites quentes de final de verão a ver dois marretas a discutirem um com o outro.

Claro que podem dizer-me que não faz sentido haver debates com 19 intervenientes. Mas porque não? Nos Estados Unidos da América há debates das primárias democratas com mais de 20 candidatos. Mais: os mesmos não só têm muita audiência como são absolutamente interativos. Por outro lado, por serem menos debates, estes tornam-se momentos absolutamente fulcrais para a campanha. Momentos que podem mesmo mudar o sentido de voto dos eleitores – porque aí está, há pessoas a vê-los.

A pergunta que devemos agora fazer é simples: a quem beneficia este modelo? Obviamente, a quem está no poder. No meio da confusão mediática de haver debates todos os dias, é mais fácil a defesa dos ataques e torna-se mais difícil haver um escrutínio efetivo da governação. Não sei se a ideia foi do PS mas, caso tenha sido, está de parabéns.

 

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Banalizar os debates é matar as eleições


Em todas as eleições, os debates são um tema. Ou melhor, em todas as eleições, os temas discutidos nos debates têm repercussão mediática e, muitas vezes, as performances dos intervenientes traduzem-se, para o bem e para o mal, em resultados eleitorais. Isto é assim – ou melhor, já foi assim


Nestas eleições, os astros alinharam-se de forma estranha e decidiram que seria uma ótima ideia restringir os debates das legislativas, pelo menos os televisionados, a um frente-a-frente de pouco mais de 30 minutos em que todos debateram com todos. O resultado está à nossa vista: banalizaram os debates e ninguém ligou nenhuma ao que foi dito.

Este modelo tem três problemas graves. Antes do mais, retira a oportunidade aos novos partidos de debaterem olhos nos olhos com o sistema, o que, para além de pateta, roça o inconstitucional. Depois, pela limitação temporal, faz com que nada seja debatido de forma profunda, tornando os debates uma espécie de repositório de sound bites. Por fim, não menos importante, torna-se absolutamente chato para o eleitor comum, que tem mais o que fazer do que passar as noites quentes de final de verão a ver dois marretas a discutirem um com o outro.

Claro que podem dizer-me que não faz sentido haver debates com 19 intervenientes. Mas porque não? Nos Estados Unidos da América há debates das primárias democratas com mais de 20 candidatos. Mais: os mesmos não só têm muita audiência como são absolutamente interativos. Por outro lado, por serem menos debates, estes tornam-se momentos absolutamente fulcrais para a campanha. Momentos que podem mesmo mudar o sentido de voto dos eleitores – porque aí está, há pessoas a vê-los.

A pergunta que devemos agora fazer é simples: a quem beneficia este modelo? Obviamente, a quem está no poder. No meio da confusão mediática de haver debates todos os dias, é mais fácil a defesa dos ataques e torna-se mais difícil haver um escrutínio efetivo da governação. Não sei se a ideia foi do PS mas, caso tenha sido, está de parabéns.

 

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