Há sensivelmente um ano, a jovem ativista ambiental, Greta Thunberg, 16 anos, protestou sozinha à frente do Parlamento sueco segurando uma placa onde se lia: “Greve escolar pelo clima”. Hoje, a sua atividade é amplamente conhecida e as greves escolares pelo clima propagaram-se um pouco por todo o globo, tendo o movimento juntado milhões de estudantes pelo mundo fora em maio. Na sexta-feira, três dias antes da Cimeira do Clima da ONU, inicia-se a Semana Mundial pelo Clima – para exigir medidas concretas de combate às alterações climáticas.
Greta Thunberg foi ao Congresso norte-americano na passada quarta-feira. Numa audiência cheia de ceticismo em relação às alterações climáticas, a jovem não mediu as palavras. “Acordem e enfrentem os factos, a realidade, a ciência”, atirou. “Isto é, acima de tudo, uma emergência, e não é qualquer emergência. Esta é a maior crise que a humanidade alguma vez enfrentou e precisamos de tratá-la em conformidade. Parem de dizer às pessoas que vai ficar tudo bem”.
É habitual, antes de uma audiência do Congresso, enviar uma declaração. Ao invés, Greta Thunberg submeteu o relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, publicado em outubro passado, que demonstrava o aumento da temperatura. “Não quero que me ouçam. Quero que ouçam os cientistas”.
De acordo com o site da Global Climate Strike, as greves pelo clima estão a ser organizadas em 150 países, num total de 4500 protestos. Muita coisa acontecerá. Uns passarão o dia a protestar contra os oleodutos que atravessam as cidades, outros estarão à frente dos bancos que os financiam e das sedes das empresas petrolíferas que lucram com a poluição do planeta, e outros ainda a apelar a uma maior consciencialização das comunidades em relação à emergência climática.
Pela primeira vez, empresas e sindicatos foram convidados a participar na campanha dos jovens pelo clima. Sharan Burrow, secretária-geral da Confederação Sindical Internacional (CSI), confirmou que os seus membros iam juntar-se ao combate. “A solidariedade do movimento sindical está convosco”, anunciou. “Os 200 milhões de membros da CSI em todo o mundo apoiam totalmente a vossa liderança”, disse ainda.
Num vídeo publicado no Guardian com o jornalista George Monbiot, esta quinta-feira, Thunberg apelou à plantação de milhões de árvores para reduzir o dióxido de carbono do ar que respiramos. Com sirenes a tocar, como se se tratasse de um sinal de emergência, a ativista sueca clarifica: “Isto não é um exercício”, começa. “Estamos a viver o início de uma extinção em massa. […] Crianças como eu estão a desistir da sua educação para protestar. Mas nós ainda podemos resolver isto”.
Em Portugal, a Greve Climática Global está marcada para 27 de setembro. Irá juntar várias associações e coletivos “pela justiça climática”, organizando várias mobilizações de Ponta Delgada a Viana do Castelo. As atividades, no entanto, começam hoje.