Um empate em Milão, frente ao Inter, na terça-feira, voltou a encher de orgulho o peito dos adeptos do Slávia de Praga. E, no entanto, estamos a falar de um clube antiquíssimo, fundado em Novembro de 1892, que chegou a dominar a Europa.
Sim, não se enganem. O Slávia pode ser, hoje em dia, um dos parentes pobres da milionária Liga dos Campeões que despreza tibiezas, mas em 1938, venceu aquela que era a maior competição da Europa para clubes, a Copa Mitropa, uma prova que chegou a aglomerar os campeões da maioria dos países do centro do continente, da Áustria e Hungria à Itália e à Jugoslávia, da Roménia e da Suíça à Checoslováquia.
Adiante-se que já em 1930, o Slávia tinha sido finalista da Taça das Nações, um torneio disputado em Genebra com a presença de clubes da Bélgica, da Suíça, da Alemanha, da Hungria, da França, da Itália, da Holanda e, naturalmente, do campeão checo. A derrota no jogo decisivo, face aos húngaros do Ujpest, foi dolorosa (0-3), mas o clube dos rapazes de Praga, que nasceram do entusiasmo de um grupo de estudantes de medicina de Královské Vinohrady (traduzido à letra será Vinhas Reais), um dos distritos da capital da antiga Checoslováquia, não pararam de crescer e de se tornarem cada vez mais competitivos.
De 1928 a 1943, o Slávia transformou-se o maior açambarcador de títulos do seu país: nada menos de 11. No tal ano mágico de 1938, viu-se envolvido numa Copa Mitropa que reunia um total de 16 clubes. Jogos de eliminação directa, a duas mãos. Coube aos checos deslocarem-se a Belgrado, na primeira ronda, para bater o OFK Belgrado por 3-2, repetindo o triunfo em casa: 2-1. Na linha da frente, destacava-se um ponta-de-lança extraordinário chamado Josef Bican, que jogaria nove anos no clube marcando quase 400 golos! Acabaria dramaticamente perseguido pelo regime comunista.
Bican foi enorme contra a Ambrosiana de Itália (actual Inter). Em Praga, os milaneses foram esmagados por 9-0. Em Milão, o resultado foi mais contido. 3-1 para o Slávia. Nas meias-finais, novo adversário italiano, precisamente o campeão, o Génova. Primeira mão difícil, muito difícil: 2-4. Mas uma recuperação notável no encontro da volta: 4-0. O adversário da final, também a duas mãos, foi húngaro. Nem de propósito para uma vingança. Ferencvaros: 2-2 em Praga; 2-0 em Budapeste. O Slávia tornava-se campeão da Europa Central!