“Parece que o Governo português não quer investimento estrangeiro”

“Parece que o Governo português não quer investimento estrangeiro”


Empresária dos Emirados Árabes Unidos está há dois anos à espera do visto gold. SEF diz que os prazos legais estão a ser cumpridos.


“Foi-me dito que demoraria três a seis meses a ter o visto. Passaram dois anos e nada”. É assim que Miray Zaki, uma das mulheres mais influentes do mundo da finança, resume o caos que tem vivido nos últimos tempos para tentar obter um visto gold – uma autorização de residência concedida pelas autoridades portuguesas, mediante a realização de investimento em território nacional. O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) garantiu ao i que os timings legais estão a ser cumpridos.

Como o i noticiou na edição passada, Miray Zaki – que é atualmente a responsável financeira da fundação criada pelo falecido xeque Zayed bin Sultan Al Nahyan, o principal arquiteto dos sete Emirados Árabes Unidos e um dos homens mais poderosos do mundo – começou a investir em Portugal em 2017. Passados dois anos, continua à espera do visto.Questionado pelo i, o SEF não se pronuncia sobre este caso em particular, garantindo apenas que “a instrução dos processos tem decorrido dentro dos prazos legais”.

Em resposta a esta informação, a empresária – que durante dez anos foi uma das principais responsáveis do Abu Dhabi Investment Authority (ADIA), um fundo soberano gerido pelo Governo de Abu Dhabi – aponta o dedo às autoridades portuguesas: “É interessante que digam isso. Se os prazos estivessem a ser cumpridos, eu não estaria há anos à espera”

.“Parece que o SEF e o Governo português não querem investimento estrangeiro nem melhorar a economia”, diz ao i.

Miray Zaki investiu, no final de 2017, num fundo focado no financiamento de pequenas e médias empresas em Portugal e candidatou-se de imediato a um visto gold. Só no final de 2018 é que foi chamada pelo SEF para dar os seus dados biométricos. “Estive 17 dias em Portugal, entre Lisboa, Fátima, Coimbra, Porto, Sintra e Santarém. A 16 de janeiro [de 2019], eu e o meu advogado fomos a Santarém para dar as minhas impressões digitais”, explica a empresária de 36 anos num email dirigido ao SEF a que o i teve acesso. “Infelizmente, até hoje, nem eu nem o meu advogado recebemos quaisquer novidades sobre este caso”, acrescenta.

Recorde-se que, além de estar associada a fundos de investimento dos Emirados Árabes Unidos, Miray Zaki é também cofundadora da companhia aérea de luxo privada norte-americana ZED Aerospace e foi considerada pelo Financial News uma das 100 mulheres mais influentes no mundo da finança nos anos de 2015 e 2016.

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