Pequenos partidos. “Há temas importantes que têm ficado  fora dos debates”

Pequenos partidos. “Há temas importantes que têm ficado fora dos debates”


Fora dos duelos televisivos, ao i, alguns dos partidos sem assento parlamentar esclareceram quais são as suas ideias sobre as matérias já tratadas nos frente-a-frente.


A cinco semanas das eleições, começou a época dos debates televisivos para as legislativas.

Em comparação com os partidos com assento parlamentar – que têm marcados 13 duelos e um debate conjunto – os partidos sem um lugar no Parlamento têm apenas programado uma ida à televisão para uma discussão conjunta no último dia deste mês, na RTP.

Contactos pelo i, alguns dos pequenos partidos apontaram que há matérias relevantes que, até agora, não têm sido abordadas nos duelos já realizados, designadamente, entre Jerónimo de Sousa e António Costa e entre Assunção Cristas e Catarina Martins.

“Há temas importantes que têm ficado fora dos debates, como a divergência de Portugal em relação à Europa e o problema da baixa produtividade no nosso país, por exemplo”, começou por sublinhar ao i Mendo Castro Henriques, presidente do Nós, Cidadãos!.

O líder do partido, que obteve nas últimas legislativas 0,40%, acrescentou que os debates têm “mostrado falta de sentido de futuro”, provando que são “muito táticos” e que não há “um combate sério à precariedade quer das pessoas quer dos ecossistemas”.

Mendo Castro Henrique ainda sublinhou que o problema da natalidade não foi uma questão valorizada até agora e que a sua estrutura partidária, fundada em junho de 2015, tem uma solução “completamente diferente dos outros partidos a pensar no futuro”: “Uma das nossas medidas que apresentamos no nosso programa é baixar em 25% a taxa coletável do IRS para quem tem um filho, 35% para quem tiver dois e assim consecutivamente. Queremos criar famílias start up. Se o Estado ajuda empresas start up, também deve ajudar as famílias no IRS”, argumentou.

 

Justiça não foi falada ‘de propósito’

Se o Nós, Cidadãos! considera que ficaram assuntos por falar nos debates, André Ventura, presidente do Chega, vai mais longe: “Há questões que preocupam muitíssimo os portugueses e quem quer investir em Portugal que ainda não foram faladas, designadamente, relativas à Justiça. Mas foi propositado, claro, porque não interessa aos partidos parlamentares falarem das subvenções vitalícias e dos privilégios que os políticos têm. Este clima de impunidade tem de acabar”, declarou ao i o dirigente do partido que vai pela primeira vez às legislativas e que nas últimas eleições, para o Parlamento Europeu, encabeçou a coligação Basta! que somou 1,49% dos votos.

O líder do Chega ainda notou que, no debate entre o secretário-geral do PCP e o primeiro-ministro, as divergências entre ambos, foram “completamente ensaiadas” porque durante os últimos quatro anos “os comunistas estiveram em silêncio em matéria de política laboral e agora, a semanas das eleições, é que discordam dos socialistas”.

André Ventura explicou que o partido, fundado este ano, quer garantir que a legislação laboral “não se torna num entravo ao investimento” e quer que esta assegure “os mesmos direitos da Função Pública ao setor privado”.

 

Desigualdades e Impostos

Ainda no universo laboral, as desigualdades de género foram uma das matérias abordadas no duelo entre a líder do CDS e a secretária-geral do BE. Sobre este assunto, o Livre referiu ao i que “tem várias propostas para dar resposta a este problema” que não foram pensadas por Assunção Cristas ou Catarina Martins.

“A possibilidade de atribuição de baixa comparticipada a 100% para trabalhadoras grávidas em casos em que a gravidez não seja de risco” e a “criação de um regime de proteção para grávidas ou pais em processo de adoção com contrato a termo certo”, são algumas das ideias que Jorge Pinto, cabeça-de-lista do Livre pelo Porto, propôs sobre esta matéria.

Ainda sobre o mesmo frente-a-frente, o partido liderado por Rui Tavares explicou ao i o que faria diferente na área fiscal, tendo em conta que foi o tema que causou maior fricção entre as duas dirigentes.

“No Livre defendemos que é preciso aumentar as fontes de receitas do Estado e fomentar a redistribuição” começou por dizer o candidato do partido que conseguiu nas últimas legislativas 0,70% dos votos, reforçando que para tal é necessário proceder, entre várias medidas, ao “combate à evasão fiscal”, à “renegociação da dívida pública” e ao reforço fiscal sobre património que não a habitação permanente e sobre as grandes fortunas”, disse ao i o membro do partido que nasceu em 2014.

Contada pelo i, fonte oficial do Aliança disse que o partido não iria “comentar os debates pré-eleitorais no atual modelo”, considerando que, como é de conhecimento público, “o Aliança considera uma injustiça que estes debates só se realizem entre partidos com assento parlamentar”.

 

Estreias nas legislativas

O Aliança, o Iniciativa Liberal e o Chega, são os três partidos que se estreiam nestas eleições para o hemiciclo.

Contudo, as referidas estruturas partidárias já foram às urnas nas eleições europeias, que decorreram em maio deste ano. O Aliança conseguiu 1,86% dos votos, o Iniciativa Liberal 0,88% e o Chega, que encabeçou a coligação Basta!, somou 1,49% dos votos.

“[O PS] é o único partido que tem assumido por inteiro a governação”