Desertificação. Governo diz que revisão de plano de combate foi feita

Desertificação. Governo diz que revisão de plano de combate foi feita


Tribunal de Contas avisou Governo para falhas graves na luta contra a desertificação e recomendou revisão.


João Matos Fernandes, ministro do Ambiente, disse ontem que a recomendação do Tribunal de Contas (TdC) para revisão do plano de combate à desertificação “está cumprida”. O ministro lembrou ainda o novo plano de ação que foi aprovado no passado mês de junho.

“Eu direi que essa recomendação está cumprida. Já foi revisto numa boa parte a partir do momento em que o Governo aprovou, no início de junho deste ano, um novo plano de ação para adaptação às alterações climáticas e de onde emergem três temas, entre outros, que são a recuperação da rede hidrográfica, a proteção do litoral, e a fertilização dos solos”, afirmou João Matos Fernandes.

Estas declarações surgiram após, numa auditoria divulgada ontem, o TdC ter considerado ineficaz o programa de combate à desertificação do Governo. Os juízes salientam mesmo que as duas estruturas que foram criadas através do programa de combate à desertificação “são ineficazes”. Trata-se da Comissão Nacional de Coordenação, que “não cumpriu” com as suas funções “por falta de recursos humanos e financeiros”, e do Observatório Nacional de Desertificação, que “nunca” chegou a funcionar, “o que não permitiu assegurar a monitorização do programa e dos respetivos resultados nem sistematizar o conhecimento sobre a desertificação”, lê-se no documento.

No relatório, os juízes deixam vários alertas sobre o impacto das alterações climáticas e desertificação e fazem várias recomendações ao ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, ao ministro do Ambiente e da Transição Energética e ao Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).

O programa analisado pelos juízes do TdC, o PANCD, foi criado em 1996 e revisto em 2014, com o objetivo de identificar e monitorizar os riscos de desertificação, e para definir as linhas de ação para o combate às alterações climáticas, através da gestão do uso da água e da gestão das florestas.

Questionado pelos jornalistas, o ministro do Ambiente reforçou que o plano já foi revisto e que “boa parte das medidas do PANCD estão mesmo concretizadas”. E disse ainda que há medidas tomadas que vão para além deste plano.