Ser ou não ser


Valha a verdade que a chegada do Falcão ao império MotoGP fez acontecer pelo menos duas coisas.


Muitos, mas muitos portugueses, cada vez mais esperamos, espreitam à sexta-feira e sábado de manhã o que se vai passando nos treinos em fins de semana de corrida.

Muitos e cada vez mais portugueses vão aprendendo este mundo e, em pleno uso da sua liberdade, e botam faladura e opinião.

Se a tudo isto juntarmos o fenómeno comunicacional que as redes sociais trouxeram e incentivaram, um bruáááá quase ao nível daquele pequeno passo para o homem e gigantesco para a humanidade em que consistiu o pézinho humano na Lua, fácil será concluir que não há curva nem travagem, tão pouco cavalgada do Falcão rumo à bandeira, que não suscitem e deem azo a conjeturas, teorias, teses, certezas, palpites, alvitres e outros mitos.

Ora sabendo os leitores que o escriba deste cantinho é tudo menos um entendido na matéria, será apenas e tão somente um aspirante a fiel depositário das esperanças de todos nós em ver um dos nossos a dar cartas no impossível e inacessível mundo dos descendentes do Giacomo Agostini das nossas infâncias, ainda assim atrever-me-ei a apresentar ao júri constituído pelo digníssimo mundo dos leitores desta crónica, aquilo que considero ser uma hipótese bastante provável, e perdoem-me o epíteto de grandeza da probabilidade, mas talvez possam até concordar.

Vamos lá então ao drama, KTM ou Tech 3 … eis a questão, assim poria certamente em poema e em cena William Shakespeare, se acaso lhe perguntassem o que deveria fazer Miguel perante as constantes novidades que se lhe vão deparando a cada dia que passa.

E no entanto, apesar de pouco ou nada versado nestas coisas da velocidade, talvez que a mais certeira resposta viesse de um dos nossos, luso, ufano e imortal, nem mais nem menos que Luís Vaz de Camões.

Que assim opinaria…

Cantando espalhará por toda parte,

Se a tanto o ajudar o engenho e arte.

E é exatamente aqui que reside o busílis da questão.

Engenho e arte.

Alguém, de todos aqueles que juram cruzado ser a KTM a melhor escolha, algum dos outros, que afiançará de mão no peito que, bem antes pelo contrário, será a Tech 3 o caminho das luzes, algum destes senhores ousará ignorar, atrever-se-á a escamotear a omnipresença daquelas duas mezinhas que Camões receitou como condição ‘sine qua non’ para o sucesso, quando se trata de ver o Falcão em pista?

Eu ainda, tenho de admitir, concebo facilmente uma mancha laranja feita de três letrinhas, deixada em cada curva de rara beleza, ao imaginar o 88 tratando e destratando tempos e trajetórias, deles e delas fazendo gato-sapato às mãos de seu cada vez maior à vontade em cima de semelhantes máquinas.

Mas, e é aqui que pretendo chegar meus senhores e minhas senhoras, mais que da sabedoria de um francês que caiu no caldeirão da poção que afina motores e outros acertos, mais que um motãozão saído de uma fábrica ganhadora e testada por um indiscutível Pedrosa, mais que isso tudo, pois o que alvitro é que arte e engenho serão de sobra nas mãos do nosso menino que começou sendo 44 e rápido dobrou a 88.

Tem a arte de ir a fundo e o engenho de não ir ao fundo.

O dom raro de perceber quão deitada se quer uma mota numa curva, o engenho precioso de dar ao seu cavalinho todos os cavalos do mundo para lhos retirar no momento certo, nem mais um nem menos um milésimo, com a subtileza de dois ou três dedinhos a puxar uma manete.

Repito, quem vos escreve é gente de maior paixão do que conhecimento pelo assunto.

Confiemos em Miguel. ( como se não o fizéssemos já e de olhos fechados, sabemos que isso é coisa que damos de garante ).

Confiemos no seu punho, na sua geométrica certeza de que um dia chegará ao topo.

Confiemos ainda na dupla que até hoje trouxe um menino de punho e olhar certeiro desde a sua tenra idade até todos os fins de semana que hoje em dia com ele dividimos.

Shakespeare ou Camões?

Eu escolho Paulo e Miguel. Oliveira, bem entendido.


Ser ou não ser


Valha a verdade que a chegada do Falcão ao império MotoGP fez acontecer pelo menos duas coisas.


Muitos, mas muitos portugueses, cada vez mais esperamos, espreitam à sexta-feira e sábado de manhã o que se vai passando nos treinos em fins de semana de corrida.

Muitos e cada vez mais portugueses vão aprendendo este mundo e, em pleno uso da sua liberdade, e botam faladura e opinião.

Se a tudo isto juntarmos o fenómeno comunicacional que as redes sociais trouxeram e incentivaram, um bruáááá quase ao nível daquele pequeno passo para o homem e gigantesco para a humanidade em que consistiu o pézinho humano na Lua, fácil será concluir que não há curva nem travagem, tão pouco cavalgada do Falcão rumo à bandeira, que não suscitem e deem azo a conjeturas, teorias, teses, certezas, palpites, alvitres e outros mitos.

Ora sabendo os leitores que o escriba deste cantinho é tudo menos um entendido na matéria, será apenas e tão somente um aspirante a fiel depositário das esperanças de todos nós em ver um dos nossos a dar cartas no impossível e inacessível mundo dos descendentes do Giacomo Agostini das nossas infâncias, ainda assim atrever-me-ei a apresentar ao júri constituído pelo digníssimo mundo dos leitores desta crónica, aquilo que considero ser uma hipótese bastante provável, e perdoem-me o epíteto de grandeza da probabilidade, mas talvez possam até concordar.

Vamos lá então ao drama, KTM ou Tech 3 … eis a questão, assim poria certamente em poema e em cena William Shakespeare, se acaso lhe perguntassem o que deveria fazer Miguel perante as constantes novidades que se lhe vão deparando a cada dia que passa.

E no entanto, apesar de pouco ou nada versado nestas coisas da velocidade, talvez que a mais certeira resposta viesse de um dos nossos, luso, ufano e imortal, nem mais nem menos que Luís Vaz de Camões.

Que assim opinaria…

Cantando espalhará por toda parte,

Se a tanto o ajudar o engenho e arte.

E é exatamente aqui que reside o busílis da questão.

Engenho e arte.

Alguém, de todos aqueles que juram cruzado ser a KTM a melhor escolha, algum dos outros, que afiançará de mão no peito que, bem antes pelo contrário, será a Tech 3 o caminho das luzes, algum destes senhores ousará ignorar, atrever-se-á a escamotear a omnipresença daquelas duas mezinhas que Camões receitou como condição ‘sine qua non’ para o sucesso, quando se trata de ver o Falcão em pista?

Eu ainda, tenho de admitir, concebo facilmente uma mancha laranja feita de três letrinhas, deixada em cada curva de rara beleza, ao imaginar o 88 tratando e destratando tempos e trajetórias, deles e delas fazendo gato-sapato às mãos de seu cada vez maior à vontade em cima de semelhantes máquinas.

Mas, e é aqui que pretendo chegar meus senhores e minhas senhoras, mais que da sabedoria de um francês que caiu no caldeirão da poção que afina motores e outros acertos, mais que um motãozão saído de uma fábrica ganhadora e testada por um indiscutível Pedrosa, mais que isso tudo, pois o que alvitro é que arte e engenho serão de sobra nas mãos do nosso menino que começou sendo 44 e rápido dobrou a 88.

Tem a arte de ir a fundo e o engenho de não ir ao fundo.

O dom raro de perceber quão deitada se quer uma mota numa curva, o engenho precioso de dar ao seu cavalinho todos os cavalos do mundo para lhos retirar no momento certo, nem mais um nem menos um milésimo, com a subtileza de dois ou três dedinhos a puxar uma manete.

Repito, quem vos escreve é gente de maior paixão do que conhecimento pelo assunto.

Confiemos em Miguel. ( como se não o fizéssemos já e de olhos fechados, sabemos que isso é coisa que damos de garante ).

Confiemos no seu punho, na sua geométrica certeza de que um dia chegará ao topo.

Confiemos ainda na dupla que até hoje trouxe um menino de punho e olhar certeiro desde a sua tenra idade até todos os fins de semana que hoje em dia com ele dividimos.

Shakespeare ou Camões?

Eu escolho Paulo e Miguel. Oliveira, bem entendido.