O futebol assim perde a graça


Não é a primeira vez que escrevo sobre os penáltis. Há jornalistas e comentadores que defendem a ideia de que os árbitros devem marcar todas as faltas dentro da área. Mesmo as pequenas. “Se o árbitro marca uma determinada falta fora da área, também tem de a marcar se for dentro da área”. E seguindo…


Eu penso de outro modo. O penálti é uma falta gravíssima, em 80% dos casos resulta em golo, pelo que os árbitros têm de ser especialmente exigentes na sua marcação.

Não é a mesma coisa um árbitro penalizar uma infração no meio campo ou dentro da área. Num caso, não tem qualquer influência no resultado; no outro, pode decidir um jogo. Por isso, a exigência tem de ser muito maior.

Bem bastam as eliminatórias ou as finais que têm de ser decididas por penáltis; nos jogos ‘normais’, os jogos devem decidir-se por lances de bola corrida. Os adeptos do futebol querem ver boas jogadas, lances bonitos, golos com espetáculo, não quer que os jogos se decidam por penáltis… em muitos casos discutíveis.

Até porque os penáltis têm três problemas:

Primeiro, dependem muito da subjetividade do árbitro. Dependem, por exemplo, de ele considerar um toque suficiente ou não para um jogador cair.

Segundo, estimulam a simulação, ou seja, convidam os jogadores a atirarem-se para o chão mal sentem um ligeiro toque. Em vez de prosseguirem a disputa do lance, deitam-se para a relva.

Terceiro, adulteram a verdade desportiva, pois transformam em golos jogadas às vezes sem qualquer perigo.

Vem esta conversa naturalmente a propósito do jogo entre o Sporting e o Rio Ave, que este venceu com três penáltis. Pergunto, se eles não fossem assinalados, quais daquelas jogadas resultariam em golo? Talvez nenhuma.

Portanto, a ‘verdade do jogo jogado’ foi adulterada.

E daqueles três penáltis, quantos foram indiscutíveis?

A meu ver, só um: o primeiro. Embora fosse dispensável, pois a bola estava ao alcance do guarda-redes. O segundo pareceu um choque fortuito. E no terceiro o defesa mostra a clara intenção de tirar o pé, existindo um ligeiro contacto com o joelho que o avançado aproveitou para se deixar cair.

Julgo que um árbitro inglês, perante aqueles lances, só marcaria um dos penáltis.

Os jogos são para se jogar e não para se decidirem por grandes penalidades. Se os árbitros começarem a marcar todas as supostas faltas dentro da área, grandes e pequenas, claras ou duvidosas, qualquer dia todos os jogos se decidem por penáltis. E isto será a morte do futebol.

Senhores árbitros: se querem defender o futebol, sejam exigentes na marcação de penáltis. Não marquem penáltis por tudo e por nada. Deixem que sejam os jogadores a decidir os jogos – não queiram ser vós a fazê-lo.


O futebol assim perde a graça


Não é a primeira vez que escrevo sobre os penáltis. Há jornalistas e comentadores que defendem a ideia de que os árbitros devem marcar todas as faltas dentro da área. Mesmo as pequenas. “Se o árbitro marca uma determinada falta fora da área, também tem de a marcar se for dentro da área”. E seguindo…


Eu penso de outro modo. O penálti é uma falta gravíssima, em 80% dos casos resulta em golo, pelo que os árbitros têm de ser especialmente exigentes na sua marcação.

Não é a mesma coisa um árbitro penalizar uma infração no meio campo ou dentro da área. Num caso, não tem qualquer influência no resultado; no outro, pode decidir um jogo. Por isso, a exigência tem de ser muito maior.

Bem bastam as eliminatórias ou as finais que têm de ser decididas por penáltis; nos jogos ‘normais’, os jogos devem decidir-se por lances de bola corrida. Os adeptos do futebol querem ver boas jogadas, lances bonitos, golos com espetáculo, não quer que os jogos se decidam por penáltis… em muitos casos discutíveis.

Até porque os penáltis têm três problemas:

Primeiro, dependem muito da subjetividade do árbitro. Dependem, por exemplo, de ele considerar um toque suficiente ou não para um jogador cair.

Segundo, estimulam a simulação, ou seja, convidam os jogadores a atirarem-se para o chão mal sentem um ligeiro toque. Em vez de prosseguirem a disputa do lance, deitam-se para a relva.

Terceiro, adulteram a verdade desportiva, pois transformam em golos jogadas às vezes sem qualquer perigo.

Vem esta conversa naturalmente a propósito do jogo entre o Sporting e o Rio Ave, que este venceu com três penáltis. Pergunto, se eles não fossem assinalados, quais daquelas jogadas resultariam em golo? Talvez nenhuma.

Portanto, a ‘verdade do jogo jogado’ foi adulterada.

E daqueles três penáltis, quantos foram indiscutíveis?

A meu ver, só um: o primeiro. Embora fosse dispensável, pois a bola estava ao alcance do guarda-redes. O segundo pareceu um choque fortuito. E no terceiro o defesa mostra a clara intenção de tirar o pé, existindo um ligeiro contacto com o joelho que o avançado aproveitou para se deixar cair.

Julgo que um árbitro inglês, perante aqueles lances, só marcaria um dos penáltis.

Os jogos são para se jogar e não para se decidirem por grandes penalidades. Se os árbitros começarem a marcar todas as supostas faltas dentro da área, grandes e pequenas, claras ou duvidosas, qualquer dia todos os jogos se decidem por penáltis. E isto será a morte do futebol.

Senhores árbitros: se querem defender o futebol, sejam exigentes na marcação de penáltis. Não marquem penáltis por tudo e por nada. Deixem que sejam os jogadores a decidir os jogos – não queiram ser vós a fazê-lo.