Silly season (fim)O que quer António Costa?


O que António Costa é uma maioria absoluta ou tão confortável que possa escolher como parceiro apenas um partido. Ele quer governar sem grandes restrições.


Parece que houve amuos entre os dirigentes do Bloco, por António Costa, na última entrevista ao Expresso, ter afirmado, citando um “amigo”, que o partido comunista era um partido de massas, enquanto o Bloco era uma partido dos mass-media.

Perante tal evidência, estranha-se o mal-estar dos bloquistas. É sabido que o Bloco de Esquerda é o partido que melhor imprensa tem tido desde a sua fundação. Ainda não era coisa nenhuma, do ponto de vista eleitoral, e já merecia longos artigos, notícias diárias sobre as suas actividades. Assim tem acontecido, portanto, ao longo dos vinte anos de vida do Bloco.

No que respeita ao PCP, ao contrário do Bloco com ideologia conhecida, eleito como “melhor amigo” por António Costa, é, de facto, um partido de massas, embora as massas tenham vindo a encolher nos últimos tempos.

É preciso dizer frontalmente que nem comunistas nem bloquistas morrem de amores pela democracia liberal, onde têm vivido e de que se têm alimentado. Valha a verdade, no entanto, que têm cumprido as regras do sistema, sem nada de relevante a apontar, salvo, do lado dos bloquistas, a tendência irreprimível para imporem o pensamento único, isto é, o seu, ao abrigo dos denominados “temas fracturantes”. Do lado dos comunistas, o apoio a ditadores, ditos de esquerda, como é o caso da Venezuela, de Cuba ou da Coreia do Norte, revela as saudades dos regimes da extinta “cortina de ferro” e seus associados.

Mas tem sido com estes parceiros que o PS se tem entendido e, pelos vistos, bem, uma vez que, ao contrário das expectativas, conseguiu levar a legislatura até ao fim e com resultados para festejar, nomeadamente no campo económico e financeiro, pelo menos no curto prazo.

O recente editorial do Financial Times, celebrado na nossa imprensa como se do oráculo de Delfos se tratasse, acaba por ser, para um país paroquial como o nosso, mais uma medalha para Mr. Costa, apontado pelo jornal britânico como vencedor das próximas eleições, o que, como sabemos, é uma previsão difícil e deveras arriscada. Mas, vinda do Financial Times, tem outra importância.

António Costa, há que reconhecê-lo, é, neste momento, a única alternativa para liderar um próximo Governo. Resta saber como vai fazê-lo.

O que António Costa quer, certamente, é uma maioria absoluta, ou tão confortável que possa escolher como parceiro apenas um partido. Ele quer governar sem grandes restrições.

Será isso bom para Portugal?

Entre a ‘geringonça’ e a vontade absoluta dos socialistas, qual a melhor alternativa?

Se o diabo, por fim, aparecer, ele que escolha!

 

Jornalista