Costa não quer PCP e BE no Governo

Costa não quer PCP e BE no Governo


Bloco encara posição de António Costa com “serenidade” e diz que a questão central é saber “se o PS vai ter ou não a maioria absoluta”. PCP fala em “questões insanáveis”.


Ainda há muitas dúvidas sobre os arranjos que podem acontecer a seguir às eleições legislativas, mas há um cenário que o secretário-geral do PS, António Costa, nem sequer coloca em cima da mesa: uma coligação de Governo com PCP, PEV e Bloco de Esquerda.

António Costa já tinha mostrado pouca simpatia pela ideia de levar os seus parceiros dos últimos quatro anos para um novo Governo, mas desta vez foi mais longe e classificou esse cenário como “absolutamente impossível”. Costa prefere, se vencer as eleições legislativas, não fazer “grandes alterações” no Executivo para não correr o risco de “estragar uma boa amizade com um mau casamento”.

A política de alianças foi um dos temas que dominaram a entrevista do secretário-geral do PS na TVI 24 e António Costa afirmou várias vezes que não quer levar os partidos de esquerda para o Governo. “Se tivéssemos feito uma coligação formal com ministros do PEV, do Bloco de Esquerda e do Partido Comunista se calhar a solução teria sido muito menos estável do que aquela que tivemos. Uma coligação de Governo seria seguramente muito instável”, garantiu Costa.

A posição assumida pelo primeiro-ministro, a pouco mais de um mês das eleições, foi recebida com “muita serenidade” pelo Bloco de Esquerda. José Manuel Pureza defende, em declarações ao i, que “o que está em causa nestas eleições não é o desenho de qualquer coligação”, mas sim “saber se o PS vai ter maioria absoluta ou não”. Para o deputado bloquista, o que “vai definir tudo” é o resultado eleitoral. “A questão central é saber se o PS vai ter ou não maioria absoluta. Não é uma questão de coligações que está em causa. É haver um resultado que permita à esquerda ter um papel relevante na determinação do conteúdo das políticas”, afirma.

jerónimo ataca ps Já Jerónimo de Sousa considerou que a entrevista do primeiro-ministro não trouxe “grandes novidades” e também não mostrou entusiasmo pela possibilidade de uma coligação formal com o PS. “Há questões insanáveis, nomeadamente este posicionamento em relação aos direitos dos trabalhadores”.

O secretário-geral dos comunistas, numa visita às praias da Arrábida, em Setúbal, voltou a criticar “esta legislação laboral aprovada pelo PS, com a bênção do PSD e do CDS, que tem uma natureza de classe muito clara, porque são alterações que visam retroceder no plano dos direitos”.

 

Maioria absoluta

António Costa recusa pedir a maioria absoluta nas eleições legislativas na lógica de que “não é coisa que se peça”. Costa admitiu mesmo que “os portugueses não gostam de maiorias absolutas e têm má memória delas, quer as do PSD quer a do PS”. Ou seja, entre 1987 e 1991 com Cavaco Silva e entre 2005 e 2009 com José Sócrates.

O Bloco de Esquerda e o PCP já alertaram para os riscos de uma maioria absoluta. José Manuel Pureza diz que a história do país mostra que quando existem maiorias absolutas existe uma “tendência para que o poder seja exercido sem qualquer iniciativa negocial”. O deputado acredita que o Bloco de Esquerda é o partido que está em melhores condições para impedir que António Costa consiga governar sozinho.

Jerónimo de Sousa alertou, recentemente, que a possibilidade de o PS ter maioria absoluta “não é um perigo afastado” e isso levaria “a retroceder nos avanços”.

 

Marcelo confiante

O Presidente da República defendeu que o mais importante é que destas eleições resulte uma solução estável, ao contrário do que está a acontecer em alguns países europeus. Marcelo Rebelo de Sousa defendeu que existem várias soluções de governo que podem resultar destas eleições e que “a imaginação dos portugueses irá encontrar aquela que vai prevalecer”.