A petição online criada contra a criação do Museu em honra de António Oliveira Salazar, na freguesia do Vimieiro, Santa Comba Dão, foi dada como encerrada após reunir quase 18 mil assinaturas.
Segundo os promotores desta iniciativa contra a criação deste museu na terra natal de Salazar, o seu encerramento deve-se a já se “er cumprido o principal objetivo: fazer chegar ao primeiro-ministro o repúdio de cerca de 18 mil antifascistas pela criação de um espaço/museu/memorial em Santa Comba Dão.”
Na descrição da petição ‘Museu de Salazar, não!’ pode ler-se “Os abaixo-assinados, conhecedores do que foi a ditadura do Estado Novo, manifestam, em nome próprio e no da memória de milhares de vítimas do regime – de que Salazar foi principal mentor e responsável – , o mais veemente repúdio pela criação do Museu Salazar, recentemente anunciado pelo Presidente da Câmara de Santa Comba Dão.”
A opinião dos promotores é que a expectativa das 17 mil e 720 pessoas que subscreveram a petição seja “travar o que, desde há meses, configurou um aberto ataque à democracia.”
De notar que entre os 18 mil subscritores encontram-se vários nomes de antigos presos políticos que sentiram na pele o poder de Salazar e do Estado Novo. Entre eles encontram-se nomes como Carvalho da Silva (ex-líder da CGTP), Pedro Adão e Silva (analista político), Maria Teresa Horta (escritora) e Francisco Fanhais (cantor de intervenção), por exemplo.
Por outro lado, surgiu outra petição, chamada ‘Museu Salazar sim’. Esta mostra-se apologista do museu e defende que “a memória histórica de um povo não pode ser apagada porque uma minoria ruidosa assim o exige” e que “apoiando ou não a obra de Salazar e o que se passou durante o Estado Novo, todos temos o direito de conhecer os factos de forma isenta”. Esta juntou 10 mil e 214 assinaturas.
Autarquia diz que não quer um Museu Salazar Leonel Gouveia, Presidente da Câmara Municipal de Santa Comba Dão, emitiu uma nota de esclarecimento onde diz que “jamais esta autarquia teve intenção de promover a criação do denominado ‘Museu Salazar’.”
Contudo, confirma que, em conjunto com outras entidades da região, “tem vindo a trabalhar num projeto cultural agregador do potencial turístico da região, visando a criação de uma rede de Centros Interpretativos de História e Memória Política da Primeira República e do Estado Novo”. O objetivo desta rede passa por promover e aprofundar a “democracia e o desenvolvimento integrado de um vasto teritório da região Centro”, tal como “dar a conhecer a participação destes territórios na história política do século XX português.”