O primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán e o chefe de gabinete de Donald Trump Mick Mulvaney estiveram nos últimos dias em Portugal para participarem num encontro promovido pela International Catholic Legislators Network (ICLN), uma rede fundada em 2010 para dar formação regular a políticos cristãos de todo o mundo, lê-se no site do organismo.
Como o semanário SOL avançou na edição deste fim de semana, a conferência, à porta fechada, foi organizada nos últimos meses sem qualquer divulgação nacional e está rodeada de secretismo – o programa não é público e também não foram divulgados os participantes.
No seu site, o organismo, que não respondeu às questões enviadas pelo SOL, anunciou em fevereiro um “evento histórico” num dos santuários marianos mais importantes do mundo, sendo que nos últimos dias houve apenas uma nota na imprensa alemã de que o encontro seria presidido pelo arcebispo de Viena Christoph Schönborn, fundador da ICLN, contando ainda com a presença de líderes religiosos como Ignatius Aphrem II e Yousef III Younan, patriarcas das igrejas ortodoxas e católicas sírias.
Perante a presença de um grupo considerável de figuras da política e igreja, nomeadamente Órban e Mulvaney, foi mobilizado um forte dispositivo de segurança a cargo da GNR, com cerca de 200 militares de diferentes valências no terreno. Os trabalhos decorreram no Hotel Consolata, com momentos de oração no santuário. Não estavam previstos encontros com representantes do Estado português e o encontro, privado, decorreu também à margem da igreja portuguesa.
Segundo o i apurou, Mick Mulvaney deixou o país no sábado com destino a Biarritz, para a cimeira do G7, não tendo já participado na eucaristia de domingo no santuário, em que o bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, deu as boas vindas ao grupo, como é habitual nas missas internacionais.
Fonte do santuário confirmou ao i que o grupo pediu para celebrar uma encaristica na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, o que aconteceu no arranque dos trabalhos, na quinta-feira. Nessa ocasião, a cerimónia foi concelebrada por D. António Marto e foi aberta ao público.
Ontem a missa dominical no santuário teve a concelebração de Christoph Schönborn e do cardeal chinês Joseph Zen Ze-kiun, outro dos participantes no encontro.
Conotada como um movimento conservador, a ICLN diz ser uma estrutura independente e não partidária. No ano passado, no decorrer da conferência anual em Roma, foram recebidos pelo Papa Francisco, que advertiu os participantes de que “fundamentalismos e intolerância não se combatem com mais fundamentalismos e intolerância” e que os políticos cristãos devem dar testemunho. Uma mensagem que contrasta com as posições de Órban, que defende uma Europa católica e cujas políticas anti-migração têm sido censuradas a nível europeu.