Um Pardal abatido e o Governo a rir


A confusão é geral, mas o Governo e os patrões estão perto de conseguirem vergar os grevistas mais radicais


Para o comum dos mortais, a história dos mediadores chamados para resolver os conflitos que opõem Governo, patrões e sindicatos a sindicatos é um pouco cómica. Há semanas que se sabia da existência da greve e, durante mais de duas semanas, o Executivo foi recebendo ora a associação de patrões, ora os sindicatos. Mas, de repente, o sindicato dos motoristas de matérias perigosas começa a tirar dos holofotes Pedro Pardal Henriques, o ódio de estimação dos patrões, e não só, e passa a falar num mediador que o represente nas futuras reuniões com o Governo e a Antram, a associação dos patrões. Bruno Fialho, vice-presidente do Sindicato de Pessoal de Voo da Aviação Civil, que também tem outros afazeres profissionais, será então o coelho tirado da cartola para resolver o problema. O Governo também se prontificou a encontrar um mediador, mas poucas horas depois concluiu que não há condições para a medida avançar enquanto a greve não terminar.

Pelo meio, o Executivo de António Costa chegou a acordo com um dos sindicatos que representam os motoristas, a Fectrans, afeta à CGTP – que tinha já fechado um compromisso com a Antram e que levou à criação do tal sindicato por que Pardal Henriques dava a cara, já que muitos motoristas não concordaram com esse acordo -, e chamou o sindicato dos motoristas ditos normais, que não inclui o de matérias perigosas, e que esteve ausente durante dias do palco mediático. Porquê? Boa questão que nas próximas horas será respondida.

Resumindo, a confusão é geral, mas o Governo e os patrões estão perto de conseguirem vergar os grevistas mais radicais. Conseguindo isolá-los cada vez mais, é natural que estes acabem por ceder. Se não o fizerem, é normal que radicalizem as suas formas de luta, colocando ainda mais o país contra eles. E isso agrada a quem, independentemente dos consumidores? Ao Governo, que sai por cima nesta trapalhada, e aos patrões. Claro que os camionistas já conseguiram mais de 100 euros de aumento, muito à conta da contestação de Pardal Henriques, que acaba por se queimar nesta maratona.