José Nuno Martins, diretor do jornal O Benfica, aproveitou o espaço que tem na BTV para se mostrar perplexo com as declarações de José Eduardo Moniz, administrador do clube encarnado, em defesa da limitação de mandatos na liderança dos clubes.
“Nem queria acreditar no que estava a ver. Um vice-presidente da SAD e do Benfica a mandar recados pelos jornais sobre o estilo das presidências”, comentou, num tom irónico, o responsável pelo jornal dos encarnados, ‘atirando-se’ a José Eduardo Moniz.
Nesta quarta-feira, num programa que partilha com Leonor Pinhão no canal do clube, José Nuno Martins mostrou-se ainda surpreendido com o timing da análise feita pelo jornalista tendo em conta o período atual que o clube da Luz atravessa. “Isto, num dos momentos mais profícuos, mais decisivos e vencedores dos 115 anos do Benfica. É surpreendente”, referiu José Nuno Martins.
A posição do diretor do jornal das águias surge, de resto, na sequência da entrevista concedida, há dias, por Moniz à Rádio Observador.
O vice-presidente do Benfica voltou a gerar insatisfação e incómodo no reino das águias, devido à posição que vem defendendo publicamente relativamente às lideranças dos clubes, considerando ainda que estes estão cada vez mais centralizados numa só pessoa.
“Já escrevi e estou à vontade para o dizer. Em todas as instituições deve haver limitação de mandatos. É a minha opinião, gostem ou não”, disse. E continuou: “Ninguém se deve eternizar até porque nós precisamos de nos renovar. Não quer dizer que não voltemos. Mas acho que tem de se dar oportunidades a outros porque o sangue renova-se todos os dias. Senão acabamos por eventualmente estragarmos aquilo que de bom fizemos”.
Na mesma entrevista, o membro da administração das águias, que, recorde-se, chegou a ver o seu nome apontado à liderança do clube, assegurou que não tenciona ser presidente, lembrando ainda que, quando a possibilidade de ser concorrente de Luís Filipe Vieira começou a ser abordada, a coisa mais importante que fez “foi garantir que o Benfica tinha estabilidade”.
“Sou membro da direção do Benfica e do Conselho de Administração do Benfica mas é preciso perceber que os clubes são entidades muito centralizadas numa pessoa. Temos de ter a noção disso. Só aprendi isso quando lá cheguei”, afirmou, aproveitando para deixar claro que os administradores do Benfica não são pagos e que em momento algum tirou partido de alguma situação privilegiada dentro do clube.
FC Porto e Sporting chamados à conversa Apesar de admitir que nunca comentou diretamente a sua posição com Luís Filipe Vieira, na presidência do Benfica há mais de 15 anos, esta não é a primeira vez que o jornalista se mostra céptico em relação aos mandatos sem fim à vista.
E enquanto comentava as declarações do apresentador do programa Deus e o Diabo, José Nuno Martins questionou ainda se este teria algum “plano secreto”.
O principal responsável pelo jornal do clube da Luz aproveitou também o momento para ironizar com uma possível candidatura do jornalista da TVI à presidência do FC Porto, a quem se refere como os “Andrades”, ou, quem sabe, para se tornar o sucessor de Frederico Varandas em Alvalade.
“Como jornalista, ele também é especialista em agendas e enredos casuísticos da atualidade. Quem sabe se quando ele se volta a referir à limitação de mandatos presidenciais de clubes, ele não está a lançar a própria candidatura para ir substituir o avozinho de Contumil, no cargo, lá nas Antas, no ano que vem”, disse.
“Poderia ser uma boa saída. Aquilo é extraordinariamente bem pago lá nas Antas. E os ‘Andrades’ até gostariam de ter uma pessoa cosmopolita. É um lobo vestido de avôzinho cosmopolita, que também pode servir para o Campo Grande. Num lado ou noutro é igual”, continou, fazendo já referência ao Sporting.