Quando assistimos a uma festa de verão, normalmente não temos ideia de tudo o que está por trás no que diz respeito à sua preparação: aluguer de espaços, equipamentos de som e imagem, limpeza do recinto, fogo-de-artifício e até aluguer de casas de banho portáteis ou pulseiras invioláveis. Mas o que fica mais caro é a contratação dos artistas.
Uma pesquisa pelo portal Base – e depois de uns quantos minutos à volta de uma calculadora – revelou que, só entre julho e princípios de agosto, as festas custaram aos cofres públicos mais de quatro milhões de euros. Valor que daqui a uns meses será certamente superior, uma vez que ainda não estão disponíveis todos os contratos de serviços para as festas portuguesas que decorrem neste período. Além disso, aos valores anunciados nos contratos há que juntar o valor do IVA.
A festa que mais se destaca no que diz respeito ao orçamento gasto é a ExpoBairrada, que representou um investimento de mais de 273 mil euros. Mas não é a única. Logo atrás encontra-se Corroios, com as Festas da Vila de Corroios, que custaram ao Estado pouco mais de 200 mil euros. A lista segue com Pinhel, que investiu mais de 172 mil euros em eventos festivos, nos quais se destacam as Festas da Cidade.
Mas a verdade é que, apesar dos gastos, o investimento acaba por compensar na maior parte das vezes, uma vez que a adesão do público costuma ser em massa.
A festa mais cara deste verão e que não faz ainda parte do portal Base é a Feira de São Mateus, em Viseu, que representou este ano um investimento na ordem dos dois milhões de euros, confirmou ao i fonte oficial da autarquia. Ainda assim, há que relembrar que este certame tem uma duração maior que os restantes, uma vez que teve início a 8 de agosto e termina apenas a 16 de setembro.
Artistas A contratação de artistas para as festas é, normalmente, o que representa um esforço maior por parte das câmaras municipais, mas é também este o investimento que atrai mais público. No portal Base, o valor do concerto que salta mais à vista é o do brasileiro Nego do Borel, que atuou no passado dia 27 de julho em Oliveira do Hospital. O custo total desta festa foi de mais de 182 mil euros, mas só este concerto representou para a câmara um custo de 64 500 euros.
Mas este é um valor acima da média do praticado em Portugal. É difícil perceber qual o valor certo cobrado pelos artistas, até porque varia de festa para festa e depende de uma quantidade de fatores, como deslocações, alojamento ou questões técnicas do espetáculo em si. Por exemplo, nas Festas do Bodo, em Pombal, ou nas Festas do Marco, em Marco de Canaveses, o cantor Toy recebeu nove mil euros, um valor acima daquele que recebeu nas Festas de São Tomé, em Mira: oito mil euros.
Em Pombal, nas Festas do Bodo, a câmara contratou também a atuação de Blaya (12 mil euros), Gabriel o Pensador (23 mil euros), José Cid (16 mil euros) e Carolina Deslandes (16 mil euros). Assim, só em cantores foram gastos 76 mil euros. No total, esta festa representou um investimento de pouco mais de 102 mil euros.
As Festas do Bodo não são o único caso a mostrar que o investimento nos artistas é realmente o mais importante, uma vez que o dinheiro pago aos cantores representa, em quase todos os casos, uma grande parte do valor total. Exemplo disso são também as festas de Santa Cristina, em Condeixa-a-Nova, onde, de um total de 150 500 euros, 61 mil são dedicados à contratação de artistas.
Outros serviços Mas como já foi dito, a festa não depende só dos artistas. Existe uma série de fatores que influenciam o preço final. Nas festas de Portel, por exemplo, é discriminado no portal Base que a instalação de “restaurantes, tascas, camarins, tenda exterior e WC” custou 9535 euros.
E este é um preço muito baixo: na festa de Peso da Régua, só os sanitários custaram à organização do evento 15 930 euros.
O entretenimento não passa só pelos números musicais: na Póvoa de Varzim, por exemplo, o espetáculo de fogo-de-artifício custa 69 mil euros. Mas há quem se contenha mais nos gastos. É o caso da Câmara do Seixal, que gastou apenas 8300 euros em “serviços de conceção, produção e realização de espetáculo pirotécnico”.
Outro dos aspetos mais importantes das festas é a segurança: o presidente da Câmara de Viseu revelou que a Feira de São Mateus vai ter, pela primeira vez, videovigilância. Este recurso vai juntar-se ao serviço prestado pela PSP e por uma empresa de segurança privada. Ao todo serão gastos 250 mil euros em serviços de vigilância. Mas há quem tenha uma festa mais pequenina e tenha de despender menos dinheiro nesta questão: nas festas de Vizela, por exemplo, foram gastos apenas 1200 euros em serviços de segurança.