Antram quer, mas Pardal Henriques não sai “de maneira nenhuma”

Antram quer, mas Pardal Henriques não sai “de maneira nenhuma”


Ao segundo dia de greve, “os serviços mínimos foram genericamente cumpridos” e 14 trabalhadores não respeitaram a requisição civil.


Ao segundo dia de greve, a informação chega de todos os lados e, o que é verdade de um lado, torna-se mentira do outro. A Associação Nacional de Transportadores Públicos Rodoviários de Mercadorias (Antram) lançou ontem o caos ao dizer que o abastecimento a hospitais e centros de saúde estava em causa, já que os serviços mínimos não tinham sido “novamente cumpridos na região Centro”.

Segundo os patrões, o abastecimento aos hospitais de Lisboa, Leiria e Coimbra estava apenas garantido para menos de 24 horas. No entanto, o Ministério da Saúde disse ao i não ter “conhecimento, até ao momento, de constrangimentos no fornecimento de quaisquer bens essenciais aos hospitais/centros de saúde, estando todas as unidades a funcionar normalmente”. Contactada, a Administração Regional de Saúde do Norte garantiu ao i que “pelo levantamento efetuado, até ao momento, nesta Região de Saúde, não foi reportado qualquer constrangimento, estando todo o programa assistencial a decorrer com normalidade”. E o mesmo disse o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC): “Não existem quaisquer constrangimentos, seja relativamente ao abastecimento de gás criogénico, combustíveis ou medicamentos”.

Substituir Pardal Henriques? André Matias de Almeida, o porta-voz da Antram, deixou um conselho ao Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas: substituir Pedro Pardal Henriques, assessor jurídico e representante na mesa de negociações do SNMMP. Ao i, Pedro Pardal Henriques garantiu que não vai na conversa de André Matias de Almeida e foi categórico: “De maneira nenhuma”.

Em relação à possibilidade de manter a greve, o advogado dos motoristas de matérias perigosas apenas disse que “a greve mantém-se até a fim”.

14 trabalhadores não cumpriram requisição civil Em menos de 24 horas, o Governo decretou a requisição civil à greve dos motoristas e os militares saíram dos quartéis para conduzir os camiões-cisterna. João Pedro Matos Fernandes, ministro do Ambiente e da Transição Energética, fez ontem ao final da tarde o ponto da situação: “Os serviços mínimos foram genericamente cumpridos”.

A tutela fez ainda saber que as empresas denunciaram incumprimento da requisição civil de 14 trabalhadores. “A 11 [trabalhadores] já foi enviada a devida notificação de incumprimento, mas há ainda três trabalhadores por localizar e, por isso, por notificar”, avançou João Pedro Matos Fernandes. Também o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, alertou para as consequências do incumprimento da requisição civil: a pena por ir até um ano de prisão.

Sobre o incumprimento dos serviços mínimos, o Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) explicou que os trabalhadores estão apenas a cumprir as oito horas de trabalho, recusando horas extra.

Quanto aos militares, Matos Fernandes avançou que estiveram, durante o dia de ontem, mobilizados 200 homens, mas “só dez equipas avançaram – quatro das Forças Armadas e seis da GNR”. No entanto, o ministro responsável pela pasta do Ambiente não especificou o número de cada equipa. Uma vez que “a requisição civil se mostrou ajustada”, durante o dia de hoje será mobilizado um “número menor de Forças Armadas”.

Multas podem chegar aos 45 mil euros A greve ainda não tinha começado e já havia postos de abastecimento com os depósitos vazios. No final do dia de ontem, de acordo com a plataforma VOST, 552 postos estavam sem gasolina, 797 sem gasóleo e 432 não tinham qualquer combustível. Mesmo sem combustível para vender, os postos são obrigados a permanecer abertos, caso contrário, a multa pode chegar aos 45 mil euros. Há, aliás, postos que não vão ser abastecidos durante a greve, como é o caso do posto de abastecimento da BP de Marvila – de portas abertas, tem pouco mais para oferecer do que jornais, águas, cafés e tabaco.

Quanto aos postos que fazem parte da Rede de Emergência de Postos de Combustível (REPA), há duas modalidades: 54 postos estão destinados apenas aos veículos prioritários – ambulâncias, bombeiros ou táxis – e 320 estão disponíveis para todos os veículos com um limite de abastecimento de 25 litros. De acordo com a última atualização da Entidade Nacional para o Setor Energético (Ense), o volume disponível nos postos REPA era, ontem, de 44,95% de gasóleo e de 35,65% de gasolina.

O Algarve é a zona mais crítica e, apesar de o ministro do Ambiente e da Transição Energética ter dito que a situação ficou resolvida durante o dia de ontem, deixou o alerta: “No Algarve houve melhoria, mas ainda não é suficiente”. Ontem à noite, saíram oito equipas do porto de Sines para o Algarve.