Começa na quarta, mas as margens do Taboão têm vindo a encher desde o fim de semana – afinal, para lá do chamariz inequívoco da música, há quem não prescinda de tantos dias quantos os possíveis naquele que, entre os festivaleiros, recebeu o carinhoso epíteto de “Couraíso”. O Vodafone Paredes de Coura, que no seu 26.o ano de existência volta à localidade do Minho e vai decorrer até ao próximo domingo, traz bandas como os norte-americanos The National, New Order, Patti Smith, Father John Misty ou Suede (ao lado, pode consultar o cartaz completo, assim como os palcos e horários). As rotativas já estão, entretanto, a ser aquecidas e desde o fim de semana que a música se ouve na vila, com uma série de concertos gratuitos.
Os passes gerais estão esgotados, assim como os bilhetes para o primeiro dia, mas ainda há umas vagas para os restantes (hoje, a bilheteira estará aberta entre as 10h e as 22h, amanhã e quinta entre as 10h e a 1h30 e, nos últimos dois dias, vai funcionar entre as 14h e a 1h30).
Tudo precavido A organização garante que a greve dos combustíveis não vai afetar o programa de festas. “Em caso de rutura de stock, nós estamos garantidos. Para o bom funcionamento do festival, para os geradores e artistas estamos absolutamente garantidos. Preocupa-me mais pessoas que possam vir de cidades onde não haja gasolina e queiram chegar a Paredes de Coura e não o consigam fazer. Da parte das infraestruturas e o festival, isso está devidamente salvaguardado”, disse João Carvalho, diretor do evento, citado pela Lusa. Ir de autocarro será, porventura, uma das melhores opções para os festivaleiros, que na Rede Expresso terão um desconto de 30% mediante a apresentação do bilhete.
Depois de chegados à Praia Fluvial do Taboão, não há nada a temer: “Temos um plano A, B e C. O plano A é tudo correr naturalmente – o que tem acontecido, ainda não tivemos de recorrer às reservas que temos no recinto. O plano B será a utilização dessas reservas e o plano C é ir a Espanha, aqui ao lado. Temos tudo devidamente assegurado do ponto de vista da logística do festival”, precisou ainda João Carvalho.
Também os habitantes estão a postos para mais uma pacífica “invasão”. No ano passado, o festival que aqui se realiza desde 1993 levou até à localidade minhota concertos como os de Arcade Fire, Blaze, Shame, Marlon Williams, Lucy Dacus e Skepta, e foi visitado por cerca de cem mil pessoas.
QUARTA, 14 DE AGOSTO
Palco Vodafone
18h30 – Bed Legs
19h40 – Julia Jacklin
21h20 – Boogarins
23h15 – Parcels
00h45 – The National
After Hours
2h25 – Kokoko!
3h25 – Nuno Lopes
QUINTA, 15 DE AGOSTO
Palco Vodafone
18h15 – Khruangbin
19h50 – Alvvays
21h10 – Car Seat Headrest
22h50 – New Order
01h00 – Capitão Fausto
Palco Vodafone FM
17h45 – Cave Story
19h05 – Stella Donnelly
20h30 – Boy Pablo
22h00 – Avi Buffalo
After Hours
02h00 – Acid Arab (live)
03h00 – Kristal Klear
SEXTA, 16 DE AGOSTO
Palco Vodafone
18h15 – First Breath After Coma
19h25 – Jonathan Wilson
21h10 – Deerhunter
22h50 – Spiritualized
00h45 – Father John Misty
Palco Vodafone FM
17h45 – Derby Motoreta’s Burrito Kachimba
18h45 – Balthazar
20h30 – Black Midi
22h10 – Connan Mockasin
After Hours
02h00 – Peaking Lights
03h00 – Romare
SÁBADO, 17 DE AGOSTO
Palco Vodafone
18h15 – Ganso
19h35 – Mitski
21h20 – Patti Smith & Her Band
23h15 – Freddie Gibbs & Madlib
00h45 – Suede
Palco Vodafone FM
17h45 – Time For T
18h45 – Alice Phoebe Lou
20h40 – Sensible Soccers
22h20 – Kamaal Williams
After Hours
02h10 – Flohio
02h50 – Jayda G
Patti Smith. Atrás e à frente da lente, do palco à pena
A icónica musa do rock tem, aos 72 anos, sido reconhecida noutras áreas, como a escrita.
Poetisa, intérprete, escritora e artista visual – todas as definições cabem sem conflitos dentro de Patti Smith, que este sábado sobe ao palco em Paredes de Coura juntamente com a sua banda.
A atuação em Portugal dá-se um ano depois de ver a exposição do seu amigo Mapplethorpe fazer estragos em Serralves. Foi em Nova Iorque, cidade para onde se tinha mudado em 1967, que se conheceram. E nos anos 70, os dois também faziam agitar as águas – a capa do álbum Horses, de 1975, é apenas uma das manifestações físicas desse encontro criativo. O álbum foi considerado dos maiores e mais influentes momentos da história do movimento punk rock americano e atirou Patti para o patamar das musas. Uma musa que veio a influenciar os géneros que se foram seguindo, desde o punk rock e o post-rock ao rock alternativo.
Para lá do caminho musical, Patti Smith tem trilhado um aplaudido percurso como fotógrafa. Hoje, aos 72 anos, continua a explorar plasticamente outros territórios. Ainda neste ano chegou às livrarias portuguesas o seu mais recente manuscrito: Devoção. Editado em Portugal pela Quetzal, com tradução de Helder Moura Pereira, o livro onde Smith conjuga a ficção e o ensaio foi originalmente publicado há dois anos. Antes, já tinha escrito dois livros de pendor biográfico: Apenas Miúdos (2011), pelo qual recebeu, no ano anterior, o National Book Award, e M Train (2016).