Pelo menos nove mulheres acusam tenor Plácido Domingo de abuso sexual

Pelo menos nove mulheres acusam tenor Plácido Domingo de abuso sexual


“Tens de ir para casa esta noite?” perguntava constantemente o cantor a uma das alegadas vítimas


O tenor lírico e maestro espanhol Plácido Domingo foi acusado de assédio sexual, praticado entre 1980 e 2002, por nove mulheres. A informação foi avançada numa reportagem da Associated Press (AP) onde se pode ler também que mais de 30 mulheres se cruzaram com o espanhol durante a sua carreira e confirmam histórias controversas. Segundo a agência noticiosa, Domingo beneficiava profissionalmente as mulheres com quem se envolvia e punia aquelas que recusavam os seus avanços. Uma das entrevistadas confessou que a figura pública colocou a mão por debaixo da sua saia e outras três adiantaram que foram obrigadas a beijá-lo. Estes factos criminosos terão ocorrido num camarim, num quarto de hotel e num almoço.

“Um almoço de negócios não é estranho. Aquilo que é estranho é quando alguém tenta agarrar a tua mão durante o mesmo, põe a mão no teu joelho ou está sempre a tocar-te e a beijar-te de alguma forma” afirmou uma das fontes que conversou com a AP. “Tens de ir para casa esta noite?” perguntava constantemente Domingo a Patricia Wulf, a única suposta vítima que aceitou revelar a identidade. A soprano, hoje com 61 anos, disse que, cada vez que abandonava o palco, Domingo aproximava-se de si e, com a cara demasiado próxima da sua, pedia-lhe que dormissem juntos. Na apresentação de ‘Magic Flute’, Wulf estava acompanhada pelo marido Richard Lew e Domingo não desistiu: apertou as suas mãos com força, beijou as suas bochechas e sussurrou à sua orelha “Gostaria de conhecer o meu rival”.

Outra das fontes da AP deixou claro que Domingo “tem alma quando canta e essa alma também está presente no meio dos abusos”, admitindo que se sentia indecisa entre prejudicar a carreira do cantor e fazê-lo ver que o seu comportamento estava errado. “Não é que eu deseje que ele seja punido. Só quero que ele tenha noção daquilo que fez. Quero que ele tenha oportunidade para perceber os danos emocionais, psicológicos e profissionais que provocou”, rematou.

Aquele que é um dos cantores de ópera mais famosos do mundo respondeu ao contacto da AP e, em comunicado, disse que “as alegações destas pessoas anónimas, que remontam a situações com mais de 30 anos, são profundamente graves e, tal como foram apresentadas, imprecisas”, acrescentando igualmente que é “doloroso” perceber que “incomodou alguém ou fez uma pessoa sentir-se desconfortável independentemente do tempo que tenha passado”. Porém, o tenor que em 2008 já havia cantado 128 papéis, reconhece que “as regras e os padrões mudaram” e que se sente “abençoado e privilegiado” por contar com mais de 50 anos de carreira.