O “agravar das incertezas macroeconómicas” e a “perspetiva de manutenção de taxas de juros negativas” são as justificações apontadas pelo presidente executivo do Millennium BCP como as principais razões para a desvalorização das ações do banco. Ainda assim, Miguel Maya disse que está “convicto” em relação ao cumprimento do plano estratégico até 2021. “Estou convicto que as principais metas do plano estratégico (2018-2021) que apresentámos ao mercado serão cabalmente cumpridas, não obstante a maior complexidade do enquadramento macroeconómico, pois a capacidade de entrega das equipas do banco e o reforço da dinâmica comercial que temos vindo a apresentar ao mercado, trimestre após trimestre, permitirá compensar a perda de receitas decorrente das pressões sobre a margem financeira”, referiu à Lusa.
Mas apesar de admitir – sem especificar – alguns “ajustes” a aspetos do plano estratégico, responsável garante que as metas estabelecidas “são para cumprir”. “Não divulgamos ajustes às iniciativas que contemplámos no plano estratégico – que naturalmente os há, pois o contexto alterou-se – mas comprometemo-nos com metas e essas metas são para cumprir”, diz.
Maya foi mais longe e afirmou que “a forma de estar do Millennium BCP nos últimos anos passa por definir um plano, implementar o plano, ajustar iniciativas [e] cumprir o plano”, Miguel Maya acredita que “a evolução nos próximos trimestres permitirá comprovar o valor do Millennium” que “os mercados farão, a seu tempo, uma apreciação menos marcada pelas incertezas macroeconómicas do presente”.
Quanto aos fatores que poderão estar na base da desvalorização dos títulos do banco, que na segunda-feira negociaram abaixo de 20 cêntimos, pela primeira vez em quase dois anos, o presidente executivo considerou que “a ação do Millennium tem reagido de forma muito intensa à alteração da perceção dos mercados sobre as implicações para o setor bancário de uma conjuntura macroeconómica”.
Uma conjuntura que, de acordo com o responsável, é “caracterizada pela elevada imprevisibilidade e marcada pelo arrefecimento do crescimento económico mundial, pelas fortes tensões comerciais globais, pela maior probabilidade de um hard Brexit e pela crise política em Itália”.
Títulos da Pharol Ainda esta semana, o BCP garantiu que “não tem intenção de deter ações da Pharol” e que “o natural é vender” a posição que detém na empresa ex-PT, da qual passou a deter quase 10% dos direitos de voto. A instituição financeira foi mais longe ao garantir que “os financiamentos que efetua compreendem garantias”, acrescentando que cabe ao mesmo assegurar os seus direitos em caso de incumprimento.
Em causa está um financiamento concedido pelo banco liderado por Miguel Maya à High Bridge tendo como garantia financeira associada a participação no capital da Pharol.
No entanto, na sequência da entrada em incumprimento por parte da High Bridge, o BCP acionou a garantia e, como tal, passaram a ser imputados ao banco os direitos de voto associados às ações em causa (que continuam, contudo, a ser detidas pela High Bridge).
“No financiamento que também tem como colateral ações da Pharol, o Millennium bcp não transferiu as ações para a sua propriedade, tendo apenas prestado informação sobre o direito acionado, a quem competia”, disse o BCP.
A instituição financeira revelou ontem, esta segunda-feira, num comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), que a Pharol (ex-Portugal Telecom) recebeu do BCP a notificação de participação qualificada referente a 9,99% dos direitos de voto da empresa, com efeitos desde 30 de julho passado.