“Está no pensamento dos responsáveis federativos fazer disputar uma Supertaça todos os anos…” Isto dizia-se no dia 17 de agosto de 1979. Enfim, era uma experiência, no fundo. Assim a modos como acontecera com a Taça Império, em 1944, na inauguração do Estádio Nacional. Dessa vez, não andou. Desta lá foi, começando aos trambolhões, em jeito de jogos meio clandestinos. Nem tinha nome. Era só Supertaça. O Cândido de Oliveira veio mais tarde.
Nesse dia 17 de agosto, nas Antas, até o número de substituições e a fórmula de desempate foram acertados em cima da hora. Nas Antas porque sim, diria o povinho: o FC Porto mandava mais, afirmava que iria garantir mais público. Jogo único, portanto, entre o vencedor do campeonato, instalado em casa, e o vencedor da Taça de Portugal, obrigado a uma deslocação curta. Ora, a verdade é que se os portistas já tinham perdido uma final em casa (frente ao Leixões), acabariam por perder também esta taça super que de super teve sempre muito pouco, graças a dois golos de Júlio contra um de Romeu, o bom Romeu da cabeça de cenoura, que lá reduziu aos 77 minutos mas de pouco serviu, porque o Boavista ia em 2-0, ao primeiro e ao 62.o minuto.
Uma proeza caída no esquecimento? Não há como negá-lo. Quantos se recordarão ainda daquele lance de Taí, mal o árbitro Silva Pereira apitou para o início, a destratar uns defesas contrários antes de isolar o companheiro para o tento inaugural? Poucos, certamente. Em seguida veio de lá o FC Porto de Pedroto, com Frasco e Costa e Gomes e Albertino (mais tarde, também Duda), caindo sobre o adversário, desbobinando futebol de ataque, rendilhado tal como o Zé do Boné gostava. O Boavista enfiou-se nas suas tamanquinhas, o Matos e o Barbosa, o Adão e o Taí metidos em sarilhos, os empurrões a sucederem-se, os ânimos a azedarem, uma bola na trave, outra no poste e, de repente, o contra-ataque e assunto praticamente resolvido, até porque Gomes resolveu falhar um penálti e, assim sendo, deu moral aos rapazes das camisolas esquisitas, como lhes chamou um dia o guarda-redes do Inter, Walter Zenga, que na fase do canela contra canela, cabeça contra cabeça, não eram tanto de levar e bem mais de dar.
Barbosa seria expulso no último minuto e ponto final. Artur lá levantou a primeira Supertaça, a tal que estava à experiência e foi ficando, ficando, ficando, até que ficou mesmo e já tem nova edição não tarda nada, no domingo que vem.