À semelhança das temperaturas recorde registadas no final do mês de junho, esta vaga de calor na Europa foi provocada por uma massa de ar quente vinda do norte de África e de Espanha, sendo fruto de ação humana. “As ondas de calor intensas carregam a assinatura das mudanças climáticas provocada pela ação do homem. São consistentes com as descobertas científicas que mostram evidências de eventos de calor mais frequentes, prolongados e intensos, já que as concentrações de gases com efeito de estufa levam a um aumento nas temperaturas globais”, explicou Johannes Cullman, diretor do Departamento do Clima e Água da Organização Mundial de Meteorologia das Nações Unidas (OMM).
A Administração dos Oceanos e da Atmosfera norte-americana confirmou que o último mês de junho foi o mais quente alguma vez registado, tanto na superfície terrestre como na superfície marítima – um facto já confirmado pela NASA, pelo Centro Copérnico (europeu) e pela Agência Meteorológica do Japão. Nove dos últimos dez meses de junho registaram as temperaturas mais altas para aquela altura do ano, segundo a OMM. É a 43.a vez que um mês de junho regista temperaturas acima da média do séc. xx – e o 414.o mês consecutivo, ou seja, em mais de 34 anos.
Além da Europa, em partes da Ásia, África, América do Sul e do norte do Oceano Índico, os termómetros também registaram as temperaturas mais quentes desde que há registo. O fenómeno mais insólito ocorreu no círculo Ártico. Na Gronelândia, Sibéria, norte da Escandinávia e Alasca houve várias florestas devastadas por incêndios. Só desde o início do mês, registaram-se mais de cem. A quantidade de dióxido de carbono emitida pelo círculo Ártico em junho foi maior do que a totalidade de CO2 lançada nos últimos nove anos. * Texto editado por Marta F. Reis