Quanto vale a nossa floresta?


Olhando para o histórico dos fogos em Portugal, a apreciação é sempre a mesma: este flagelo não tem comparação com o resto da Europa. A conclusão é que, efetivamente, somos mais afetados pelos incêndios e, por isso, a segunda pergunta que se impõe é: temos investido na prevenção e combate?


As decisões são, por norma, tomadas com um coeficiente de economicismo elevado, em virtude da receita e da despesa. Não se investe sem ter em conta o resultado e o mesmo acaba por influenciar o nível de investimento. Por isso, a pergunta que se tem de fazer é: quanto vale a nossa floresta?

Olhando para o histórico dos fogos em Portugal, a apreciação é sempre a mesma: este flagelo não tem comparação com o resto da Europa. A conclusão é que, efetivamente, somos mais afetados pelos incêndios e, por isso, a segunda pergunta que se impõe é: temos investido na prevenção e combate?

Provavelmente, a teoria aqui divide-se. Haverá quem defenda que sim, que os sucessivos Governos têm feito esforços consideráveis na dotação de meios às corporações de bombeiros e proteção civil. Assim como apertado a malha na prevenção dos mesmos na época de defeso.

Por outro lado, haverá quem considere que esse investimento e prevenção ficam longe do desejado.

A verdade é que, considere-se muito ou pouco, acertado ou errado, o resultado não é o esperado e os custos deste flagelo vão-se acumulando e aumentando. Verdade também é que a aposta e o investimento continuam a ser realizados nos modelos convencionais. É como estar a prescrever o mesmo medicamento a um doente que, ao invés de melhorar, todos os anos vai agravando a sua enfermidade.

Não estará na altura de equacionar outro tipo de terapia, sobretudo ao nível da prevenção e reação?

Não me pronuncio no que toca ao combate, pois estou longe de ser especialista, mas no que toca à prevenção e resposta rápida podemos aproveitar o momento para pensar fora da caixa, a um preço irrelevante para o Estado e, quem sabe, sendo pioneiros a resolver, ou minorar, este problema.

Em tempos falei aqui do 5G e das valências que esta nova tecnologia poderia ter na nossa economia, funcionando como uma verdadeira ferramenta para o desenvolvimento do nosso país.

Estamos atualmente a definir o plano de implementação do 5G em Portugal e a questão em torno deste assunto é saber onde, como e porquê queremos introduzir o 5G.

Há modelos para todos os gostos. Contudo, nos diversos países onde a tecnologia vai ser (ou está a ser) implementada, há um rationale agregado ao caminho que se quer seguir.

Queremos ombrear com Estados, como a Coreia do Sul, que vai cobrir o país com 5G alinhando com a estratégia tecnológica iniciada há décadas? Ou queremos, como já aqui defendi, utilizar esta ferramenta para impulsionar setores chave da nossa economia como a agricultura, as pescas ou o turismo?

As possibilidades e potencialidades do 5G são incomensuráveis e o que esta ferramenta permite está muito para lá da compreensão do ser humano comum.

Por isso, uma vez mais pergunto: quanto vale a nossa floresta? O que retiramos da mesma e que impacto tem a sua devastação na nossa economia? Qual o saldo do investimento que fazemos face às perdas que temos vindo a acumular?

Na minha opinião, em Portugal, a aposta no 5G poderia ser feita de forma a criar condições para aumentar a nossa competitividade e criar valor na nossa economia. Pode ser feita atendendo às lacunas que podemos colmatar com o uso desta tecnologia.

Deve olhar para o valor da nossa agricultura, do nosso mar e, claro, das nossas florestas. Neste último caso, não só estaríamos a protegê-las como, ao mesmo tempo, a combater a desertificação do interior.

Lançar 5G no interior, junto das nossas florestas, produções agrícolas e aldeias rurais, é promover a atração de investimento privado. É criar condições para o investimento na prevenção e detenção de fogos recorrendo à tecnologia. E o mais interessante é que, neste caso, o investimento público seria residual.

 

Escreve à quinta-feira