1. A propósito do grande incêndio que durante o passado fim-de-semana atingiu o concelho de Mação, foi bastante esclarecedor que o Ministro da Administração Interna tenha ido à televisão (RTP) afirmar o seguinte: "O senhor presidente da Câmara de Mação, com quem estive hoje à tarde, vejo com desgosto que – aquilo que julgava ser uma perturbação motivada pela tensão da ocorrência que estava a passar-se no seu concelho – optou por não promover a ativação do Plano Municipal de Emergência, não dar qualquer cooperação ao esforço de Proteção Civil e ser verdadeiramente um comentador televisivo".
O Ministro Eduardo Cabrita lamenta assim, com profunda tristeza que um autarca possa fazer exactamente o mesmo que ele acabara de fazer naquele comovente momento de televisão. Extraordinário!
Depois do Primeiro-Ministro ter tido o desplante de publicamente responsabilizar o autarca – ainda que de uma forma subliminar – pelo trágico incêndio ocorrido, ao ter referido com a deselegância do costume: " não digo aos autarcas o que é que devem fazer para prevenir os riscos de incêndio", o que de resto se compreende perfeitamente, por ser, de facto, uma matéria que manifestamente não domina. E perante a gritante demonstração de incompetência com que uma vez mais o seu Governo lidou com o respectivo combate às chamas, é legítima e perfeitamente natural que o autarca de Mação reagisse também publicamente na entrevista que deu à comunicação social.
Resumindo, o Governo acusa levianamente um autarca por um facto, numa inqualificável tentativa de auto-desresponsabilização pelo que quer que seja, esperando com a maior das naturalidades desse mesmo líder político local o mais severo silêncio, por forma, a que se possa cumprir pela ausência de contraditório, a popular ideia do "quem cala consente".
Ora, não se calando nem consentindo, o Presidente da Câmara de Mação resolveu, e muito bem, denunciar a falhas que ocorreram no combate ao fogo e revelar algumas questões pertinentes da relação concreta entre o Governo e as autarquias locais relativamente à tal política de prevenção de risco e ao combate de incêndios que, pelos vistos, tem sido afinada por diferentes diapasões, consoante a harmonia partidária entre o Governo e a Autarquia em questão…
Este é, pois, um excelente exemplo do tipo de raciocínio conceptual que sustenta a dogmática definição de "reacção". Uma expressão exaustivamente usada no léxico político português durante toda a década de 70 e boa parte da de 80 do século passado, tendo atingido o seu apogeu durante o período revolucionário do pós-25 de Abril de 1974.
Posto isto, dirijo-me abertamente a Vasco Estrela, Presidente da Câmara deste concelho, cuja área ardida atinge uns impressionantes 95%.
Exmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal de Mação, lamento imenso, mas como vê, o senhor é um "reaccionário"…
Não obstante, presto-lhe a minha solidariedade, estando ao seu lado e ao lado de todos os maçaenses que em Outubro entendam, por bem, apresentar nas urnas uma merecida e contundente MAÇÃO DE CENSURA a este Governo.
2. Independentemente das qualidades e competências académicas e políticas do novo Primeiro-Ministro britânico, uma coisa é certa. Confirma-se de forma muito clara que estamos definitivamente numa era política mundial de pura excentricidade quanto ao tipo de personalidade das lideranças.
Boris Johnson a quem poderíamos carinhosamente apelidar de “BoJo” é disso mesmo o mais recente e belíssimo exemplar. A par, aliás, de outros em que se inclui o incontornável Donald Trump, cujas parecenças físicas em geral e capilares em particular, são arrepiantes.
Há uma expressão muito inglesa que nunca fez tanto sentido usar como agora neste tempo de perfeita loucura democrática…"GOD SAVE THE QUEEN".