Disneylândia. O lado negro do parque de diversões mais famoso do mundo

Disneylândia. O lado negro do parque de diversões mais famoso do mundo


Trabalhadores admitiram a uma das herdeiras deste império que muito dificilmente conseguem manter um sorriso na cara e terem uma atitude calorosa quando chegam a casa. Onde está o sítio mais feliz do mundo?


Uma das herdeiras da fortuna do império Disney, Abigail Disney, esteve num dos parques temáticos da marca e ficou chocada com o que viu: empregados tristes, com salários miseráveis, revoltados com as políticas da empresa e do seu CEO, que recebe mais de 58 milhões de euros por ano.

Ao site da Yahoo, Abigail explicou que decidiu ir a um dos parques Disneylândia depois de receber uma mensagem de um dos seus empregados, através do Facebook. “Fui a Anaheim [na Califórnia] para perceber a situação que me era descrita e o contexto daquela mensagem”, explicou.

Quando chegou ao “sítio mais feliz do mundo”, como é descrito por muitos, percebeu que esse espírito não passava de uma fachada que está prestes a desmoronar-se – os trabalhadores estão cansados e cada vez mais revoltados com os salários pagos e as condições dadas aos funcionários.

“Todas as pessoas com quem falei diziam-me que não sabiam como conseguiam manter um sorriso na cara e uma atitude simpática e calorosa quando, ao chegar a casa, tinham de procurar comida no caixote de lixo mais próximo”, recordou Abigail.

A neta de Roy Disney (irmão de Walt Disney, o criador de Mickey e das outras personagens) diz que este não é o ambiente que o seu avô e o seu tio idealizaram. “Quando saí de lá, estava incrédula. O meu avô ensinou-me a respeitar as pessoas que satisfaziam os nossos pedidos, que nos serviam as bebidas. Essas pessoas fazem parte da receita para o sucesso”, afirmou.

E este não é o único problema com os salários da Disney: este mês, o Guardian noticiou que quatro mulheres avançaram com um processo em tribunal contra a empresa por existir uma grande diferença entre os salários pagos a homens e mulheres. Este caso junta-se assim a um megaprocesso que deu entrada em abril, no qual várias funcionárias alegam que a Disney tem uma política de baixos salários para as mulheres. A companhia já veio a público negar todas as acusações.

Abigail não integra a empresa criada pelo seu avô, mas faz questão de estar a par de tudo o que se passa na Disney. Aliás, a herdeira de Roy Disney decidiu enviar uma carta ao CEO da Walt Disney Company, Bob Iger, a expressar a sua preocupação.

“Escrevi a Bob Iger um e-mail extenso a dizer que ele tinha oportunidade de mudar as coisas (…). Ele tem de perceber que é um empregado, tal como as pessoas que tiram as pastilhas que estão agarradas aos passeios”, afirmou. Mas nunca obteve resposta.

Questionada acerca dos problemas pela Yahoo News, a Walt Disney Co. disse que a empresa “está na linha da frente no que diz respeito às bolsas de estudos para os seus funcionários, considerada a melhor forma de criar oportunidades de ascensão na carreira. Os trabalhadores americanos merecem políticas de trabalho inteligentes e programas práticos como estes, que os incentivam a atingir os seus objetivos e a reforçar a sua posição no mercado de trabalho mais competitivo do mundo”.

Quanto custa manter uma Disneylândia aberta? Nos EUA, manter um parque da Disney custa uma pequena fortuna. Segundo as contas da Yahoo, a empresa gasta cerca de 350 mil euros por dia com os mais de 200 mil empregados.

As montanhas-russas consomem outra grande fatia do orçamento: a Disney gasta diariamente cerca de 6600 euros na segurança das 88 atrações para garantir que não há acidentes.

E são necessárias mais de 600 pessoas para apanhar todo o lixo que os milhões de visitantes deixam todos os dias nos parques de diversão. Estas pessoas ganham cerca de nove euros à hora, o que dá um total de 24 mil euros por ano.

De acordo com a Yahoo, ao todo, a Walt Disney Company gasta cerca de três milhões de euros por dia para manter os parques dos EUA. Isto significa um esforço anual de 9,5 mil milhões.

Este número pode parecer assustador para muitos, mas a verdade é que é algo perfeitamente normal para a carteira dos acionistas da Disney.

Segundo dados da plataforma Statista, a Walt Disney Company teve, em 2018, uma receita de 53 mil milhões de euros. Entre 2006 e 2018, as receitas da empresa cresceram 76%.

Milhares de euros para visitar todos os parques Se é um fã incondicional da Disney, saiba que existem 12 parques espalhados pelo mundo todo – quatro na Florida, dois na Califórnia, dois em Tóquio, dois em Paris, um em Hong Kong e um em Xangai. Destes, quatro são as conhecidas Disneyland e os restantes são parques temáticos.

O site Go Banking Rates fez uma estimativa de quanto uma pessoa gastaria este ano, na época alta, se quisesse passar por todos os parques desta marca.

Para passar por todas as atrações seriam necessários cerca de 6100 euros. No entanto, este valor inclui apenas entradas em todos os parques, alojamento, alimentação e transfer do aeroporto na Florida, transporte do hotel para o parque na Califórnia.