UE. VDL faz promessas de última hora para conquistar presidência

UE. VDL faz promessas de última hora para conquistar presidência


Von der Leyen prometeu uma reforma climática nos primeiros 100 dias do seu mandato. A conservadora tem o apoio da maioria dos socialistas. 


A candidata do Partido Popular Europeu, Ursula Von der Leyen, enfrenta esta terça-feira o voto de nomeação para presidente da Comissão Europeia, no Parlamento Europeu em Estrasburgo. A candidata a sucessora de Jean-Claude Juncker fez concessões de última hora para tentar ser a próxima líder do Executivo europeu.

Crise climática, Brexit, seguro de desemprego e quotas de género para impor às direções das empresas foram as medidas prometidas por Von der Leyen em cartas enviadas aos socialistas e aos membros do grupo Renovar Europa esta segunda-feira. Além disso, a alemã prometeu dar ao Parlamento um papel crucial na iniciativa legislativa.

Uma das grandes concessões da conservadora aos socialistas e liberais foi a promessa da implementação, nos primeiros 100 dias do seu mandato, de uma lei de neutralidade carbónica até 2050. De forma a atingir este objetivo, propôs um plano de redução de 55% das emissões de CO2 até 2030, de acordo com o impacto social, económico e ambiental de cada país, para assegurar “igualdade de condições”.

Von der Leyen também assegurou que utilizaria a “total flexibilidade” do Pacto de Estabilidade e Crescimento, para “uma orientação mais favorável ao crescimento na zona euro, salvaguardando, ao mesmo tempo, a responsabilidade fiscal”.

A conservadora mencionou ainda, nas cartas enviadas aos socialistas e liberais, a necessidade de reformular a Convenção de Dublin, que regula as leis migratórias da União Europeia. A candidata defendeu um “novo começo”, tendo como objetivo chegar ao número de 10 mil guardas fronteiriços europeus até 2024.

A ainda ministra da Defesa alemã enfrenta a oposição de várias forças políticas: de alguns socialistas europeus; dos verdes e do Partido de Esquerda europeia.

Os sociais-democratas alemães (SPD) anunciaram o seu voto contra, embora um dos seus pesos pesados, ex-líder do SPD,  Sigmar Gabriel, tenha manifestado o seu apoio a Von der Leyen no fim de semana passado. Com os sociais-democratas alemães, devem votar contra a nomeação de Von der Leyen os socialistas franceses e belgas, que representam apenas 26 votos, no universo de 154 deputados do grupo Socialista Europeu.

Já António Costa expressou o seu claro apoio à candidata conservadora, garantindo o voto favorável à sua nomeação por parte dos socialistas portugueses. “Saúdo a carta de Von Der Leyen com compromissos bastante claros na defesa do Estado de direito, na ambição da transição para a neutralidade carbónica, na promoção da igualdade de género, na defesa de uma maior solidariedade na política migratória”, escreveu o primeiro-ministro  no Twitter.

A candidata conservadora  tem o apoio de todos os 182 eurodeputados do Partido Popular Europeu, incluindo os nacionalistas polacos do partido Lei e Justiça. Ainda é incerto se terá o voto de todos os 108 parlamentares do Renovar Europa.

Von der Leyen fará um discurso esta terça de manhã, antes da votação, que se realizará ao início da tarde. A alemã necessita de 376 votos, dos 751 eurodeputados, para ser nomeada presidente da Comissão Europeia.

Se atingir esse número de votos, tomará posse no dia 1 de novembro. Ainda assim, muitos analistas indicam que, caso não ultrapasse a fasquia dos 400 votos, Von der Leyen terá muitas dificuldades em liderar a máquina europeia.

* texto editado por José Cabrita Saraiva