As motos continuam a conquistar os portugueses. Ainda assim, de acordo com os últimos dados divulgados pela Associação Automóvel de Portugal (ACAP), em junho assistiu-se pela primeira vez a uma redução de vendas desde o início do ano. No mês passado verificou-se uma quebra de 5,8% face a junho do ano anterior, tendo sido matriculadas 3403 unidades. No entanto, desde janeiro foram matriculadas 16 184 motas, um aumento de 11,3% face ao período homólogo.
Destes, particular incidência nos motociclos até 125 cc ao serem registadas 1739 matrículas só em junho (7296 desde janeiro, um aumento de 9,9% face a igual período do ano passado).
Mas nem tudo são vantagens. Os principais obstáculos surgem no momento da realização do seguro. Pela natureza do risco envolvido, muitas seguradoras põem entraves na subscrição do seguro para motas. Regra geral, só aceitam cobertura de responsabilidade civil, ou seja, apenas sobre danos materiais (no valor de 600 mil euros) e corporais (no valor de 1,2 milhões de euros). É este o mínimo que a lei exige. A verdade é que, na generalidade dos casos, é mais difícil fazer um seguro para moto do que para um carro.
Há ainda outras condicionantes impostas pelas companhias e que acabam por influenciar o preço a pagar. Se, por um lado, a probabilidade de ter um acidente é maior no caso de uma moto, há, por outro lado, vários fatores que ditam o valor a cobrar e que acabam por penalizar o prémio final. Um seguro para uma pessoa de 18 anos será diferente do de um indivíduo com mais de 25 anos. Também a cilindrada e o modelo do motociclo são outros fatores com influência nas companhias de seguros, assim como a zona de residência.
Mais entraves Mas as dificuldades não ficam por aqui. A grande maioria das seguradoras só aceita fazer um seguro para uma moto se o condutor já for cliente ou se tiver um cadastro limpo. Se isso não acontecer, então essa tarefa pode ser vista quase como uma “missão impossível”.
O certo é que a maioria das companhias não colocam entraves, mas algumas continuam a exigir clientes com cadastro limpo, ou seja, sem acidentes declarados, bem como um pacote com outros seguros.
Outro entrave diz muitas vezes respeito à contratação de uma cobertura mais abrangente, como a de danos próprios. Regra geral, é mais fácil para quem tiver uma boa carteira de seguros ou optar por comprar moto através de leasing. Nesse caso, além da responsabilidade civil, as locadoras exigem seguro de danos próprios do veículo. Este cobre os prejuízos causados por choque, colisão, capotamento, incêndio, raio, explosão e furto ou roubo, quando não há um terceiro responsável. Por exemplo, basta perder o equilíbrio e bater num carro parado na rua, causando danos na chapa e na pintura, que a reparação fica por conta da seguradora.
No entanto, no caso de o condutor ter dificuldade em subscrever um seguro para motos não deverá ficar de braços cruzados. Perante essa dificuldade deve reunir as declarações de recusa de três seguradoras e apresentar as mesmas na Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) – antigo Instituto de Seguros de Portugal (ISP) –, que se encarregará de nomear uma.
Além disso, quando estiver a comparar as várias propostas, não se esqueça que deve ter em conta se as mesmas são comparáveis, já que há pacotes que umas seguradoras podem contemplar e outras não. Para comparar diferentes propostas com rigor, deve definir primeiro as coberturas que lhe fazem realmente falta ou se justificam.
Maior segurança O Governo tem previstas medidas para reduzir o número de acidentes e fatalidades que pretende implementar até 2020. Entre elas estão incentivos à compra de motas mais seguras e a obrigatoriedade de uso de mais equipamentos de segurança.
No entanto, este aumento poderá ser resultado, em parte, de um maior uso de veículos motorizados de duas rodas.
Outra alteração diz respeito à obrigatoriedade de fazer inspeção a motas mas, para já, limitada aos motociclos, triciclos e quadriciclos com cilindrada superior a 250 cm3. As regras são iguais às dos carros: quatro anos após a data da primeira matrícula e, em seguida, de dois em dois anos, até perfazerem oito anos; a partir daí, a inspeção é feita anualmente.
Esta medida tem vindo a ser criticada pela Associação Nacional de Centros de Inspeção Automóvel (ANCIA), que defende que a legislação deve contemplar todos os outros motociclos, à imagem daquilo que já acontece, por exemplo, nos Açores (desde 1994) e em Espanha (1998), onde motociclos, triciclos e quadriciclos são inspecionados, e com resultado bastante positivo na redução da sinistralidade.