O incrível Jonas


Quando o benfica contratou Jonas em 2014, com 30 anos, julguei que era um caso perdido. Uma fantasia de Jorge Jesus. Ele vinha do Valência, que o dispensara sem encargos, chegando a Lisboa a custo zero. E o responsável pela sua dispensa nem sequer era um espanhol, mas um português, Nuno Espírito Santo.


A verdade é que, na Luz, Jonas começou na penumbra. Não jogava nem sequer se sentava no banco dos suplentes. Até que num jogo da Taça da Liga, se não erro, entrou em campo e marcou os dois golos que decidiram a eliminatória. Foi contra uma equipa secundária, é certo, mas que até aí fizera o Benfica passar um mau bocado.

A partir desse jogo, é o que se sabe: Jonas passou a marcar golos de todas as formas e feitios. De pé direito, de pé esquerdo, de cabeça, dentro da área, fora da área, de longe e em cima da linha de baliza.

Exceção feita aos jogos internacionais, onde nunca brilhou, foi um fartote. Os seus golos foram decisivos em vários campeonatos e sobretudo num em que o Benfica, se perdesse pontos, perdia o título. Jesus tinha-se mudado para o Sporting e semana a semana perseguia o líder Benfica, que não cedia. Nalguns desses jogos, foi Jonas quem marcou o golo salvador, às vezes à beira do fim.

O Benfica deve-lhe, pelo menos, esse título de campeão.

Para explicar a performance brilhante de um jogador dado como acabado falou-se na diferença de tática. Enquanto o Valência jogava com um avançado entalado entre os defesas, sem se poder mexer, o Benfica jogava com dois avançados – o que garantia a Jonas mais liberdade de movimentos.

Só que Rui Vitória decidiu mudar de tática e passar a jogar como o Valência, apenas com um jogador na frente, e Jonas continuou a marcar. Aí, as dúvidas acabaram: Jonas era mesmo um predestinado, um homem nascido para marcar golos.

Depois de começar a falar-se na lesão nas costas, Jonas ainda jogou muitos jogos e marcou muitos golos. Teve períodos de afastamento, pensou-se que arrumaria as chuteiras, mas regressava sempre e conseguia voltar a ser titular.

Até à época passada. Em que começou a jogar com cada vez menos regularidade. E, embora mostrasse o perfume do seu futebol quando entrava em campo, via-se que o fazia com esforço, sem a alegria do passado. Até decidir acabar a carreira, na passada quarta-feira.

Este caso lembra-me o de Óscar Cardozo – curiosamente, o único avançado estrangeiro que, no Benfica, marcou mais golos do que Jonas. Julgo que os problemas físicos de ambos são parecidos. Cardozo saiu do Benfica para a Turquia porque já não conseguia controlar as dores. Só que, cinco anos passados, continua a jogar – e ainda no mês passado integrou a seleção do seu país, o Paraguai!

Será que Jonas lhe vai seguir as pisadas e continuar a dar chutos noutras paragens?


O incrível Jonas


Quando o benfica contratou Jonas em 2014, com 30 anos, julguei que era um caso perdido. Uma fantasia de Jorge Jesus. Ele vinha do Valência, que o dispensara sem encargos, chegando a Lisboa a custo zero. E o responsável pela sua dispensa nem sequer era um espanhol, mas um português, Nuno Espírito Santo.


A verdade é que, na Luz, Jonas começou na penumbra. Não jogava nem sequer se sentava no banco dos suplentes. Até que num jogo da Taça da Liga, se não erro, entrou em campo e marcou os dois golos que decidiram a eliminatória. Foi contra uma equipa secundária, é certo, mas que até aí fizera o Benfica passar um mau bocado.

A partir desse jogo, é o que se sabe: Jonas passou a marcar golos de todas as formas e feitios. De pé direito, de pé esquerdo, de cabeça, dentro da área, fora da área, de longe e em cima da linha de baliza.

Exceção feita aos jogos internacionais, onde nunca brilhou, foi um fartote. Os seus golos foram decisivos em vários campeonatos e sobretudo num em que o Benfica, se perdesse pontos, perdia o título. Jesus tinha-se mudado para o Sporting e semana a semana perseguia o líder Benfica, que não cedia. Nalguns desses jogos, foi Jonas quem marcou o golo salvador, às vezes à beira do fim.

O Benfica deve-lhe, pelo menos, esse título de campeão.

Para explicar a performance brilhante de um jogador dado como acabado falou-se na diferença de tática. Enquanto o Valência jogava com um avançado entalado entre os defesas, sem se poder mexer, o Benfica jogava com dois avançados – o que garantia a Jonas mais liberdade de movimentos.

Só que Rui Vitória decidiu mudar de tática e passar a jogar como o Valência, apenas com um jogador na frente, e Jonas continuou a marcar. Aí, as dúvidas acabaram: Jonas era mesmo um predestinado, um homem nascido para marcar golos.

Depois de começar a falar-se na lesão nas costas, Jonas ainda jogou muitos jogos e marcou muitos golos. Teve períodos de afastamento, pensou-se que arrumaria as chuteiras, mas regressava sempre e conseguia voltar a ser titular.

Até à época passada. Em que começou a jogar com cada vez menos regularidade. E, embora mostrasse o perfume do seu futebol quando entrava em campo, via-se que o fazia com esforço, sem a alegria do passado. Até decidir acabar a carreira, na passada quarta-feira.

Este caso lembra-me o de Óscar Cardozo – curiosamente, o único avançado estrangeiro que, no Benfica, marcou mais golos do que Jonas. Julgo que os problemas físicos de ambos são parecidos. Cardozo saiu do Benfica para a Turquia porque já não conseguia controlar as dores. Só que, cinco anos passados, continua a jogar – e ainda no mês passado integrou a seleção do seu país, o Paraguai!

Será que Jonas lhe vai seguir as pisadas e continuar a dar chutos noutras paragens?