Estádios. Nova obra à vista – Milão despede-se do mítico Giuseppe Meazza

Estádios. Nova obra à vista – Milão despede-se do mítico Giuseppe Meazza


Milan e Inter apresentaram oficialmente o projeto para o novo estádio. Os emblemas italianos seguem desta forma o passo já dado por vários colossos europeus no sentido da modernização.


Entre verdadeiras obras de arte e projetos megalómanos têm sido vários os clubes europeus a anunciar obras em casa.

Mas há mesmo quem já as tenha concluído, como é o caso do Tottenham que, no final de março passado, inaugurou o seu novo recinto depois de ter apresentado o projeto há… 12 anos, em 2007.

Na verdade, os spurs previam que as obras estivessem concluídas em 2018, mas um atraso na construção das novas infraestruturas obrigou o conjunto inglês a jogar por mais uns tempos em Wembley, casa de acolhimento durante o processo de renovação. O resultado já está, entretanto, à vista de todos, com destaque desde logo para a capacidade deste New Tottenham Hotspur Football Stadium, com espaço nas bancadas para 62 mil pessoas, tornando-se desta forma o segundo estádio com maior assistência na Premier League, só atrás do Old Trafford, do Manchester United, com capacidade para 75 mil pessoas.

A despedida do White Hart Lane – nome do antigo estádio dos spurs que o clube deixou cair, de modo a conseguir vender o naming do recinto – custou, de resto, qualquer coisa como 1,5 mil milhões de euros. Entre as várias particularidades, com destaque para as tecnológicas, é de notar o relvado removível que permite que este recinto se transforme em muito mais do que apenas um estádio de futebol: em apenas 25 minutos – tempo que demora a fazer a troca de piso –, o estádio fica preparado para receber encontros da Liga norte-americana de futebol (NFL), concertos ou outros eventos.

Ainda em terras inglesas, o Chelsea terá um Stamford Bridge ampliado, passando de 41600 para 60 mil espetadores. E , sendo que Roman Abramovich, o proprietário multimilionário, assume um desejo: que a fachada do novo recinto se assemelhe a uma catedral. O projeto está avaliado em mais de 850 milhões de euros e a inauguração prevista para 2024/25. Já o Liverpool pretende fazer obras de ampliação de Anfield, para aumentar a capacidade atual de 55 mil pessoas, com orçamento avaliado em 126 milhões de euros.

A guerra em Milão Em Milão, nem todos parecem estar de acordo com o que aí vem. A demolição do mítico Giuseppe Meazza, inaugurado na década de 1920, não parece ser consensual, mas o projeto de construção de um novo estádio para o Inter e AC Milan foi mesmo para a frente, tendo sido oficialmente apresentado nesta quarta-feira. De notar que a ideia inicial até começou por ser a construção de um novo estádio para o AC Milan, mas os dois emblemas italianos que moram juntos no atual San Siro, acabaram por chegar a acordo e avançar em conjunto para a compra da casa nova. “O AC Milan e o Inter Milão comunicam que assinaram um acordo para oficializar a vontade de trabalhar juntos num projeto tendo como objetivo um estádio moderno e de vanguarda”, pode ler-se no comunicado divulgado pelos dois clubes.

Depois da polémica em torno da eventual demolição, os dois emblemas milaneses informaram ainda que “estão a pensar numa série de opções possíveis, incluindo a remodelação de San Siro, e começaram as atividades de análise das várias alternativas através da formação de um grupo de trabalho”.

Sem previsão para a inauguração, Inter e AC Milan acreditam, porém, que a fase de estudo seja concluída ainda este ano, demonstrando vontade de “avançar rapidamente com o projeto para entregar aos adeptos um estádio moderno e no menor tempo possível”.

Apesar de ter atual capacidade para 80 mil pessoas, os dois clubes pretendem que o novo estádio não passe de uma assistência de 60 mil, sendo que o caminho obrigatório tem em vista a modernização de forma a oferecer melhores condições aos respetivos adeptos. “Esta proposta marca o primeiro passo dos dois clubes nesta caminhada para a construção de um moderno, sustentável e acessível estádio de classe mundial no distrito urbano de San Siro”, explicam na mesma nota.

Apesar de não terem sido revelados valores, a imprensa italiana avançou que a obra deverá estar orçada em 600 milhões de euros – três vezes o custo do campo da Juventus, sendo que neste caso os custos serão igualmente divididos pelos dois emblemas interessados.

A verdade é que em Itália há mais casos de clubes que pretendem remodelar as suas casas. Depois de ter apresentado o projeto do novo estádio em 2014, a Roma viu, em fevereiro último, a câmara italiana dar luz verde para o arranque da construção já em 2019. Atualmente a dividir o Olímpico de Roma com a Lazio, o clube que é agora orientado pelo português Paulo Fonseca espera vir a ter casa própria num futuro próximo. Inspirado no Coliseu, o Stadio Della Roma terá capacidade para 53 mil espetadores, com possibilidade de ser ampliado até aos 60 mil lugares.

Tal como AC Milan, Inter e AS Roma, também a Fiorentina quer dar o ar da sua graça, e, para isso, avançou com o projeto do seu novo estádio no primeiro trimestre de 2017. Tal como o Artemio Franchi, onde a equipa joga agora, o novo estádio terá capacidade para 40 mil pessoas, pelo que as grandes novidades prendem-se com os extras: um centro comercial, um hotel, parques de estacionamento e restaurantes.

O novo Camp Nou e Bernabéu Em Espanha também já há clubes a dar provas de não quererem perder este comboio. O Barcelona e o Real Madrid são dois entre os emblemas espanhóis que já deram a conhecer os projetos para os novos estádios. Como confirmou o presidente merengue, Florentino Pérez, a tecnologia será a chave principal deste projeto, que tem as obras avaliadas em mais de 500 milhões de euros, montante aprovado pelos sócios em assembleia geral do clube, realizada em dezembro de 2018. De acordo com o líder máximo do clube espanhol, a remodelação vai tornar o Santiago Bernabéu “num recinto vanguardista”, que irá “ao encontro das exigências dos adeptos”.

O dirigente deixou ainda uma garantia: “Será o melhor estádio do futuro: o mais moderno, confortável, seguro, onde a tecnologia será a chave para que os adeptos vivam novas sensações”. Prevê-se que as obras estejam concluídas em 2023.

Também em Barcelona haverá mudanças: a capacidade de 98 mil pessoas parece não ser suficiente para os blaugrana, que vão, entre outras medidas, criar um novo anel de modo a receber 105 mil no Camp Nou. “É um projeto muito ambicioso mas fará história”, assegurou Josep Maria Bartomeu, presidente dos catalães. Todavia, em Espanha, o pioneiro nesta caminhada foi mesmo o Atlético de Madrid, que abandonou o Vicente Calderón. Os colchoneros, recorde-se, inauguraram o novo estádio em setembro de 2017, o Wanda Metropolitano, depois de em 2013 terem anunciado a construção do novo recinto.