Walk and Talk. Isto ainda agora começou

Walk and Talk. Isto ainda agora começou


Até 21 de julho, muito haverá que andar (e conversar) pela ilha de São Miguel, nos Açores. Para lá das exposições, cinco ideias para percorrer o festival, que arrancou na sexta- -feira para a sua 9.ª edição, com o circuito de arte pública rebatizado como Circuito Ilha.


INAUGURAÇÃO CIRCUITO ILHA Num festival que teve a sua génese na produção e criação de circuitos de arte pública por todo o território micaelense, o circuito de arte pública continua a ocupar um lugar de destaque na programação. Rebatizado a esta edição de Circuito Ilha, o ano em que a curadoria foi entregue ao coletivo de design multidisciplinar The Decorators. À ilha chegaram já no fim de semana os artistas – Clementine Keith-Roach, Inês Neto dos Santos, Practive Architecture, Pedro Lino, Prem Sahib e Rain Wu – que já hão de ter posto mãos à obra para a inauguração do circuito, num percurso que se prolonga entre as 16h e as 22h do próximo domingo.

PARA ALÉM DA PAISAGEM Novidade desta edição são os percursos temáticos pela ilha de São Miguel, com curadoria das Talkie-Walkie, um projeto com sede no Porto, fundado pelas arquitetas Ana Vieira e Matilde Seabra, que desenham programas de viagem para amantes da cultura e das artes. E que para esta terça-feira pensaram o percurso “Para Além da Paisagem”: um olhar sobre a arquitetura de São Miguel com visitas à Quinta da Tília, do arquiteto Pedro Maurício Borges, ao Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas, da dupla Cristina Guedes e Francisco Vieira de Campos e à paisagem industrial em ruína na Costa Norte.

ARRAIAL WALK & TALK Referência para quem já conhece o território e a cultura do arquipélago são as chamadas festas do Espírito Santo, que todos os anos pontuam os domingos que se sucedem ao domingo de Páscoa, até ao sétimo. Recuperando a tradição das festas populares, também a o Walk & Talk monta o seu arraial. Nesta edição, a de 13 de julho, no Pavilhão Walk & Talk (Largo de São João, Ponta Delgada). O acesso é livre, como sempre, e a festa contará com Paco Piri Piri + Las Makinas, os fados de beats de Pedro Mafama, o technobrega de King Kami e, a fechar a noite, Dj Desculpa.

LENTO E LARGO Antes de se lançarem ao arraial, mesmo ali ao lado, a dupla luso-brasileira Jonas&Lander leva ao Teatro Micaelense “Lento e Largo”. Uma performance que, a partir de um ambiente cénico influenciado por Hieronymous Bosch, se equilibra entre o robótico e o humano, na criação daquilo a que chamam um “apocalipse visual”. Com essa  paisagem irreal como fundo, a proposta é a de um processo de socialização entre as duas entidades. Com danças, beijos, ordens e acatamentos à mistura. De igual para igual, numa exploração dos limites do virtuosismo de cada um dos performers. 

BURNING PRICKS Ao Arquipélago – Centro de Artes Contemporâneas, no extremo norte da ilha, o Walk & Talk leva a 18 de julho uma performance de Antonio Branco & Riccardo T. Apresentada como “iconoclasta”, “Burning Pricks” colocará dois indivíduos a interagir “de imagem para imagem, num fluxo de dor, verdade, e hipocrisia”. A partir de leituras de textos políticos e filosóficos ao mesmo tempo que são completados “atos violentos e sexuais” que hão de levar o espetáculo ao território de “uma palestra radical sobre virilidade, feminilidade, sexualidade contemporânea, pornografia, poliamor, e normas de género”.