Operação Nortada. Líder do PSD/Açores suspeito de peculato

Operação Nortada. Líder do PSD/Açores suspeito de peculato


Investigação resultou na constituição de vários arguidos, depois de buscas em diferentes entidades.


A Polícia Judiciária (PJ) realizou hoje várias buscas no âmbito da Operação Nortada que resultaram na constituição de diversos arguidos, entre os quais Alexandre Gaudêncio, presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande, na Ilha de São Miguel (Açores), e líder do PSD/Açores. Em causa estão suspeitas de peculato, participação económica em negócio e corrupção.

A suspeita principal da investigação, de acordo com a revista Sábado, é a contratação do artista brasileiro MC Kevinho para um concerto que ocorreu no dia 15 de abril. O contrato, por ajuste direto, foi assinado três dias antes, no dia 12, e previa que o artista ficava com as receitas de bilheteira, além de receber um pagamento de 123 mil euros – um valor que, como assinala um comunicado do Partido Socialista citado pela Sábado, ultrapassa “o montante máximo estipulado para o regime de ajuste direto”. Para a autarquia, o concerto era uma forma de divulgação e promoção da Ribeira Grande “a nível nacional e internacional”.

Contudo, continua a nota do PS, na altura o contrato “não foi objeto de discussão em reunião camarária”. Os vereadores do PS na autarquia da Ribeira Grande prometiam, no entanto, “solicitar a intervenção das entidades competentes”, face “à gravidade do exposto e perante os fortes indícios e suspeitas relativas a este procedimento”.

De acordo com um comunicado divulgado pela PJ, a Operação Nortada foi desencadeada no âmbito de um inquérito tutelado pelo Departamento de Investigação Criminal de Ponta Delgada de Ponta Delgada, devido à “existência de fortes suspeitas da prática dos crimes de peculato, prevaricação, abuso de poder e falsificação de documentos, em que são intervenientes uma Câmara Municipal e diversas entidades de direito privado”.

No mesmo comunicado, a PJ especifica que ocorreram “cerca de 10 buscas”, realizadas “nos Açores e também numa empresa do Continente”. Os investigadores tiveram como alvos “instalações autárquicas, empresas, residências e viaturas, com vista à apreensão de elementos com interesse probatório”.