Competição.  Os encontros dos cães  “que sempre quiseram correr”

Competição. Os encontros dos cães “que sempre quiseram correr”


Em Portugal são incentivados a correr com um objeto puxado por uma corda. Os eventos acontecem ao fim de semana e mobilizam adeptos e até veterinários.


É quase sempre aos domingos de manhã que os criadores de galgos se reúnem em terrenos, em diversos pontos do norte do país, para porem os seus cães a competir. O ritual não varia muito. Primeiro chegam as carrinhas com atrelados onde os galgos estão acomodados. Na maioria das vezes juntam-se entre dez a 15 criadores de galgos no terreno cedido pela organização. O objetivo é pôr cada um dos animais à prova numa pista com, no mínimo, 50 metros.

“O galgo sempre foi um animal de querer correr”. É assim que António Pereira, membro da Associação Galgueira e Lebreira do Norte, explica a escolha da raça e o que pretendem os donos. Ao i, começa por contar que as semanas passam a um ritmo lento para estes cães e que o domingo é o dia de soltar a energia acumulada. No mesmo recinto juntam-se os criadores, as famílias e ainda os adeptos destas competições.

A entrada é livre e muitas das provas têm o apoio dos municípios onde se realizam.

O entusiasmo em torno destas corridas fica claro também em diversos vídeos, disponíveis no YouTube, onde se podem ver muitos dos cães participantes preparados ao pormenor – alguns com ligaduras nas patas, alegadamente para evitar lesões.

Partida, Largada, corrida Em todos os recintos é visível, na linha de partida, uma espécie de caixotes de metal com uma entrada para que os galgos aguardem pela sua vez. Cada caixote tem a sua cor, assim como cada galgo tem vestida um colete da cor do caixote de onde vai partir.

Os criadores de galgos, ou galgueiros, levam para a linha de partida o animal que consideram mais rápido e o que está mais bem trabalhado para poder vencer. Levantada a bandeira, de cor verde, eis que as portas dos caixotes se abrem e, finalmente, os galgos podem fazer aquilo que os criadores dizem estar no seu sangue. E correm, a velocidades que mais nenhum cão consegue atingir.

São entre dois a seis os galgos que participam numa corrida ao mesmo tempo, numa distância que vai variando consoante as pistas, que podem ir dos 50 aos 200 metros. Saídos dos caixotes, os galgos focam a sua atenção numa perseguição louca a um “plástico de arrasto”, puxado com uma corda até à meta. Este “plástico”, garante fonte da associação, veio substituir animais como o coelho e a lebre, que desempenharam este papel durante anos. E escusado será explicar que o primeiro galgo a cruzar a linha branca desenhada no chão é o vencedor.

Cruzada a linha de chegada, os galgueiros deslocam-se de imediato ao encontro dos seus animais.

Os tempos e o vencedor da corrida são anunciados pelos altifalantes e congratulados pelos donos. Depois disso, os galgos regressam ao atrelado que os transportou, para o merecido descanso.

Há Veterinários no evento Antes da entrada de qualquer veículo com o atrelado cheio de galgos ansiosos é efetuado pelas forças de autoridade um controlo tanto aos proprietários como aos animais, garante António Pereira ao i. Recorda que, ainda no último fim de semana, em Guimarães, estavam dois carros da brigada que mandavam encostar cada um dos veículos que tentava entrar no recinto. Aos condutores eram pedidos os documentos de identificação e os documentos de licença dos animais.

Além disso, cada galgo foi posto fora do atrelado para que as autoridades pudessem comprovar que eram portadores de chip eletrónico obrigatório. Se tudo estivesse dentro da lei, então aí era dada a ordem para que pudessem avançar em direção ao recinto das corridas. E para o caso de algum galgo apresentar alguma lesão após uma corrida, está também sempre presente no local um veterinário.

Corridas em 29 países É um desporto em que os cães da raça Greyhound – mais conhecidos como galgos – são colocados em pistas e que, ao som da partida, são libertados. Em Portugal, os galgos perseguem um objeto artificial puxado por uma corda até à linha de chegada de forma a estimular a sua velocidade, mas não é isso que acontece em todos os países – e não são poucos os Estados onde estas corridas acontecem. Portugal é um dos 28 países em todo o mundo onde têm lugar corridas de galgos. Países como a Austrália, Irlanda, Macau, México, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos têm pistas de corrida profissionais; já em território nacional são pelo menos seis as pistas de corridas, mas todas elas amadoras.

Em Portugal existe inclusivamente um campeonato nacional de corridas de galgos que conta com um calendário de várias provas durante o ano, em diferentes pontos do país, e com a participação de vários galgueiros.