CDS quer rankings de empregabilidade na formação

CDS quer rankings de empregabilidade na formação


Centristas querem liberdade de escolha porque a “formação profissional está completamente desajustada da procura da indústria exportadora”


O CDS quer reformular as regras para a formação profissional ao longo da vida e propõe, por exemplo, que as modalidades de formação profissional, propostas pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) e pelos centros de formação (protocolados com o Estado e entidades ligadas às associações empresariais), sejam alvo de um ranking anual que faça a avaliação tanto da taxa de empregabilidade como da “remuneração média do primeiro emprego”.

A ideia consta das linhas gerais do projeto de programa eleitoral do CDS para as legislativas de outubro e tem como objetivo reformar o sistema de formação ao longo da vida para aumentar a liberdade de escolha dos formandos e das empresas, além de apostar também na chamada economia digital.

Conforme explicou ao i, o coordenador do programa eleitoral do CDS, Adolfo Mesquita Nunes, “a formação [profissional ao longo da vida] não se confunde com graus académicos e estamos a descurar isso”.

Para o efeito, o CDS começa por defender a redefinição do catálogo nacional de qualificações para se perceber as necessidades do mercado laboral e a criação de uma task force entre o IEFP, centros de formação profissional, parceiros sociais e instituições do ensino superior para avançar com o processo.

Além disso, é preciso definir um plano de formação para a economia digital para acautelar a reconversão profissional no mercado laboral e desenvolver o cheque-formação, para permitir aos formandos (empregados e desempregados) maior liberdade de escolha, uma ideia também para ser aplicada junto das empresas que recorrem a este apoio do Estado.

Neste processo “tem de haver rankings de empregabilidade quer dos cursos, quer dos centros de formação, porque é a forma mais rápida de adequarmos a oferta à procura da economia”, acrescentou ao i Adolfo Mesquita Nunes.

Os centristas querem proibir ainda qualquer cativação financeira na área da formação – o parente pobre, segundo o CDS.

No que toca à utilidade dos rankings, o também ex-vice-presidente do CDS considera que a medida permite aos “centros oferecerem formações direcionadas para o emprego e não apenas para ter ou ocupar os formadores. Depois vai permitir ao Estado financiar o que está a ter mais procura [na economia]”.

Nas propostas dos centristas prevê-se ainda o investimento na atualização de formadores e um acesso mais célere a fundos de apoio aos centros de formação com melhor avaliação nos rankings, além da publicação de dados sobre os graus de empregabilidade por profissão e respetivas médias de vencimentos (a cargo do IEFP). Esta é, segundo o CDS, a fórmula para combater a precariedade, apostar na indústria exportadora e acautelar aumentos salariais.

“Não podemos continuar a ter uma formação profissional que está completamente desajustada da procura da nossa indústria. Não é possível continuar assim. E não é possível continuar com a formação que não está preparar as pessoas para a economia digital. Ou atuamos já ou as empresas começam a não vir para cá porque não encontram mão-de-obra qualificada”, concluiu Adolfo Mesquita Nunes.

O CDS está a apresentar quase todas as semanas um tema para inscrever no programa eleitoral, e a líder, Assunção Cristas, assumiu, em entrevista à SIC Notícias, que a meta centrista é superar os 18 mandatos atribuídos nas legislativas de 2015. “Não sei se vai acontecer ou não, eu espero que sim”, afirmou a presidente do CDS.