A Comissão Executiva do Conselho de Administração da TAP, presidida por Antonoaldo Neves, deveria ter sido ouvida ontem no Parlamento, mas uma “reunião inadiável” com a Airbus fez com que a audição fosse adiada, sabe o i. Esta deverá ser reagendada para 10 de julho, estando a nova data à espera de confirmação por parte da companhia aérea, apurou o i.
Este órgão tinha sido chamado pelo Bloco de Esquerda à Comissão de Economia, Inovação e Obras Públicas, com o objetivo de esclarecer a situação financeira da companhia aérea portuguesa. Esta audição surge no seguimento da divulgação dos prémios milionários pagos pela TAP aos seus administradores. Como o i noticiou no início do mês, a operadora pagou prémios de 1,171 milhões de euros a 180 pessoas. Os prémios variaram entre os 10 mil e os 110 mil euros – Por exemplo, o administrador da companhia aérea Abílio Martins, ex-braço direito de Zeinal Bava na PT e na Oi, recebeu o prémio máximo.
Recorde-se que, no ano passado, a TAP registou prejuízos de 118 milhões de euros. “O ano de 2018 foi difícil para a TAP quer em termos operacionais, quer em termos económicos e financeiros”, chegou a admitir o presidente do conselho de administração da TAP, Miguel Frasquilho, que, em comunicado, disse que “se opunha em absoluto à atribuição dos prémios”.
Também a própria compra da TAP deverá estar em cima da mesa no Parlamento. Tal como o SOL avançou Neeleman conseguiu em 2015, com a troca da encomenda de 12 aviões A350, cujo valor da pré-encomenda já tinha sido pago pela companhia portuguesa, por outra de meia centena de aviões dos modelos A320 neo e A330 neo encaixar 70 milhões de euros dados pela Airbus, uma espécie de pagamento por custo de oportunidade, dado que o fabricante de aviões teria clientes para os A350 que iriam pagar mais do que o valor pelo qual a TAP tinha opção de compra.
O estranho caso dos enjoos Esta reunião com a Airbus surge um dia depois de ter sido revelado o alegado mistério dos enjoos nos voos da TAP. Vários passageiros e tripulantes que faziam viagens de longo curso nos A330-900neo – aeronaves novas fabricadas pela Airbus – queixaram-se de enjoos, má disposição e vómitos. Segundo confirmou ao i Luciana Passo, presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), o primeiro caso foi registado em fevereiro – ao todo, já foram contabilizadas situações em 14 voos.
Tripulantes da TAP ouvidos pelo i dizem que alguns “já vão voar com medo” e que são os supervisores das equipas que estão a dar o alerta sobre o que devem fazer: “Se sentirmos um cheiro a queimado ou mais intenso, devemos avisar logo”.
Em comunicado, a TAP garantiu que “nunca colocaria os seus clientes e trabalhadores numa situação de risco para a sua saúde”, admitindo, no entanto, que foram “detetados alguns odores provenientes do equipamento de ar condicionado”, explicando que este “é um fato considerado normal em aeronaves novas e que desaparece logo após as primeiras utilizações”.
“Todas as análises feitas pela Airbus com o apoio de laboratórios independentes indicam que os parâmetros de qualidade do ar estão dentro do normal na indústria”, refere a companhia aérea, acrescentando ainda que os testes realizados tanto pela TAP como pela Airbus não permitem estabelecer “qualquer correlação entre estes episódios e uma hipotética, mas não demonstrada, deficiência na circulação e renovação de ar”.
A TAP foi a primeira companhia aérea do mundo a voar com o A330-900neo. A operadora já tem uma dezena destes modelos e irá receber outros 11.