“Onde é que os portugueses querem ver os seus impostos investidos?”


O que chamar a pedidos de contratação pendentes durante meses? 


Na semana passada, num discurso assertivo no encerramento de uma conferência organizada pela Convenção Nacional de Saúde, a bastonária dos farmacêuticos elencou em poucos minutos alguns dos problemas do SNS, “a joia da coroa” que “dá sinais de cansaço”. Vale a pena ouvir, numa altura em que o estado da saúde também dá sinais de se tornar uma das principais armas de arremesso eleitoral e de crescente conflito partidário. Como se os problemas, da falta de médicos e enfermeiros nos hospitais – mesmo nos mais diferenciados, onde não se devia estar a discutir um plano para o verão a dias de julho – às listas de espera que acentuam desigualdades sociais e ao estado obsoleto de equipamentos, pudessem ser fruto de uma única legislatura. Ana Paula Martins sublinha a certa altura que, em Portugal, a despesa per capita em saúde é menos de metade da média da UE e coloca o subfinanciamento da saúde como um dos principais erros e desafios para o futuro. “Corresponde a uma opção política que tem vindo a ser sucessivamente concretizada por quem olha para a saúde como despesa, e não como investimento que torna o país economicamente mais viável. É altura de perguntar aos portugueses onde querem ver o dinheiro dos seus impostos investidos”, apela. “Ou os outros países andam a desperdiçar dinheiro ou continuamos incapazes de reconhecer que o investimento na saúde transforma a sociedade”. Não há cativações no SNS, insiste, neste final de ciclo, Mário Centeno. O que chamar a pedidos de contratação pendentes durante meses? Em abril do ano passado, numa conferência em Coimbra, Marcelo, numa intervenção também incisiva, defendeu que perante uma ansiedade constante e o galope das expetativas, o setor precisa de informação correta, lucidez analítica, capacidade de decisão “para que não se adie o inadiável” e serena esperança. A ansiedade vai ficando maior