TAP. Primeira queixa de enjoo e vómitos foi feita há quatro meses

TAP. Primeira queixa de enjoo e vómitos foi feita há quatro meses


Fonte da tripulação da TAP revelou ao i que alguns membros já têm medo de fazer viagens de longo curso.


Desde fevereiro que o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) recebe queixas de indisposições por parte de tripulantes dos aviões Airbus A330-900neo operados pela TAP. Fonte da tripulação da companhia aérea diz que muitos já têm medo de fazer viagens de longo curso nestas novas aeronaves. A garantia foi dada ao i por Luciana Passo, presidente do SNPVAC.

Ontem, a TSF avançou que vários passageiros e tripulantes que viajaram no Airbus A330neo se queixaram de má disposição, enjoos e vómitos. Os casos foram reportados à Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC), que confirmou àquela estação de rádio que está a trabalhar com a companhia aérea para perceber o que está na origem do problema.

Luciana Passo confirmou que foram registadas situações desta natureza “em 14 voos”. “Já tínhamos conhecimento que isto estava a acontecer. A primeira queixa foi feita em fevereiro. O que é facto é que, à medida que o tempo foi aumentando, o número de casos foi subindo”, explicou a responsável.

Assim que teve conhecimento do que se estava a passar, o sindicato exigiu explicações tanto à TAP como à Airbus. Os dirigentes sindicais até foram a Toulouse, à sede da fabricante de aeronaves, “para os engenheiros tentarem explicar o que se estava a passar com os aviões e quais as medidas que estavam a ser tomadas. Ficámos a aguardar que fossem tomadas iniciativas para que este mal-estar e estes eventos deixassem de existir. Não deixaram”, disse ao i Luciana Passo.

“Foi-nos dito que estavam a fazer testes e medições, e que nada estava fora dos parâmetros da legalidade. Nós não temos como questionar e não queremos colocar em causa o que nos foi dito. O que é facto é que os eventos se mantêm”, acrescenta a responsável.

A TAP já admitiu que podem ter sido “detetados alguns odores provenientes do equipamento de ar condicionado”, explicando que este “é um fato considerado normal em aeronaves novas e que desaparece logo após as primeiras utilizações”, disse em comunicado.

“Todas as análises feitas pela Airbus com o apoio de laboratórios independentes indicam que os parâmetros de qualidade do ar estão dentro do normal na indústria”, refere a companhia aérea, acrescentando ainda que os testes realizados tanto pela TAP como pela Airbus não permitem estabelecer “qualquer correlação entre estes episódios e uma hipotética, mas não demonstrada, deficiência na circulação e renovação de ar”.

Recorde-se que a TAP foi a primeira companhia aérea do mundo a voar com o A330-900neo. A operadora já tem uma dezena destes modelos e irá receber outros 11.

A TSF revela que houve até pilotos que foram afetados por este problema. O i contactou o Sindicato de Pilotos da Aviação Civil (SPAC) para confirmar esta situação e perceber se se tratou de um caso único, mas o sindicato preferiu não comentar. O i sabe que, de facto, o problema também afetou o cockpit: “Os pilotos sentiram, na altura, olhos e garganta irritados”, explicou uma fonte da TAP. Nesse voo, várias pessoas tiveram de sair do avião com as máscaras de oxigénio.

Outra fonte da tripulação da companhia aérea ouvida pelo i diz que algumas pessoas já têm receio de levantar voo: “Há pessoas que já vão voar com medo. Há quem diga que até pode afetar a capacidade mental. Os supervisores dizem para estarmos atentos aos sinais. Se sentirmos um cheiro a queimado ou mais intenso, devemos avisar logo”.

Na nota emitida ontem, a TAP garante que “nunca colocaria os seus clientes e trabalhadores numa situação de risco para a sua saúde”.

Antonoaldo no Parlamento O presidente da TAP, Antonoaldo Neves, vai ser ouvido hoje no Parlamento sobre os prémios milionários atribuídos a 180 pessoas. A operadora portuguesa pagou em prémios 1,171 milhões de euros, apesar de ter registado um prejuízo de 118 milhões de euros no ano passado.

Como o i noticiou, o administrador da TAP Abílio Martins, ex-braço-direito de Zeinal Bava na PT e na Oi, recebeu 110 mil euros. O mesmo valor foi recebido pelo chief revenue officer da TAP, Elton D’Souza.

A TAP justificou a atribuição dos prémios com um “programa de mérito” – Antonoaldo Neves disse até que “esse plano de prémios poderia até ter sido maior se a empresa tivesse gerado lucro, e não tem nada de errado com isso”.

O Governo assumiu outra postura, falando numa “quebra de confiança”: “Este procedimento por parte da comissão executiva da TAP constitui uma quebra da relação de confiança entre a comissão executiva e o maior acionista da TAP, o Estado português”, disse o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos.