Não é uma, nem duas, nem três: já são 11 as medalhas conquistadas por Portugal nos Jogos Europeus (duas das quais de ouro) e podem vir a ser ainda mais. Em cinco dias de competição – que ainda vai durar mais quatro, até domingo – em Minsk, a capital da Bielorrússia, já foi melhorado o pecúlio conseguido há quatro anos em Baku, Azerbaijão (dez medalhas, três delas de ouro, e um 18.o lugar final entre 50 países).
Mas o que são, afinal, os Jogos Europeus? Pois bem: trata-se de um evento multidesportivo ao estilo dos Jogos Olímpicos mas apenas para atletas europeus, criado em 2012 pelos Comités Olímpicos Europeus (EOC). Esta é a segunda edição; a primeira realizou-se em 2015, na já referida cidade de Baku, no Azerbaijão. Aí foram 30 as modalidades em competição; desta feita, o número reduziu-se para metade: saíram todos os desportos aquáticos (natação, polo aquático, saltos para a água e natação sincronizada), BMX, BTT, esgrima, voleibol (de praia e de pavilhão), taekwondo e triatlo.
Em 2015, duas das dez medalhas conquistadas por Portugal foram precisamente em taekwondo (Rui Bragança, ouro, e Júlio Ferreira, bronze) e triatlo (João Silva, prata). Por essa razão, antes do arranque desta edição, o presidente do Comité Olímpico de Portugal, José Manuel Constantino, dizia ao Público que seria “complicado” repetir o desempenho da edição inaugural.
O ouro… e o bronze que parece ouro A verdade é que os atletas portugueses já conseguiram, mais do que repetir, melhorar o desempenho nacional. É certo que há um ouro a menos, mas os sinais são muito positivos. Portugal está em Minsk a competir em 13 modalidades: atletismo, badmínton, futebol de praia, canoagem, ciclismo (estrada, contrarrelógio e pista), ginástica (artística, trampolins, aeróbica e acrobática), judo, karaté, lutas amadoras, tiro, tiro com arco, tiro com armas de caça e ténis de mesa, num total de 99 atletas.
Rui Baptista deu, na passada sexta-feira, o tiro de partida – literalmente, pois falamos de um praticante de tiro com arco -, e as primeiras medalhas chegaram logo no dia seguinte. Bárbara Sequeira, Francisca Maia e Francisca Sampaio Maia conquistaram o bronze na ginástica acrobática, na prova de equilíbrio, conseguindo poucas horas depois a prata no exercício dinâmico – a que juntaram outra prata no domingo, desta feita no exercício combinado.
No mesmo dia, o primeiro ouro: Carlos Nascimento venceu a prova dos 100 metros, que nesta edição se disputaram num formato novo – a “versão hip-hop do atletismo”, como lhe chamava o site oficial da competição, em que deixa de haver eventos a decorrer em simultâneo: as nove provas disputam-se em quatro séries de qualificação, cada uma delas a envolver seis selecções, que somaram pontos em função dos resultados para uma classificação que deu o apuramento para as meias-finais, com a organização a atribuir medalhas em cada prova e também pontos a contar para a competição por equipas. “O Dynamic New Athletics é o resultado de três anos de investigação e desenvolvimento num esforço da Federação Europeia de Atletismo para conquistar a atenção de uma geração mais nova, habituada a assistir a eventos desportivos de forma inteiramente diferente dos seus pais”, explicava o site da prova. O atleta português fez apenas uma corrida, sendo depois informado de que foi o mais rápido de entre os atletas das quatro séries de seis equipas que competiram todo o dia, ficando assim no primeiro lugar, com o tempo de 10,35 segundos.
Além de Carlos Nascimento, também a equipa de estafeta mista que correu os 4×400 metros, constituída por Ricardo dos Santos, Cátia Azevedo, João Coelho e Rivinilda Mentai festejou uma medalha – no caso, bronze. Tal como Telma Monteiro, que defendia o ouro conquistado em Baku. “As pessoas dizem bronze, mas eu vejo ouro. São 13 medalhas seguidas”, sublinhou, após a prova, a judoca de 33 anos, lembrando que no judo – tal como no boxe -, os Jogos Europeus valem como Campeonato da Europa, razão pela qual Portugal se tornou vice-campeão europeu na competição mista, depois da prata obtida terça-feira.
A competição conta também como uma etapa no apuramento olímpico em alguns dos desportos, como a canoagem ou o ténis de mesa: um trunfo capitalizado da melhor forma por Fernando Pimenta e Fu Yu. O canoísta, medalha de prata em K1 1000m e K1 5000m em Baku, voltou a terminar ontem em segundo no K1 1000 metros, tendo hoje, a partir das 14h30 portuguesas, a oportunidade de assegurar o ouro nos 5000 – é, recorde-se, campeão do mundo em ambas as distâncias; já a mesatenista de 40 anos, bronze em 2015, assegurou o apuramento para os Jogos Olímpicos do próximo ano em Tóquio ao garantir um lugar na final do torneio bielorrusso, acabando depois por fazer ainda melhor e conseguir o ouro ao bater a alemã Ying Han por 4-2 na final.
Futebol de praia dá esperança Falta falar da prata de Nélson Oliveira no contrarrelógio individual de ciclismo de estrada e no bronze de Diogo Ganchinho na prova de trampolins, ambos conquistados na terça-feira. Em competição hoje estarão a canoagem, o ciclismo em pista, a ginástica artística, o ténis de mesa por equipas e também o futebol de praia. A seleção nacional, medalha de bronze em 2015, venceu ontem a Roménia por 8-2 na segunda jornada do grupo A, depois de ter entrado na prova com uma derrota frente à Suíça (1-3, após prolongamento, depois do 1-1 no tempo regulamentar), e tem agora de bater a equipa da casa – seguem para as meias-finais, a realizar esta sexta-feira e sábado, os dois primeiros classificados.
Em termos organizativos, as receitas terão ficado aquém das expetativas iniciais dos responsáveis bielorrussos – que terão gasto cerca de 100 milhões de euros para acolher a prova, mais do dobro do projetado inicialmente. Ainda há bilhetes à venda para a cerimónia de encerramento e os cerca de 30 mil turistas esperados durante o período da competição não chegam para compensar, nem de longe, o valor gasto na organização do evento.